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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

30
Dez21

Nem bom nem mau, antes pelo contrário


Pacotinhos de Noção

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Já li várias críticas ao filme Don't Look Up. Umas eram muito favoráveis, afirmando ser um filme espectacular, e outras eram não tão favoráveis, dizendo que de comédia tinha pouco, e que era uma desgraça.

Agora a opinião que conta, a minha.

Primeiro devo dizer que é um filme Netflix, e logo aí a minha expectativa fica em níveis muito baixos. Isto não é preconceito, é apenas constatação de um facto.

A empresa lança filmes em catadupa, e como qualquer indústria que visa a quantidade, na maior parte das vezes a qualidade fica muito aquém.

Podem argumentar que todos os grandes artistas estão na Netflix. Claro que estão. Pagando o preço que eles querem, até filmes de Bollywood faziam.

Se as lojas dos chineses pagassem bem por publicidade, também não seriam lojas dos chineses, seriam o El Corte Inglês.

Este filme não vale pela história, pela comicidade, nem pelo desempenho dos actores, que tem em DiCaprio a estrela da companhia. Don't Look Up tem na sátira e na crítica social e política, a sua arma diferenciadora.

Gostaria que transportassem as jogadas políticas, existentes no filme, para a realidade portuguesa e vão perceber o paralelismo que se vislumbra com o que agora se passa com o nosso destituído Governo.

As eleições estão à porta e agora a luta contra a Covid não é uma luta contra o vírus e sim uma pura demonstração de marketing político populista.

As medidas implementadas são como o enorme braço de um pai ausente, que só passa pelos ombros do filho, quando lhe quer pedir que vá ao frigorífico buscar uma cerveja e lhe pede que se mantenha caladinho, para o pai poder ver a bola. É como aquele pavão vaidoso, que não serve para nada, mas que para se fazer notar abre aquele leque grande e colorido.

As jogadas políticas que vemos no filme não foram inventadas para nos entreter. Aliás, no início do filme deveriam ter escrito um pequeno prólogo a informar que "ESTE FILME É BASEADO EM RASTEIRAS POLÍTICAS REAIS".

Temos também todos aqueles estereótipos dos jornalistas bacocos que nada levam a sério. Há uns anos não teríamos como identificar estes "jornalistas", mas agora basta ligar a televisão na TVI, logo de manhãzinha e ver o que por lá se passa. Risinhos amarelos e piadas sem graça nenhuma, mas que geram gargalhadas estéreis, necessárias para que em casa pensem no quão hilariante está a ser a manhã, num programa que, para os velhotes, sempre foi uma pasmaceira, porque eram blocos noticiosos onde teimavam em dar notícias.

Temos a crítica ao tipo de esquerda, que venera a bíblia, e até temos a crítica ao pessoal contra o glúten, a carne e a lactose.

É um filme que por um lado me agrada, por criticar coisas que estão cada vez mais enraizadas na sociedade e que me incomodam, mas por outro lado, também me desagrada, e exactamente pelo mesmo motivo.

Não vou contar o final, mas posso dizer que o resultado é a consequência do pouco caso feito acerca da descoberta efetuada pelos cientistas, interpretados por Leonardo DiCaprio e Jennifer Lawrence, e também aqui 

existe uma crítica ao facto de estarmos tão centrados no "eu" e no "meu" e tudo o que esteja à volta é apenas poeira.

Querem uma comédia para rir que nem uns doidos? Então esqueçam, este não é o filme.

Querem um filme com diálogos profundos e espectaculares? Também não é este filme.

Conta com boas atuações, mas nada que chegue para ser sequer apontado a prémios de cinema ou algo que se pareça.

É um filme inteligente, que nos faz pensar e comparar com a realidade do dia-a-dia. Vai mudar mentalidades? Dificilmente, mas pode ser que limpe alguma névoa mental.

28
Dez21

Eurico Ferro


Pacotinhos de Noção

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Não é um homem bonito, não vos pediu ajuda porque tinha uma qualquer doença rara, não participou num crime de ódio ou racismo nem se sabe se batia ou não na mulher, por isso a sua história não foi partilhada nas redes sociais.

De facto pouco sabemos de Eurico Ferro. Sabemos que já foi bombeiro voluntário e trabalhava agora  como motorista de longo curso. Um trabalho que não se faz por gosto e sim por necessidade. É um trabalho duro, em que se está muitas horas ao volante de um grande camião e em que muitas vezes se sai de casa sem saber bem quando se volta. Eurico não volta mais.

A história de Eurico não tem os ingredientes necessários para ter o brilho e o destaque do Instagram. Como já disse a sua imagem não seria das mais apelativas e por mais que se diga que o interior é que conta não é o interior que nos aumenta as visualizações.

Em jeito de brincadeira, e como consequência das notícias mais recentes, os motoristas passaram a ser culpados de tudo e ainda estou à espera de ler algum tipo de comentário que afirme que a morte de Eurico Ferro é apenas consequência da sua pouca empatia para com os migrantes que lhe tentaram invadir o camião.

Foi o que três migrantes tentaram fazer em França, perto de Calais, com o intuito de atravessarem o Túnel da Mancha, para seguirem rumo ao Reino Unido. O motorista não o permitiu e a consequência foi uma paulada na cabeça que haveria de se complicar, desencadeando um ataque cardíaco fatal, no ex-bombeiro.

O homem morreu e deixou uma família que sustentava. Não vi ainda nenhuma palavra de uma qualquer autoridade governamental e todas as associações e partidos que defendem os migrantes com unhas e dentes, também não vieram dizer de sua justiça.

A luta dos migrantes por uma tentativa de vida melhor é algo que deve ser acompanhado e apoiado, mas não podemos também tapar o sol com a peneira e romantizar a situação, quando sabemos das mortes de pessoas que atravessam o mediterrâneo em cascas de noz, transportando quase sempre crianças.

