Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

31
Ago22

Duas formas de ver estrelas


Pacotinhos de Noção

20220831_224447_0000.png

Quase a terminar as férias, hoje decidimos fazer uma visita ao Planetário. 

Só lá tinha ido em miúdo, ainda na escola primária, a minha mulher nunca foi, e o nosso filho iria gostar de certeza.

Em relação ao preço dos bilhetes não achei escandaloso. 15 € chegaram para dois adultos e uma criança de 5 anos.

Escolhemos a sessão que melhor se adequava à idade e ficámos agradavelmente surpreendidos por perceber que o Planetário não é uma atracção esquecida pelas pessoas. Estava uma sala bastante agradável e até o conferencista mencionou o facto.

A sessão foi óptima, o meu filho gostou imenso e foram 40 minutos que passaram num instantinho.

Esta foi a parte positiva, e agora falemos da outra, mas que em nada tem que ver com o Planetário, ou quem nele trabalhe.

Tenho duas crianças, uma de 5 anos e outra de 1 ano e 10 meses. Obviamente, e como qualquer ser minimamente pensante, não me passou pela cabeça imaginar levar a mais pequena a uma sessão numa sala escura, onde se requer silêncio e  alguma atenção, pois a primeira coisa que me enervou um bocadinho foi, na fila da bilheteira, um idiota que reclamava por não permitirem a entrada da sua pequena de ano e meio. Não conseguia perceber o porquê desta situação, e estava até a sentir que estaria a ser prejudicado na sua condição de pai...

Acho não haver muito o que dizer aqui. Se aquela besta não percebe o porquê, parece-me sensata a atitude do senhor da bilheteira que lhe respondeu um seco "Pois é, mas não pode." E pronto, é ignorar e seguir.

Não sei se estão familiarizados com o edifício do Planetário de Lisboa. As bilheteiras são no R/C, e a sala de projecção é no primeiro andar. Antes da sessão as pessoas aguardam num pequeno átrio onde estão expostos o antigo projector do planetário, e um antigo e enorme telescópio. Estive a explicar ao meu filho o que aquilo era, fingindo-me de sábio e entendido, pois é só por esta altura que conseguimos iludir os nossos filhos, e ele, talvez interessado, ou apenas de simpatia extrema, parecia ouvir aquilo que lhe dizia. Bem, para dizer a verdade não sei bem se ouvia porque, a determinado momento, deixamos de estar em Belém e fomos teletransportados para Sete Rios, mais propriamente para a Aldeia dos Macacos, no Jardim Zoológico. É que os pequenos seres retardados que ali se encontravam em espera, decidiram usar, tanto o telescópio, como o projector, como ferramentas de equilibrismo, e começaram a trepar por eles acima. Isto entre guinchos e gritinhos que nos furavam os tímpanos como se a Sharon Stone nos estivesse a cravejar o picador de gelo no cérebro.

Esta tortura parou porque, entretanto, começamos a entrar na sala.

Como disse sou pai de duas crianças. Não são anjinhos, longe disso. Tem dias que me moem tanto a cabeça que até dá pena não fumar, só para ter a velha desculpa de que "vou comprar tabaco e talvez volte", mas o tipo de comportamento que têm em público, principalmente o mais velho, em nada tem a ver com a maneira como se comporta em casa. Na rua até parece uma criança educada, evoluída e respeitadora. Quem o vê, quer ficar com ele, e de facto entrámos na sala, ele cumprimentou o conferencista, sentou-se e ficou a falar connosco, os pais, tirando dúvidas, perguntando o que iríamos ver. Já os macaquinhos que estavam lá fora, entraram também, e as cadeiras do Planetário, as quais são quase como marquesas para nos deitarmos, passaram a ser trampolins para os meninos saltarem. Eram muitas Carlotas, Matildes, Salvadores e Vicentes. Curiosamente os Fábios e os Rubéns, estavam sentadinhos com os seus pais, todos com os "caps" de pala para trás, e com as suas t-shirts de cava, mas caladinhos e com um comportamento bem civilizado. Parece que aqui para os lados de Cascais, as regras da boa educação são apenas algo que fica bem em livros de etiqueta, na revista Hola! e quando a Madalena Abecasis manda que assim seja.

