Quem vai casar com a Carochinha?
Pacotinhos de Noção
A Carochinha vai para o seu quarto casamento. Não é viúva. Todos os seus "ex-" estão muito bem vivos.
Casou apaixonada, por um homem estudado e garboso. Parecia até artista de cinema e a Carochinha andava toda vaidosa. Os primeiros anos foram maravilhosos, mas depois veio a desgraça.
Aquele, que outrora fora o seu príncipe a cavalo, agora mais não era que o cavalo. Dava-lhe coices a torto e a direito, e tratava-a muito mal. Mas ela nada fazia porque achava que era amor. Levava porrada todos os dias, mas ele dizia-lhe que era assim, e que as coisas haviam de melhorar. Até que um dia chegou a polícia e trancou o bandalho do marido.
A magoada senhora não ficou sozinha muito tempo. Juntou-se a outro tipo que prometeu que trataria dela. E de facto tratou.
Curou-lhe as feridas, arrumou-lhe a casa e até a tratava bem.
Não era romântico como o primeiro marido. Era mais para o pragmático, e não era um tipo expansivo.
Carochinha não recebia um único elogio por este marido. Dava-lhe segurança, ainda que com limitações, mas era segurança, só que as saudades do primeiro eram mais que muitas. Era um malandrão, mas era tão lindinho.
Passado pouco tempo, um dos grandes amigos do primeiro marido, começou a rondar a Carochinha.
Não tão bonito como o seu "ex-", mas prometia mundos e fundos. Dizia tudo aquilo que ela queria ouvir e ainda por cima era bonacheirão. Foi deixando de lado o segundo marido, mas não o mandou embora de fora abrupta... Deixou que fosse este novo pretendente a fazê-lo. Juntou-se a um bando que tinha, e deu um pontapé no traseiro do segundo marido da Carochinha.
Tudo se transformou num mar de rosas.
Carochinha passou a ser tratada como uma rainha e tinha tudo o que queria, ou pelo menos se não tinha, o novo marido prometia-lhe que teria.
Passou algum tempo e a história repetiu-se. A Carochinha voltou a levar no focinho como gente grande, mas foi sempre relevando. Afinal de contas ele até é um bom marido, só lhe bate quando é preciso, quando toma um copito, ou quando quer mostrar aos amigos, que tem na Europa, que na casa dele, quem manda o macho, ou os amigos, caso queiram.
A mulher levava, e levava, e levava, mas sempre que alguém lhe perguntava ela dizia que o marido era bom. Chegaram a dizer-lhe para ter cuidado, que o marido tinha um amigo que fuma daqueles cigarros que fazem rir, mas nunca ri. Só isso já mostra como pode ser perigosa essa pessoa.
Ela não quis saber, e sempre defendeu o marido, e acobertou as trafulhices que ele fazia. Escusado será dizer que deu asneira.
Descobriu-se que o marido fazia parte de um gangue de malfeitores, e o tipo, antes dos calos apertarem, pôs-se ao fresco. Não sem antes dar mais uma saraivada de porrada à mulher, com a célebre frase "isto dói-me mais a mim do que a ti, mas é preciso".
Carochinha ficou desfeita. É uma inapta que não sabe estar sozinha e anda sempre à procura do próximo marido que a trate mal.
As ofertas agora estão mais limitadas, e alguns dos homens são do tipo que não toma banho, mas como são popularuchos, e também dizem aquilo que a mulher quer ouvir, têm subido na sua consideração.
É então que de repente se faz luz e
Carochinha vê uma cópia do primeiro marido. Também este é um anjo grisalho, e dizem que tem um feitio difícil. A ela não lhe interessa, pois faz um vistaço e tem potencial para também lhe dizer tudo aquilo que ela quer ouvir. Se depois vai fazer ou não, é-lhe um bocadinho indiferente, desde que lhe dê umas valentes lambadas nas ventas, conforme fazia o seu primeiro homem.
Com esta história toda a conclusão a que chegamos é de que afinal a Carochinha apanhava, e apanha, mas pelos vistos até gosta, porque acaba sempre por ir parar aos braços daquele que pior a tratar. Não consigo perceber se é masoquismo, ou se é estupidez, aquilo que consigo perceber é que a Carochinha não quer ser ajudada. Está emancipada, vai em Abril fazer 50 anos, mas a verdade é que nunca chegou a ser dona de si própria, porque em 50 anos, 25 foram com homens a maltrataram. É uma burra do caraças e esta história da Carochinha já enerva, de tão repetitiva.