Não digo que o façam por gosto e não digo que não se justifica que fujam dos seus países. Aquilo que digo é que a tentativa de bem-estar deles não pode levar a que tirem a vida a alguém com a mesma facilidade com que se come uma peça de fruta. Tentavam atravessar o Túnel da Mancha de França para o Reino Unido, não do país que temiam para um que os salvaria, porque salvos já estavam. O problema, que também é real, é que muitos destes migrantes são também apenas homens que querem vir para um país na Europa, de preferência rico, para que assim consigam um emprego onde consigam ganhar mais. No final das contas o objectivo deles é o mesmo que era o de Eurico, mas Eurico, para atingir os seus objectivos, não matou ninguém.

28
Dez21

A máfia dos auto testes


Pacotinhos de Noção

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Chico-espertismo.

O português tem o velho costume de pensar que esta é uma definição só própria da nossa nação, contudo não é.

O chico-espertismo é algo mundial e está inerente à condição humana. Seja na China, na Rússia ou no Cazaquistão, será sempre fácil encontrar um Chico-Esperto. Aquilo que já será um pouco mais raro em termos mundiais, é o que por cá temos e que parece que vai sendo uma definição cada vez mais comum e é o Chico-Esperto-Burro.

Estamos numa altura em que todos precisamos de auto testes para o COVID.

A Omicron espalha-se mais depressa que piolhos numa escola primária e quem não tem testes quer ter, e os que já têm querem ter mais ainda, para juntar aos 500 rolos de papel higiénico que lhes sobrou ainda do início da pandemia. Até aqui tudo bem, mas como a procura é muita, os testes são já coisa rara, e encontrar sítio que tenha é o mesmo que encontrar um abstémio num qualquer Café Central de aldeia.

Como todos conhecemos alguém que trabalha, ou que conhece alguém que trabalha numa qualquer farmácia, super ou hipermercado, tratamos de mexer os cordelinhos para conseguir garantir que nos guardam alguns testes. Aqui é o Chico-Espertismo a trabalhar. O Chico-Espertismo-Burro é aquilo a que hoje presenciei.

Devo dizer que não nutro antipatia de qualquer espécie, por quem trabalhe como caixa de supermercado. É um trabalho honesto e necessário, como tantos outros, e havendo brio e respeito por aquilo que se faz, então a minha admiração é total. Agora, quando vejo idiotas, de unhas de gel estupidamente grandes, que não levantam os adiposos glúteos da cadeira onde estão, nem para chegar à máquina do Multibanco, e que parece que estão deitadas em cima do tapete rolante, então aí a minha antipatia é total. E tem razão de ser, pois quase sempre as filas em frente às caixas destas tipas são as mais compridas do supermercado. Incomoda-me também ter que ouvir, por entre o registo de um iogurte grego e uma alheira de Mirandela, as constantes lamúrias de uma descontente com as folgas trocadas ou, porque o dia nunca mais acaba.

Hoje, uma destas pessoas, enquanto atendia os clientes, ia rabiscando furiosamente um cartão mal-amanhado, com uma orgia de números de tal ordem importante que só isso poderia justificar a paragem do trabalho que desempenhava, para escrever os tais números, quando um colega aparecia e lhe sussurrava qualquer coisa.

Quase chegando a minha vez, fiquei então a perceber do que se tratava.

Aquela lista com números era a quantidade de testes que os colegas pediam-lhe que guardasse, para lhes vender mais tarde.

Havia encomendas para todos os gostos, sendo que as mais baixas eram de 4 testes e a mais alta que vislumbrei foi de 10.

Chegando a minha vez decidi perceber até que ponto chegaria o descaramento e pedi um teste de COVID. A senhora da caixa afirmou que nesta altura testes de COVID "são mais difíceis de encontrar do que petróleo", informação esta que o labrego, e mal-educado colega, não devia ter conhecimento, pois interrompeu o meu feliz desfile de compras pela passadeira ao ir perguntar à Paula "se ainda tinha testes", tendo ela respondido um seco e envergonhado "calma, depois falamos".

Eu até percebo que o facto de se ter acesso aos testes permita-lhes conseguirem terem-nos quando outros não os têm, aquilo que já me custa mais admitir, e é isso que apelido de Chico-Espertice-Burra, é o de não o conseguirem fazer de forma a que os clientes não percebam que se está ali a passar uma transacção de produtos racionados, que não chegam ao cliente, mas que lhes passa à frente do nariz.

É o mesmo que passar o pão quentinho em frente ao nariz do mendigo esfomeado, para depois o distribuir apenas por quem precisa dele para raspar o molho que ficou no fundo do prato.

Não existiria forma de fazer estas negociatas de maneira um tanto ou quanto mais disfarçada? Provavelmente existe, mas recordo que estes são Chico-Espertos-Burros, que se julgam mais inteligentes que os demais, mas que são só descarados.

Para quem vende os testes é igual se quem compra sou eu, você ou os funcionários que os refundem, mas se quem compra os testes de 2,50€, o estiver a fazer para depois os vender a 15€ no Custo Justo. Então aí o esquema já passa a ser vil e desonesto e sobrevalorizam um produto que, atualmente, é vital para se saber se se está doente, ou se somos uma fonte de contágio, ou não.

É uma máfia que se formou rapidamente, mas que não tem apenas um líder, tem vários.

São muitos dos caixas dos supermercados e como tal devem ter um nome que os defina. Acho que "Al Cabrones" fica bem.

22
Dez21

Gira o disco e toca o mesmo...