Perguntarão vocês, "onde raio estão os pais destas crianças?"

a progenitora, que incomodavam quem ali foi para passar um bom bocado, e que eles não o estavam a permitir. Fiz esse meu "schiuu" e ainda bem que o fiz, porque resultou exactamente da mesma forma como se não o tivesse feito...

É isso mesmo. Nem ligaram. Ninguém quer saber se incomoda ou não, e a  grande vontade com que fiquei foi a de levantar-me e começar a distribuir chapadões, e desta forma as estrelas que iríamos ver não seriam só as projectadas no tecto do Planetário. Só não o fiz porque tive em consideração as regras da civilidade, da boa educação e porque poderia haver um pai, ou até uma mãe, maior ou mais forte do que eu, e também eu poderia ficar a ver estrelas.

31
Ago22

Top Gun - Maverick


Pacotinhos de Noção

top-gun-maverick-ver5-xlg-2.jpg

Diz-se que não se deve voltar onde já se foi feliz. Tom Cruise decidiu ignorar essa máxima, e voltou ao "Top Gun".

Antes da minha análise a esta espécie de sequela, devo referir que, sendo um enorme saudosista, com o "Top Gun" de 1986, este sentimento não se me aflorava. Só consegui ver o filme completo depois de algumas tentativas. Achava-o desinteressante, com diálogos fracos, o romance entre Tom Cruise e Kelly McGillis vulgar, insonso e sem interesse.

Na narrativa não existia um verdadeiro objectivo, Maverick era um puto arrogante, que queria ser o melhor, e pouco mais que isso. Nada retirei de especial do filme, e de entre os meus filmes preferidos provavelmente não estaria nem nos primeiros vinte. Pensei que este poderia ser o pensamento de um miúdo, depois de um adolescente e mais tarde de um jovem adulto. Agora, homem feito, cheio de sabedoria e inteligência, decidi dar nova oportunidade à película que nos dá a conhecer Maverick e Goose e fiquei boquiaberto de tão surpreendido. Então não é que não mudaria uma vírgula acerca de tudo aquilo que pensava de "Top Gun".

Mas antes de ser apedrejado, por todos aqueles que adoraram SEMPRE o filme, relembro que vou falar sobre o "Top Gun - Maverick" e não sobre o antigo. Apenas fiz esta introdução para perceberem o espírito com que fui assistir.

Tom Cruise arriscou, ao voltar onde já foi feliz, mas arriscou muito bem. Este novo filme consegue até dar algum sentido à xaropada que foi o primeiro.

Temos agora um Tom Cruise muito mais ator do que em 86. Os anos e o trabalho deram-lhe a experiência que lhe permitiram actuar, e realizar (Cruise também participa na realização), de uma forma que fez deste filme algo de empolgante.

Temos à mesma alguns pontos negativos. O romance com a Jennifer Connelly é o que menos destaca no filme. Parece demasiado forçado e o casal não gera cumplicidade e não desperta à aura romântica que deveria existir.

Os diálogos melhoraram e temos agora um "Maverick" menos arrogante, mas com bastante ironia.

Não quiseram fazer do herói o tipo duro em que nada o fere. Várias vezes vemos a personagem lacrimejar. Não de forma lamecha, foi sempre justificado.

Temos a participação de um Val Kilmer que tem neste filme, quase de certeza, a sua última aparição em filmes. Acaba por ser uma bonita homenagem em vida.

Neste "Top Gun" temos um objectivo, uma missão, algo que é o núcleo principal e que tem outras histórias à volta, acabando por se entre cruzarem.

Maverick é destacado, alguns anos depois, para voltar a integrar o "Top Gun", composto por uma elite de pilotos. Desta vez não para pilotar, mas para ensinar tudo aquilo que sabe, pois tem que seleccionar os melhores para uma missão quase suicida. Para os ensinar, a personagem de Tom Cruise utilizará os métodos menos ortodoxos, mas que permitirão que os alunos o passem a admirar e verem nele alguém em quem confiar.

As cenas de combate aéreo nesta sequela deixam as do primeiro filme a quilómetros de distância. São bem filmadas, interessantes e, mais uma vez, empolgantes.

No geral o filme correu muitíssimo bem, é daqueles casos muito raros de sequelas que são bem melhores que o primeiro.

