Ídolos... Nunca tive
Pacotinhos de Noção
Um ídolo é alguém que adoramos acima de tudo, que achamos que tudo o que faz é perfeito e colocamos num pedestal.
Considero que nunca tive porque tenho a consciência de que posso admirar o trabalho mas a possibilidade da personalidade do artista não corresponder aquilo que imagino é muito alta.
As minhas memórias televisivas mais antigas têm em Carlos Cruz uma personalidade muito marcante. Quer pela inteligência, quer pelo sentido de humor, o profissionalismo e o à vontade em frente das câmeras.
O "1,2,3" sem Carlos Cruz nunca foi o mesmo, não há dúvidas de que o "Quem quer ser milionário" não teve melhor apresentador que ele, o "Ideias com história" era interessante e instrutivo e as "Noites Marcianas" só com o Sr.Televisão funcionaram bem.
Na década de 90 podemos agradecer à sua produtora pérolas como "A Roda da Sorte" com o Herman José, e "O Preço Certo", que não tirando o mérito a Fernando Mendes, teve na de Carlos Cruz a melhor versão.
Em relação ao tema do processo Casa Pia...
Em 2003, com 21 anos, fiquei com dificuldades em acreditar. O processo foi-se arrastando e foram aparecendo e desaparecendo personagens com uma facilidade impressionante o que para mim significava um processo alicerçado em estacas podres e corroídas. Carlos Silvino (Bibi) já disse que Carlos Cruz não esteve envolvido em nada, supostas vítimas também já afirmaram o mesmo, o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem já deu razão a Carlos Cruz, confirmando aquilo que ele sempre disse, que tinha provas da sua inocência mas que nunca foram aceites pelos tribunais portugueses, não lhe permitindo assim uma defesa consistente. Não ponho as mãos no fogo por ninguém, ainda mais por alguém que não conheço, mas há quem o conheça. A filha Marta Cruz, com quem me cruzo várias vezes mas a quem nunca tive a coragem de me dirigir para lhe pedir para servir de intermediário na tentativa de conhecer o seu pai, conhece-o profundamente e não dúvida da sua índole. As suas ex-mulheres, Raquel Rocheta e Marluce, são ex, não precisariam de dar a cara por ele, tomar as suas dores, mas são as primeiras a defendê-lo...
Depois há a luta de um homem que já cumpriu pena mas que se fosse culpado, saindo cá para fora tentaria abafar o caso, mas Carlos Cruz não, Carlos Cruz continua a tentar limpar o seu nome e a sua honra. Talvez não pelos seus, não por si, que têm como concreto que tudo foi um processo vergonhoso, mas para todos aqueles que admirando a pessoa, ficarão sempre com um pé atrás. Nesta luta desigual Carlos Cruz não tem ganho nada. Perdeu estatuto, perdeu dinheiro, perdeu liberdade, perdeu saúde. Conseguindo provar a sua inocência muito difícilmente conseguirá recuperar alguma destas coisas, mas terá a honra, perante os outros, imaculada.
Mas cada um com as suas ideias e convicções e não pretendo converter ninguém.
Conforme iniciei este post, repito. Nunca tive ídolos, mas Carlos Cruz é talvez do mais próximo a isso que posso ter. Ele, Júlio Isidro, Hermam José... Tudo pessoas inteligentes e que passar umas horas com eles, absorvendo as suas histórias de vida, me fariam sentir mais rico. Eles deviam ser as pessoas que inundariam os nossos canais com conteúdos e a quem deveriam ser entregues as apresentações desses programas. Infelizmente não são eternos e devíamos voltar a usufruir já dos seus talentos e conhecimentos para não lamentarmos já cá não estarem, como lamentamos com personalidades como Nicolau Breyner, Fialho Gouveia, Raúl Solnado, António Feio, entre outros.
Em relação a Carlos Cruz sublinho, não meto a mão no fogo por ninguém, mas dava-lhe um abraço sentido.