Pacotinhos de Noção

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Tenho evitado voltar a falar do assunto Covid.Evito porque já não há paciência, porque já não há nada de novo, porque já me mete nojo as historietas do "novo normal" do "salvar ou ganhar o Natal", as incertezas dos confinamentos ou não confinamentos, das medidas que eram umas e agora são outras, das conversas de negacionistas, dos que tanto sabiam, mas que afinal não sabiam assim tanto... Não há pachorra.

Continuo a pensar que negar as evidências não é não fazer parte do rebanho nem ser iluminado, é só ser estúpido, mas devo admitir que chego a uma fase em que também eu me vou começando a sentir estúpido.

Acredito na vacina e na sua efectividade. É um facto comprovado e quanto a isso não há grandes dúvidas. Algo em que também não há grandes dúvidas é na falta de capacidade e de organização destes idiotas que nos têm conduzido. Falo do Primeiro-Ministro António Costa, da Ministra da Saúde Marta Temido e da Directora Geral da Saúde, Graça Freitas.

Quanto ao primeiro não se iludam, a sua principal luta não é contra o vírus, é a luta para manter a cabeça à tona de água. Precisa de votos como de pão para a boca, para continuar a alimentar esta sua exacerbada fome de poder.

Parando e analisando pode até ser que a fome de poder não seja uma fome assim tão grande e tendo em consideração o histórico de ex-políticos do PS que estiveram no poder, a probabilidade de António Costa não querer sair, para assim continuar a ter as costas quentes com o cargo que ocupa, evitando ser, mais tarde ou mais cedo alvo de investigações, é algo que não me parece de todo descabida... ou será que é?

A estratégia apresentada, de deitar abaixo quase todas as restrições, e de agora, próximo das eleições voltar a impor algumas, mostrando que se faz tudo por tudo para combater a pandemia, mais não é do que um apelo ao incauto português para no final de Janeiro votar naquele que, cortando-se-lhe o coração, tem que impor estas restrições para nos salvar de uma sorte madrasta.

O que me incomoda é que realmente há por ai muita toupeira, que se deixa enganar por estes "rodriguinhos" de fraquíssimo marketing político, e vai mesmo voltar a votar neste déspota.

As duas personagens que faltam são a confirmação de que, de facto, todos eles pouco se estão "marimbando" para quem se safa, quem não se safa, quem se infecta ou não infecta.

Marta Temido podia ser apelidada de crocodilo, quer pela sua enorme bocarra que não raras vezes abre para dizer asneiras, mas também pelas lágrimas, que já em diversas ocasiões quase lhe rolaram pela face, numa confrangedora tentativa de mostrar que tem sentimentos e que o que lhe corre nas veias é mesmo sangue. Mas não é. O que lhe corre nas veias é descaramento e incompetência, relembro como foi escandaloso o que aconteceu no Inverno passado, e não foi por falta de avisos, assim como não houve falta de avisos para o período invernal e até infernal que por aí vem.

Uma das vozes que recordo ter ouvido várias vezes alertar para a situação a que estamos a chegar, foi a jornalista Clara Ferreira Alves, apelidada até de alarmista por um ou outro seu colega do Eixo do Mal... Pois, não foi alarmista, foi precavida nas chamadas de atenção, ainda no período de Verão, aconselhado a que se fizesse a projecção do que poderia ser o Inverno.

Por fim temos Graça Freitas que parece aquela professora, que todos tivemos, que não percebia bem a matéria dada, que acabava por baralhar os alunos ao misturar alhos com bugalhos. Mas nessa altura um tipo podia estudar em casa ou ir a explicações, neste caso aqui explicações não há e em casa não se estuda, só se fica confinado. Mas não se preocupem pois podemos trocar umas compotas, feitas por nós, no vão das escadas, ou fazer um pequeno-almoço de Natal, em vez da já tão batida ceia.

Bem sei que estas anormalidades não foram ditas pela Graça Freitas e sim pelo seu substituto, visto que a directora estava em casa, de molho, mas se fosse ela a porta-voz a treta seria aproximadamente a mesma. Recordo que a senhora de lenço ao pescoço, que mais faz lembrar o cartoon do "Lone Ranger" (quem não conhece que pesquise e veja o cowboy de lenço), já teve intervenções tão espectaculares como a de não haver o perigo do vírus chegar a Portugal, de que a transmissão do mesmo não seria por pessoa a pessoa e sim por alimentos, que as máscaras dariam uma falsa sensação de segurança, etc.

A única coisa em que está senhora tem sido de uma coerência fenomenal é na tentativa de imputar sempre a culpa aos cidadãos, sendo esta uma táctica concertada por estas três figuras.

Graça Freitas, não rara é a vez, em que insinua que o número de casos só aumenta porque as pessoas não têm todos os cuidados que deveriam ter, António Costa chegou a chamar cobardes aos médicos, e Marta Temido afirmou que os mesmos médicos são pouco resilientes.

Meus amigos, o circo está montado. Depois de Janeiro, quando as eleições ficarem para trás, vai tudo ficar em casa de novo. Não porque vá morrer tanta gente como no ano passado, mas sim porque não há camas nos hospitais, há menos profissionais na área da saúde e porque deixará de interessar assim tanto se as coisas melhoram ou não. Afinal de contas as eleições já hão de ter acontecido e mais votos só serão necessários para as eleições que chegarão muito tempo depois.

18
Dez21

Vamos branquear esta situação?


Pacotinhos de Noção

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Há uns tempos Joacine Katar Moreira criticou um cartaz do Bloco de Esquerda porque utilizava a frase "Razões fortes, compromissos claros", o que, segundo a medíocre deputada, revela que a dicotomia claro/escuro tem que mudar, pois o claro não pode ser sempre positivo e o escuro negativo. É por isso que neste título o branquear existe. Quis mostrar à senhora que tem a mania da perseguição, que o branquear também pode ser utilizado de forma negativa quando se refere a uma comunicação social, deputados de uma assembleia e a grande generalidade da população que, tendo conhecimento de uma deputada que se refere a alguém que a criticou como "grande filho da puta", branqueia a situação a ponto de nem se ouvir falar nela.