Tom Cruise esteve mais uma vez bem, e fico contente que se tenha permitido a voltar onde já foi feliz. O primeiro impulso, quando foi falado que poderia existir um novo "Top Gun", foi o de rejeitar perentoriamente, mas após ter-lhe sido apresentado o guião, o actor nem hesitou em telefonar para os estúdios da Paramount, a informar que o iriam fazer, e os estúdios em boa hora aceitaram, pois "Top Gun - Maverick" já bateu recordes, como sendo o filme que mais rendeu nos últimos tempos, chegando aos 1,4 mil milhões de dólares... é muita massa.

30
Ago22

Um adeus fácil de dizer


Pacotinhos de Noção

20220830_035225_0000.png

Enquanto escrevo este texto sai a notícia de que António Costa aceitou a demissão de Marta Temido. Não temos Urgências, não temos Obstetrícia e agora também não temos Ministra da Saúde. Destas três ausências aquela que menos se sentirá será, sem a menor sombra de dúvida, a de Marta Temido, e precisamente porque a senhora foi sempre uma sombra. Daqui a semanas já ninguém se lembrará dela, e durante a vigência de todo o seu mandato só a ficámos a conhecer, graças ao maldito vírus, que ainda por aí anda, que matou bastante, mas que, curiosamente, deu vida a defuntos que de outra forma nunca veriam a luz do dia.

Quem por momentos pensar em contrariar-me, devo pedir que coloque a mão na consciência e que, além das aparições diárias em conjunto com a sua comadre Graça Freitas, em que outras situações viram a ex-ministra da saúde a dizer, ou fazer algo, a que se possa dar valor.

Não houve uma única reforma na saúde. As únicas coisas em que se mexeu foi apenas para estragar. Acabaram-se com as PPP, "esmifram-se" profissionais de saúde até mais não, e ainda se sacudiu a "água do capote", afirmando que se hoje não há profissionais de saúde, é porque não estudaram, nos anos 80 e 90. Afirmação feita, tentando ignorar a enorme quantidade de enfermeiros portugueses, a trabalhar no estrangeiro, por exemplo.

O balão de oxigénio que suportava Marta Temido acabou-se. Caíram hoje mais algumas máscaras, devido ao menor número de casos de COVID, e com elas caiu Marta Temido. Mas não deveria ser a única a cair. É que se o sucesso de um Ministro é partilhado pelo Primeiro, o insucesso também tem que o ser. E chamo a atenção para um facto que alguns se esquecem. Quando um Ministro pede demissão do cargo que ocupa, não o faz admitindo a sua incompetência. Fá-lo porque não tem o apoio necessário por parte de todo um Governo, encabeçado por António Costa, para proceder a alterações que visem o melhoramento da área que o seu Ministério representa. E isto é um facto, hoje a saúde está infinitamente pior do que quando António Costa tomou posse, e todos nós sentimos essa quebra de qualidade, quer nos Centros de Saúde, Hospitais, e até no Serviço Saúde 24. 

O que também não deixa de ser curioso é que exista um grande desinvestimento em áreas tão fulcrais, como aquela que serve de balança entre a vida e a morte, quando quase todas as semanas aparecem notícias afirmando que o Governo teve um excedente orçamental de uns bons milhões de euros, excedente esse que depois não é canalizado para onde mais faria falta.

Poderia dizer que este foi um duro revés para António Costa. Afinal de contas Marta Temido era a Ministra Coqueluche do nosso (vosso) Primeiro-ministro. Foi até apontada como possível futura candidata a líder do PS.

Regozijo-me por ver mais uma pessoa incompetente a largar um cargo de competência. Entristece-me saber que a probabilidade de ir para lá outro igual é tão grande quanto a de nos próximos dias morrer mais uma grávida, ou um bebé, por não conseguirem ter os cuidados necessários numas quaisquer urgências ou obstetrícia. Caso isto continue a acontecer, deverá rolar uma cabeça bem mais pesada do que a que rolou agora. O carrasco disto tudo deverá ser o Presidente da República, mas não me parece que o senhor tenha essa coragem política. Já vi governos serem destituídos e não estavam tão estraçalhados como este.

À Marta Temido, agora desempregada, resta-me desejar-lhe que tenha daquela resiliência boa, que receitou aos enfermeiros e médicos, para agora procurar um trabalhinho... Bem sei que provavelmente já haverá uma farmacêutica onde Marta Temido terá um lugar cativo, mas enquanto tal não é anunciado, é deixar a senhora emocionar-se e chorar, como tão bem já nos mostrou que sabe fazer.