Esta categoria de ofensa no cidadão comum é por si só uma clara revelação do quão desprezível é a índole de quem a profere, numa deputada da nação, ainda que eleita por clara ignorância dos votantes, que sabendo o que sabem hoje prefeririam votar num cepo, é motivo para no mínimo uma chamada de atenção e, quem sabe, até expulsão. Bem sei que estamos a pouquíssimo tempo de nos vermos livres deste lixo preconceituoso e com ideias e ideais pré-concebidos e despropositados, mas ficaria como exemplo para que outros deputados não se lembrem de ter o mesmo tipo de reacção.

Um deputado tem que se consciencializar de que sendo uma figura pública, e que trabalha, supostamente, para a generalidade dos cidadãos, irá ter sempre quem goste e quem não goste e quem critique justa ou injustamente. Se quiser reagir poderá até fazê-lo, mas não desta forma, como se fosse um qualquer jagunço que assiste a uma partida de futebol.

Gostaria apenas de pedir que tenham atenção à imagem. A pessoa apenas fez uma análise à péssima prestação de Joacine Katar Moreira como deputada, e não mentiu.

Já eu aproveito, e não conhecendo a senhora de parte alguma, e juntado-me a esta crítica de péssimo trabalho, gostaria também de referir que pessoalmente a mesma demonstra ser alguém mesquinho, de baixo carácter e sem valores. Não os tem, e os valores que vai defendendo são apenas aqueles que julga que lhe renderão uma melhor aceitação junto de quem lhe interessará, mas é bom que tenha consciência que muito provavelmente quem lhe interessará não verá em Joacine Katar Moreira qualquer interesse.

Analisando a nobre resposta da ex-menina bonita do Livre, vemos que depois da ofensa acrescenta um (Nada contra as manas). Aqui ela ofende várias pessoas de uma só vez.

Ofende o tipo a quem chamou "grande filho da puta", ofende a mãe do tipo, pois o apelido foi-lhe direccionado, e ofende as "manas" porque só pelo facto de venderem o corpo não significa que tenham que ficar ligadas fraternalmente a uma tipa que não bate bem da bola. O facto pode até afugentar clientela.

Mais tarde a "senhora" ainda se vangloriou de que o tipo não lhe deu mais resposta, que não aguentou os 10 minutos de fama que ela lhe proporcionou. Este é um argumento de uma miúda ridícula, numa qualquer rede social, não de uma deputada de 39 anos, com aparência de 50 e alma de 80.

Mas eu vejo aqui duas hipóteses para justificar a retirada do rapaz. Das duas uma, ou teve vergonha de desperdiçar recursos linguísticos com alguém tão ordinário, ou a deputada, que daqui a uns dias vai levar um pontapé no rabo, tem montada uma falange de apoio de gente tão estúpida quanto ela, que hão de ter feito um tal cerco ao homem que ele decidiu desaparecer... As máfias, por mais ranhosas que sejam, funcionam assim. Já o temos visto com os chalupas negacionistas, por exemplo.

Faço agora umas menções a alguns órgãos de comunicação social, como o Rádio Observador, a Sic Noticias, o Camilo Lourenço, a CMTV, a CNN e o Público, para fazer uma pergunta muito simples...

Se em vez de ter sido a Joacine Katar Moreira a ter este tipo de atitude, fosse o André Ventura, o Rui Rio, o Francisco Rodrigues dos Santos ou o João Cotrim Figueiredo, quanto mato jornalístico iria arder só para queimar um destes nomes? Sei que ainda estamos num Governo de esquerda, e que eles gostam de manipular a comunicação como se fossem mestres de marionetas, mas não vos caberia fazer a vossa parte? Fica a pergunta, responda quem deve.

15
Dez21

Espécie em vias de expansão


Pacotinhos de Noção

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Este não é um post que vá mudar o mundo, nem sequer o país. Gostaria que mudasse o local onde estou, mas nem isso vai conseguir. Mas é um desabafo... Já incomodei quem está aqui próximo de mim, a quem também não agrada a situação de que vos vou falar, e agora incomodo vossas excelências, para perceber se mais alguém sofre do mesmo mal que eu e que é o de por vezes sentir que estou no meio de uma porcalheira infecta e cheia de ratazanas de duas pernas, nojentas.

Trabalho na rua mais movimentada da zona onde estou. Isto tem os seus prós, mas tem também enormes contras.

Um dos maiores são as esplanadas, e quando me refiro a esplanadas não falo naquelas em que idealizamos estar num fim de tarde, para beber um copo ou passar um momento agradável. Estas esplanadas são aquelas de snack-bar farsola sujo, que a partir das 17:00 tem o "happy hour" das imperiais de fundo de barril, e em que a casca do tremoço é sempre cuspida para o chão.

Ainda por cima, com esta parvalheira da pandemia, fizeram uma nova lei em que qualquer buraco pode fazer esplanada provisória, e então estas proliferaram que nem cogumelos, mas cogumelos daqueles impróprios para comer, que nos proporcionam uma enorme diarreia ou uma visita ao hospital.

Lugares de estacionamento e passeios passaram a ficar ocupados com mesas, cadeiras de plástico e guarda-sóis demasiadamente grandes para os espaços que ocupam. Por incrível que pareça esta nem é a pior parte, pois isto parece que vem em "kit". Com as mesas, as cadeiras, os guarda-sóis e a badalhoquice vêm uns bonequinhos muito porcos e barulhentos a que se chamam "bêbedos." Não são o bêbedo comum que se enfrascou um pouco demais porque naquele dia calhou, não... São os bêbedos profissionais, aqueles que pegam ao serviço de manhãzinha e que nem sei quando vão para casa, porque quando eu vou para a minha eles ainda estão no seu lugar cativo. A ideia que dá é que compraram bilhete para a temporada toda e a temporada é uma vida.

Não cheguei à fala com nenhum elemento desta espécie, por questões de nojo e medo, o nojo não há necessidade de explicar, o medo é o de apanhar uma qualquer doença infecto-contagiosa, mas gostaria de o ter feito para conseguir compreender como ganham eles a vida e quão bem recebem, porque não deve sair nada barato fazer vida de esplanada.

Mas estas pessoas deixam-me triste por várias ordens de razões. Uma das primeiras é por saber que há um limite para a evolução. Enquanto uns fizeram o seu caminho aprendendo a comunicar e a se expressar sem ser em grunhidos, estes seres de esplanada parece que não sabem comunicar de outra forma... Aliás, até sabem, ou pelo menos tentam . Ocasionalmente emitem outra espécie de sons, que com muito custo e boa vontade poderíamos dizer que seria algo como "cantar", mas não posso dar 100% de certezas, porque já ouvi e vi pessoas a cantar e não era muito parecido com isto.

Algo mais que me deixa triste é que, infelizmente, estas esplanadas não estão mal situadas. Ficam em sítios centrais, e até agradáveis, e se bem frequentados seriam um óptimo local a ter em conta. Assim não, assim nem a pontinha do pé lá meto. Faz lembrar a água da praia, quando a maré esteve muito, muito baixa e que depois quando sobe, reabsorve os limos que estiveram a secar na areia, e a acumular lixo dos porcalhões e penas de gaivotas, tornando a água toda emporcalhada com o tal lixo, as penas e uma espuma castanha, que é o sal que se acumulara naqueles limos secos e que me faz não querer voltar a entrar no mar naquele dia, a não ser que me apontem uma arma à cabeça.

Este categoria de pessoas, que vivem de algo, mas que não é trabalho, são sustentados pelo meu e pelo vosso suor, o que me cria alguma revolta e desconforto, e sei que criará a muitas mais pessoas, o que também me deixa triste, porque poderá assim estar a semear-se um sentimento que vai permitir a que políticos populistas, como o André Ventura, acenem com a bandeira de acabar com os subsídio-dependentes, conseguindo assim angariar bastantes votos.

Posso ser considerado elitista ao afirmar que se estivéssemos dependestes destes tipos para se efectuar uma nova luta de classes, tentando assim fazer evoluir um pouco mais a nossa sociedade, estaríamos condenados porque estes gajos não têm classe nem sequer se enquadram em qualquer tipo de classe. Não são povo, porque o povo tem que trabalhar para sobreviver, poderiam ser nobreza se fossem adeptos do "come e dorme", mas eles praticam é o "bebe e dorme" e do clero não são de certeza, porque demonstram bem que não são muito religiosos.

Tal como dissera no início, este texto não acrescentou nada de novo. Foi apenas um vómito em forma de desabafo. Peço desculpa pela analogia algo desagradável, mas realmente é de embrulhar o estômago.

Vou terminar por agora porque daqui a pouco são 17:00 e tenho um "happy hour" para frequentar. 

Um abraço e até à próxima.

14
Dez21

Acusados que não acabam mais


Pacotinhos de Noção

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Nunca cheguei a abordar o tema da morte de Sara Carreira por vários motivos.

Primeiro por genuinamente sentir-me incomodado com a dor de um pai que perdeu a sua filha e, dá para perceber, perdeu também grande parte da sua vontade de viver.

Segundo porque não foram divulgados elementos suficientes para que pudesse formar a minha opinião, e por último porque se me fosse referir a este tema, algo que teria que abordar seriam as várias idiotices que se foram passando, como, por exemplo, tentar encontrar significados até na forma como os cães do Tony Carreira corriam na areia, formando S's. Esta pérola foi lançada pela Kátia Aveiro.

Agora que o Ministério Público já elaborou a acusação podemos uma vez mais deitar as mãos à cabeça e perguntar que justiça é esta, que parece brincar com os destinos de cada um, da forma que melhor lhe aprouver.

Se no caso de Eduardo Cabrita a dificuldade foi tentar fazer com que alguém deixasse de ser culpado, tentando culpar primeiro o morto, e no final o motorista, neste caso, como nenhum dos intervenientes desempenha um cargo governativo, foi decidido que quase todos seriam culpados.

Este é o exemplo perfeito de como uma simples decisão, tomada como inocente, pode ter consequências terríveis.

Paulo Neves, um indivíduo de 54 anos, já com alguns copitos tomados, decidiu fazer-se à estrada naquele fim de tarde já escuro, pois estávamos em Dezembro num dia ainda por cima chuvoso. No seu percurso, talvez por não se sentir totalmente apto para a condução, seguiu pela faixa da direita numa velocidade abaixo do mínimo permitido por lei. Ia a 30 km/h na autoestrada. 

Nessa mesma faixa da direita seguia a fadista Cristina Branco, com a sua filha de 10 anos. Ia a cerca de 100 km/h, sendo uma velocidade que está dentro dos limites da lei, podendo nós opinarmos se é demasiado ou não, tendo em conta a chuva que se fazia sentir, mas aqui estaremos apenas a basearemo-no numa suposição, algo que temos legitimidade para fazer. Quem não terá tanto essa legitimidade há-de ser o Ministério Público, pois das suas conclusões poderão sair pessoas acusadas injustamente. A acusação afirma que Cristina Branco seguia distraída, e que foi por esse motivo que não conseguiu evitar o acidente com o carro de Paulo.