25
Ago22

Seis meses de carne para canhão


Pacotinhos de Noção

png_20220825_005939_0000.png

Temos visto nas notícias que passaram seis meses desde o início da guerra na Ucrânia.

Uma guerra, que não é guerra, nem sequer invasão. É apenas a desnazificação de um país, ordenada por alguém que parece seguir à letra todos os compêndios que ensinam como desnazificar, sendo nazi.

Mas no meio desta tragédia não vou falar de motivos, de Putin, das estratégias, do marketing e da propaganda... Vou antes falar do quão confortável se transformou uma frase, que é cada vez mais usual, e que faz com que se me enricem os pêlos da nuca.

Tem muitas variantes, mas o núcleo da questão é o mesmo:

- "Se a Ucrânia perder esta guerra, todo o ocidente sai derrotado."

ou

- "A Ucrânia não se defende só a ela, defende todo o Ocidente."

A génese é:  - quem é invadida, bombardeada, saqueada, com militares, cidadãos e crianças mortas, é a Ucrânia, para que depois, no final, caso ganhem, todo um ocidente festeje, e caso não ganhe, todo um ocidente se sinta derrotado, porque, no final das contas, a Ucrânia não conseguiu fazer mais.

A pergunta que fica no ar, e que sei que não é fácil de fazer, porque a resposta não é agradável em nenhuma das suas formas, é: - SE O OCIDENTE SE SENTE TÃO AMEAÇADO, PORQUE RAIOS E QUE NÃO FAZ UMA INTERVENÇÃO MUSCULADA?-

Dir-me-ão que tal não pode acontecer porque legitimavam a que Putin pudesse atacar outros países, mas se o receio é precisamente o de que o anão russo domine a Ucrânia, e que siga depois  com os seus intentos mais para ocidente, então não se deveria tentar travar este lunático o quanto antes?

Poderão argumentar que o ocidente ajuda a Ucrânia com equipamentos militares, e até treino especializado, mas a verdade é o povo ser quem realmente sofre.

Enquanto se vão fazendo jogadas políticas, com Guterres, Von der Leyen, e outras figuras importantes, fazendo as suas viagens turísticas a Odessa, ou Zelensky e a esposa a serem capa da Vogue, num marketing quase pornográfico, a população sofre e vai servindo como escudo humano, para fazer as tropas russas perderem tempo e força, dando assim alguma hipótese aos militares ucranianos.

Bem sei que definir que o ocidente deveria entrar no conflito, seria quase que abrir portões a uma Terceira Guerra Mundial, coisa que quase ninguém quer. Digo quase porque há malucos para tudo, e também porque a guerra dá muito dinheiro a ganhar, mas nós, o típico cidadão comum, não quer certamente um conflito mundial, e não é com esse intuito que escrevo estas palavras. Aquilo que penso, e acho que se devia parar de fazer, era esta demagogia barata, esta tentativa de frases motivacionais e de citações de Facebook.

A Ucrânia não defende o ocidente. Estão a defender-se a si, e aos seus, e não precisa que lhes sejam colocados nos ombros responsabilidades que em nada ajudam na luta que travam.

O povo ucraniano borrifa-se se a Finlândia, a Suécia ou a Polónia estão em risco. Não por egoísmo ou por qualquer tipo de maldade, mas sim porque não querem, nem podem querer, saber dessas minudências, já que lutam para conseguir viver, para não verem morrer os seus habitantes.

Enquanto isso o ocidente afirma que esta luta, já tão desigual, precisa de ser mais desigual ainda, porque às costas da Ucrânia encavalita-se toda uma Europa, todo um E.U.A. e toda uma N.A.T.O.

A única imagem que  agora me surge do ocidente, é o de um tipo javardo, todo sujo, com a sua camisola de cava, sentado, todo suado, na sua poltrona surrada, em frente à sua televisão, vendo um conflito em directo, e afirmando que com a sua força, os ucranianos hão-de conseguir vencer, mas quando de repente tocam à porta, o bezerro sudorífero, nem levanta os glúteos da poltrona, porque lhe dará muito trabalho. Prefere gritar por alguém, para ir à porta por ele.