De que forma conseguiu a acusação recolher indícios que levassem a concluir que Cristina Branco ia distraída? Há imagens disso, há elementos que o sustentem? E ir distraída é o quê? É ir a falar com a filha de 10 anos? É falar ao telemóvel? São coisas completamente distintas.

 Acusa também a fadista de que abandonou a viatura, apenas com os quatro piscas ligados, e que não colocou o triângulo de sinalização.

Pergunto. Após ter tido um acidente, estando a chover e estando escuro, quantos de nós não tentaríamos colocar a nossa filha em segurança e quantos se arriscariam a levar com um carro para ir colocar o triângulo de sinalização.

Aquilo que prova que esta mãe teve razão em abandonar o carro, é que minutos depois levou com o carro conduzido por Ivo Lucas, e em que seguia Sara Carreira. Se tivesse ficado no carro, ou se estivesse a colocar um triângulo de sinalização, a tragédia poderia ter sido maior e podíamos também estar a lamentar a morte de uma criança de 10 anos. Pelo contrário, em vez de acusar esta pessoa eu louvo o sangue-frio e a capacidade de ter salvo a própria filha.

Por fim temos Tiago Pacheco.

Tiago Pacheco seguia em excesso de velocidade, pela faixa do meio e andou mais de 90 metros pelo meio dos destroços do acidente sem nunca desacelerar, até vir embater no carro da cantora, que estava atravessado no meio da estrada.

Acho curioso que destas quatro pessoas, duas tenham sido acusadas de homicídio por negligência e as outras duas apenas acusadas por condução perigosa quando as duas acusadas de condução perigosa hão-de ter sido as que mais contribuíram para este desfecho.

Paulo Neves porque ia com 1,18 gramas de álcool por litro de sangue e a 30 km/h nums autoestrada, e Tiago Pacheco porque ia em claro excesso de velocidade. Ivo Lucas também ia acima dos limites e merece acusação.

Cristina Branco, por mais voltas que dê, não me parece ser culpada de nada, a não ser em tentar salvar a sua filha.

O Ministério Público quer usar este caso mediático para o fazer servir de exemplo, e até servirá, mas será como mais um mau exemplo de como a justiça terá sempre dois pesos e duas medidas... Cabrita que o diga, sendo que a sua medida é do tamanho da sua competência. Não existe.

12
Dez21

Tanta farturinha


Pacotinhos de Noção

O vídeo que convosco, partilho foi originalmente publicado pela página @dancinghome. Conta com mais de 11 500 gostos e está envolto em algo que considero uma enorme aberração.

Tendo em conta o título que escolhi e aquilo que já referi, os mais acelerados tirarão conclusões precipitadas e pensarão que vou criticar o pessoal gordo do vídeo, mas estão redondamente enganados.

Antes que tudo gostaria de sublinhar que me referi a estas pessoas como "gordos" por uma simples razão que é a de que são "gordos". Não é dito de forma pejorativa e prefiro dizê-lo a usar uma forma de discriminação, supostamente positiva, apelidando-os de fortes, cheinhos, redondinhos, acima do peso, obesos, etc.

Mas a Tanta Farturinha a que me refiro e a enorme aberração de que me dei conta foi na abundância de comentários que o vídeo gerou e a aberração é por serem esses comentários, tentativas gratuitas de humilhação e também por serem ordinários, grotescos e maldosos. Não me chocaria nada se houvesse uma ou outra piada, não sou dos susceptíveis que acreditam que não se deve brincar com determinados assuntos, mas o que li não foram piadas, foram apedrejamentos morais que acontecem porque alguém tem massa adiposa em excesso. Considero o corpo de alguém gordo bonito? Não interessa, ninguém me perguntou e a minha opinião em nada lhes acrescenta.

Aquilo que me foi dado a perceber é que este vídeo é o início de uma caminhada de um grupo de pessoas que vai tentar perder peso, recorrendo à dança como fonte de inspiração. Bom para eles e bom para quem os siga e consiga encontrar neles uma ignição que lhes permita também dar esse passo, caso queiram e precisem. Há alguns comentários de apoio, felizmente, mas os mais contundentes são realmente os negativos. Estão na sua grande maior parte em inglês e um deles diz algo como "Quase que se consegue cheirar este vídeo" e a seguir os emoticons de vómito, dando a entender que gordos são pessoas mal cheirosas. Alguém criticou o facto, mas teve logo outro idiota a cair-lhe em cima afirmando que as pessoas do vídeo nem sequer são pessoas... Isto é deplorável e mau demais para ser verdade. Malta nova de ginásios, que colocam as suas fotos do quão magníficos são levantando pesos no ginásio, mas eu pergunto para quê? Para quê trabalhar o corpo quando a mente foi deixada ao abandono, ficando bafienta, empoeirada e sofrendo duma catalepsia mental que não nos permite diferenciar este imbecil de um monte de esterco, que ainda assim consegue ainda ser mais útil, pois poderá servir de adubo à terra.

Este pessoal que pisou as pessoas do vídeo por serem gordos, são os que defendem todos os movimentos que estão na moda, são os partilham os seus momentos maravilhosos que dão uma óptima retrospectiva do Instagram, mas que depois dos anos passarem, e quando forem realmente fazer uma retrospectiva da sua própria vida, vão perceber que estão sós e amargurados porque não respeitar alguém pelo formato do seu corpo é, na verdade não respeitar ninguém. É não respeitar quem ama alguém do mesmo sexo, quem tem uma cultura, um credo, uma cor de pele diferente ou mesmo um sexo diferente do dele. É não respeitar quem prefere carne a vegetais e vice-versa e é também não respeitar animais. Isto porque uma coisa não se dissocia da outra, quem tem uma tão grande capacidade de discriminação, discrimina na sua generalidade, a diferença é haver temas em que já percebeu que a sociedade não lhe permite que discrimine, e como tal tenta camuflar a sua boçalidade fingindo ser aquilo que não é. Quando vê algo ou alguém diferente, a quem a sociedade também acaba por estigmatizar, então aproveita e atira a primeira de muitas pedras, pois tem que matar a sua sede de sangue.

Vi destes comentários pouco dignos e também vi dos outros que, numa tentativa de se mostrarem condescendentes, mostram apenas que estão apenas uns poucos degraus acima dos estúpidos que ofendem gratuitamente.

O que acrescenta dizer a uma pessoa daquela estatura que está gorda e que deveria regular a sua dieta? São todos doutores? A obesidade é uma doença que mata tanto como o cancro, mas tem um componente que o cancro não tem. O cancro é um crescimento anormal de células. Uns têm tratamento e outros não, mas é algo de físico e palpável que se tenta combater. A obesidade tem essa vertente física da doença e que é a gordura espalhada no corpo e que vai envolvendo órgãos vitais para o bem-estar do ser humano, fazendo com que esse bem-estar deixe de existir, podendo até levar à morte. Mas depois existe aquele vertente psicológica que é mais difícil de tratar. Há gordos para todos os gostos. Há os que o são por problemas tiroidais, há os que o são por deficiências de absorção do corpo e há os que os são porque comem efectivamente demais. Estes, sendo gordos porque comem demais, são os que devem ser ofendidos por serem umas bestas a comer, por não terem força de vontade, por desenvolverem doenças que têm depois  que ser tratadas no SNS com o meu dinheiro, certo? Errado. Estes são os que precisam de ajuda. São compulsivos por algum motivo e como tal têm que ser compreendidos e ajudados. São pessoas que jogam à roleta russa com quase todas as balas no tambor, mas que ainda assim não conseguem deixar de jogar. Não querem morrer, mas não conseguem evitar caminhar nessa direcção. Quantos de nós já sentimos que aquilo que fazemos nos mata, mas resignámo-nos a que assim seja porque não temos força para contrariar? Quem fuma poderá partir deste mesmo princípio, mas dificilmente sofrerá a mesma discriminação e violência que sofrem os gordos.

Outros comentários que li foram os que achavam mal este incentivo à obesidade...

Estúpidos demais. O vídeo quer ir exactamente no sentido oposto.

Conhecem alguém cujo seu grande objectivo, até ao final do ano, seja finalmente atingir os 170 kg para deixar de conseguir andar convenientemente? Não!? Que estranho!

Não temos todos que corresponder ao padrão de beleza imposto pela sociedade e pelas capas de revista, e é óbvio que temos que zelar pelo nosso bem-estar, e também é óbvio que todos quereriam ter as medidas perfeitas, mas se existirem gordos, que não tenham inerentes à sua condição nenhuma patologia que os prejudique, e se realmente se sentirem bem como são, mandem todos à fava e sejam felizes. 

Aos que são felizes tentando fazer a infelicidade dos outros... Lamento e garanto-vos que se algum dia pisar um de vós na rua, farei como sempre faço. Esfrego os pés na relva mais próxima para não ficar com nenhum bocadinho vosso na sola do meu sapato.

07
Dez21

Fazia na boa


Pacotinhos de Noção

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Qual é na realidade a dificuldade de se ser advogado? Ir para a frente de um juiz e defender ou acusar um tipo qualquer. Gritar protesto e ouvir o que os outros têm a dizer e depois fazer perguntas.

 Podia fazer perfeitamente, fartei-me de ver filmes do Perry Mason.

E o trabalho de um taxista?

Ficar de rabo alapado o dia todo, em carros que agora até têm ar condicionado, a ouvir rádio e a levar pessoas de um ponto ao outro... Fazia na boa e até melhor que eles, que conduzem mal como o caraças.

E ser cozinheiro?

Ali refundido na cozinha, à volta de coisinhas boas para comer e ainda por cima são pagos. Por isso é que os cozinheiros são todos gordos, comem muito e fazem pouco.

Ainda por cima a papinha agora vem toda feita porque já dá para comprar batatas descascadas e mil e uma coisas pré-preparadas.

O trabalho de sapateiro é outra brincadeira.

Engraxar uns sapatos, vender umas palmilhas e meter 3 ou 4 pregos nas solas de um qualquer calçado. E depois ainda cobram um dinheirão. Uma gatunagem. São eles e as costureiras, que passam o dia sentadas à máquina, a brincar com trapos para depois pedirem uma batelada de dinheiro, quando aquilo é só meter na máquina. Ainda por cima costurar é terapêutico.

Podia aqui dar mil e um exemplos de formas de tentar minimizar o trabalho de cada um, e porquê? Porque é aquilo a que cada vez mais tenho assistido. Pessoas que não têm nenhum pudor em, na frente de uma pessoa que desempenha a sua função, afirmar que aquilo que o outro faz não é assim tão importante. Não têm a coragem de o dizer com todos os pontos nos i's, preferem dar aquela pequena alfinetada como só os velhacos conseguem dar, como, por exemplo dizer à senhora da caixa do supermercado que "no fim do dia, ai sentada só a passar compras, o melhor é ir a um ginásio porque uma pessoa mexer-se tão pouco, até lhe pode fazer mal".

Todos nós já tivemos um destes pensamentos uma vez ou outra e até posso aqui deixar um erro comum, como é o caso dos nadadores-salvadores, que passam ali, o dia todo na praia a apanhar banhos de sol e a dar mergulhos no mar. Será que é mesmo isto tudo e é possível que os nadadores-salvadores possam ir à água quando querem? Passar 8 horas a trabalhar na torreira do sol, será mesmo tão agradável? E a responsabilidade, não conta?