Deixem-se de "nós isto, nós aquilo". São eles que combatem, são eles que morrem, serão eles que, na pior das hipóteses perderão, são eles que na menos má das hipóteses ganharão. O ocidente que se preocupe em perceber que existe mais para além do seu próprio umbigo, e que mesmo esse, que está ali tão perto, merece uma limpeza profunda, para tirar camadas e camadas de cotão.

 

17
Ago22

Polícias dum catana


Pacotinhos de Noção

png_20220816_232406_0000.png

Isto é uma vergonha, é o que é.

Então há imagens destes dois energúmenos, de farda, que desataram a dar pancada neste senhor, que só tinha ido à mercearia comprar brócolos para o almoço?

A violência foi tal que o homem até deixou cair a bengala... Defensores desses biltres que usam a sigla PSP (Porrada Sempre Presente) vão dizer que não era uma bengala, e sim uma catana, mas que sabem eles, senão passar a mão pelo pêlo destes meninos da farda azul, que não servem para nada, que ganham aos milhares, cheios de regalias, autênticos sorvedores de dinheiro do erário. Ganhem vergonha nessa cara e vão fazer qualquer coisa de útil para a sociedade. Quem é que precisa de polícias? Andor!

A grande diferença deste início de texto, para as primeiras notícias que saíram com as imagens dos polícias, numa suposta agressão a um indivíduo, é que eu agora digo - "Ah, ah, ah, eu estava a brincar."

Não sei se por acaso alguém já se veio retratar pelo facto de divulgarem as imagens editadas para que não se visse aquele pequenino objecto cortante. Se vieram pedir desculpa por omitirem que a vítima da feroz polícia, tinha percorrido o Bairro Alto, brandindo aquela arcaica catana, colocando em perigo a vida de quem com ele se pudesse cruzar.

Este indivíduo responde pelo nome de João. É conhecido na zona por ser conflituoso, por ameaçar pessoas e chegou já a ameaçar uma mãe e o seu bebé. A PSP foi chamada ao local por lojistas e habitantes que haviam sido já ameaçados naquele dia. Ofereceu resistência à polícia e, quando assim é, acho que a polícia deve agir em conformidade. Obviamente que quem filmou a cena teria que se colocar no lado da vítima, ou não fosse um saudosista do movimento "Black Lives Matter", ignorando que o correcto de um movimento deste tipo seria que "All Lives Matter".

Em entrevista à SIC, o Steven Spielberg desta película, admitiu que quando viu a actuação da polícia, se lembrou logo desse caso do George Floyd, o que mostra à partida que os polícias só sairiam bem na filmagem se lavassem o rabinho do João Catana, com águinha de rosas.

Depois deste caso devo dizer que fico contente com a resposta que os cidadãos têm dado, divulgando vídeos de situações de agressões contra polícias que, no exercício da sua função, que e a de proteger a sociedade, colocam em risco a sua vida e como agradecimento levam não menos que uma cuspidela na cara.

Lembro-me de uma manifestação em que um idiota levava um cartaz com a mensagem "Polícia Bom é Polícia Morto", pois eu arrisco-me a converter esta mensagem para "Polícia Morto porque era Polícia Bom", porque são os bons, os que cumprem as suas funções, que acabam por sofrer pelo seu bom profissionalismo.

Estamos a viver numa sociedade em que a ordem dos valores é perfeitamente aleatória. Os bandidos batem nos polícias e são protegidos, há um tipo que dispara sobre quatro mulheres, matando duas, e é visto como um herói, porque anda fugido à polícia. Estou a falar no caso do Manuel Palito, que foi, para mim, uma vergonha sem tamanho. Houve até uma altura em que as pessoas torciam para que o assassino não fosse apanhado... Está tudo doido!

A polícia é apelidada uma força de autoridade, mas não pode ser minimamente austera, caso contrário são abertos processos.

Já cheguei a ver um miúdo, ainda a cheirar ao leite da mãe, a reclamar com uns polícias, porque queria estacionar o seu carrinho que não necessita de carta, no lugar onde estava o carro da polícia, porque assim ficava à porta da escola... Falou com um desrespeito e com uma arrogância, que o certo ali era os polícias terem feito um truque de magia, e fazer o cassetete desaparecer num orifício qualquer, não interessa qual.