Todos os trabalhos têm o seu quê que faz com que não seja assim tão positivo, mas para a grande generalidade das pessoas o único trabalho mau é o seu e todos os outros seriam feitos com uma perna atrás das costas.

Egoísmo e desrespeito são características que definem bem estas pessoas, mas que não as completam. Ignorantes, desinformados e com pouca capacidade de raciocínio também fazem parte deste "pout-pourri" de estupidez que não lhes permite colocarem-se no lugar dos outros.

Volto a repetir que não existem profissões fáceis, e se por acaso alguém estiver a pensar em mencionar a profissão de "influencer" como sendo, digo-vos desde já que lamento, mas estão redondamente enganados... "influencer" não é profissão. Para se exercer uma qualquer profissão é necessário conseguir raciocinar, nem que seja o básico, e como todos sabem, os "influencers"...

Em relação à minha profissão posso dizer que não trocava com nenhuma outra. Não é porque goste muito, na verdade nem gosto nada, mas como gosto tão pouco de trabalhar o melhor é ficar com esta, não vá calhar-me outra ainda pior. Podia era ir para "influencer".

03
Dez21

A tenda está montada e somos os palhaços


Pacotinhos de Noção

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Há dias em que nos sentimos afundados num mar de trampa e quanto mais nos debatemos mais somos engolidos, como de trampa movediça se tratasse. Hoje é um desses dias e temo que a coisa não melhore tão depressa assim.

Não sou minimamente nacionalista nem tenho um orgulho incomensurável de ser português, nem penso que sejamos melhores que os espanhóis, por exemplo. Também não penso que por termos uma franja de população vergonhosa que isso faça do país vergonhoso. É apenas um país habitado por gente que não vale um escarro.

Aquilo que me faz realmente ter vergonha, não de ser português, mas sim de ser um cidadão que convive com outros cidadãos que julgo serem pensantes, é estarmos no fim de uma legislatura de aldrabões, mafiosos e criminosos e ainda assim ter a clara percepção de que estes mesmos vigaristas, muito provavelmente, vão de novo ganhar as eleições. Assim como não sou nacionalista também não sou de esquerda, direita ou centro. Sou de ideias e de trabalho apresentado, e também sou crítico quando não existe esse trabalho e sim falta de vergonha crassa e descarada. Voltar a votar no PS, e na esquerda que hoje temos, é ser violado em determinada rua e voltar a passar naquela rua, apenas porque na outra temos que caminhar mais 5 minutos. Arriscamos a ser de novo violados, mas preferimos dores no rabo a bolhas nos pés.

Quem tiver tempo, e tempo sei que sobrará a alguns, desafio que façam um levantamento de obras públicas e desenvolvimento em geral do país, em anos de governo PS, e façam também um levantamento de escândalos quer de corrupção, lavagens de dinheiro, desvios de fundos e de descaramentos em geral, e depois afirmem se vale mesmo a pena votar nestes abutres.

A decisão tomada pela procuradora do Ministério Público, acerca do acidente que envolveu Eduardo Cabrita, não tem apenas uma palavra que a defina. Tem várias e todas muito feias. Pulhice, vigarice, conluio, maquinação e uma, peço desculpa, mas terei que a dizer, autêntica filha da putice.

Todos desconfiávamos que Eduardo Cabrita, o super-ministro, iria sair fresco e airoso de toda esta situação. Tínhamos a percepção de que o culpado seria o desgraçado atropelado, mas a voz do povo uniu-se e de certa forma defendeu a memória da vítima e ficou alerta para perceber se seria cometida injustiça ou não. A maior injustiça cometida não tem mais retorno, o homem foi rebentado por um BMW de um ministro ranhoso, que ordenou que deveria estar em determinado sítio a determinada hora, e como nova injustiça não poderia ser cometida contra o atropelado puxou-se a corda do outro lado fraco, e de quem poucos se lembraram, ou que até lembraram, mas que não queriam acreditar que houvesse o descaramento de quebrar essa parte da corda.

No final das contas o grande culpado deste acidente foi o motorista. O motorista decidiu por ele que os compromissos do ministro tinham que ser cumpridos e como tal teria que pôr o pé no acelerador. O ministro de nada sabia, ele era apenas um mero passageiro, assim como eu e você que me lê, e que é transportado no comboio da CP ou no autocarro da Carris, sem poder definir se o motorista anda rápido ou devagar.

Este argumento de indivíduo doente mental, de que é um mero passageiro, foi vomitado pelo próprio Cabrita, muito provavelmente após ter almoçado um belo prato de fezes, regado com um bom vinho, mas que não lhe faz mal beber, pois ele será sempre um mero passageiro.

A passagem que mais me custa pagar a este indivíduo é a passagem diária de ser ministro de um Governo que não escolhi, mas que é o que me abalroou, como se de um BMW apreendido a um traficante se tratasse.

Acaba por fazer sentido que esta tragédia tenha por parte fundamental um carro usado por um criminoso, que foi agora definido ser o motorista, que também já foi o anterior dono do carro, mas que não será nunca, em tempo algum e em nenhumas circunstâncias, o javardo do ministro para quem o motorista trabalha.

Peço desculpa pelo desrespeito que este texto demonstra por pessoas que seria suposto merecerem o meu respeito, mas quando assisto a um crime, em que o principal criminoso se escapa da forma mais descarada e vergonhosa possível, ainda para mais sempre com a mão do seu companheiro António Costa apoiada nos seus ombros, tenho alguma dificuldade em manter o respeito.

Por isso digo e peço a todos quanto possam, a abstenção não é solução e urge mudar esta gentalha que de já terem os lugares tão cativos ganharam laivos de ditadores. Os que vierem também hão de errar, mas estes erram, tomam-nos por parvos e cospem-nos na cara.

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