Sou por uma polícia mais musculada, sou por um código penal que não tenha um limite de 25 anos, permitindo sair passado 8, por bom comportamento. Já pararam para pensar que em Portugal, um tipo que mate um, ou mate 40, no máximo dos máximos apanha sempre 25 anos?

É por isso que quando me recordo daquele antigo caso do sequestro, numa sucursal de um Banco BES, em que o bandido colocava causa a vida de terceiros, tenho orgulho no trabalho daquele polícia que desferiu o tiro certeiro. Será chocante esta minha posição? Possivelmente, mas a mim, choca-me muito mais que o assassino, Pedro Dias, tenha sido condenado a 25 anos de prisão e que, uma vez que já está preso há seis, daqui a pouco tenha a possibilidade de fazer um pedido de liberdade condicional. Choca-me ter polícias na rua, a ganharem pouco mais que o ordenado mínimo nacional, para colocar a vida em risco. Choca-me ter elementos de uma população, que conseguem vislumbrar em qualquer escroque da sociedade um lado humano, mas que se esqueçam que o Robocop só existiu no cinema, e mesmo esse só fazia a diferença porque antes de ser robot também já tinha sido homem, e, curiosamente, morto no exercício das suas funções.

Para terminar, e antes que alguém venha dizer o óbvio, e que é o facto de o "João Catana" poder sofrer de problemas psicológicos, queria dizer que se alguém tem problemas mentais, e tenta fazer mal aos outros, então que seja internado compulsivamente. O Charles Manson também era maluquinho e vejam só o que conseguiu.

14
Ago22

Hipocrisia em estado puro


Pacotinhos de Noção

20220814_015936_0000.png

Serei curto e grosso, que não há grande coisa a dizer 

Como pode um tipo, numa página de story, se estar a vangloriar de agressões que, ao que parece, ocorreram entre claques, e em que até define o mesmo como desporto, e logo no story a seguir afirmar o quão é bonzinho, e gosta de animais.

Até posso fingir que acredito que goste, o que só mostra que quem é amigo dos animais nem sempre é flor que se cheire.

Não divulgarei o nome da pessoa porque acho não ser necessário, mas faz-me confusão que nenhuma autoridade competente encontre destas coisas no Instagram, e não averigue.

Tal como avisei no princípio -> CURTO E GROSSO.

12
Ago22

Não há Volta a dar


Pacotinhos de Noção

Polish_20220812_012934903.jpg

Sou um apaixonado confesso por televisão.

Não sendo pessoa de vícios este é um dos poucos que tenho. Por muito pouco que seja todos os dias tenho que ver televisão. Sei que existe muito lixo, mas cabe a cada um de nós escolher aquilo que quer ver, as opções são muitas e variadas, e se por acaso ocasionalmente quisermos ver lixo, também é legítimo que se o faça, até porque a Cristina Ferreira também precisa comer, e não lhe vamos boicotar o canal.

Quando era miúdo ganhei o hábito de ver dois eventos sazonais que depois, ano após ano, nunca perdia. Curiosamente de modalidades das quais não sou especial fã, mas que naquelas ocasiões específicas faziam todo o sentido para mim.

Um, era o Rali Paris-Dakar, que me servia quase de comemoração de passagem de ano, pois começava (e ainda começa) sempre por essa altura. Quando a prova deixou de ser disputada no percurso original, e passou para outras partes do Mundo, perdi o interesse, e assim como eu muitas outras pessoas, porque até a cobertura feita pelas televisões, passou a ser mínima. Devo dizer que para mim quem fazia a melhor cobertura do rali era sempre a SIC.

O segundo evento, e que me leva a escrever este texto, é a Volta a Portugal em bicicleta.

Vi quase todos os anos, até mesmo quando deixou de ser na RTP e esteve na SIC.

Lembro-me de nomes como Vítor Gamito, Orlando Rodrigues, Joaquim Gomes, Massimiliano Lelli, David Plaza, etc.

Mais curioso é lembrar-me de nomes de equipas como a Sicasal-Acral, Recer Boavista, LA Pecol, Tróia-Marisco, Porta da Ravessa, mas não vos vou maçar com estes pormenores. O que foi para mim uma grande maçada foi o susto que hoje apanhei, quando a seguir ao almoço liguei na RTP, para ir ver um pouco da transmissão da Volta, e dou por mim a olhar para um programa do mesmo tipo daqueles que dão nas tardes de fim de semana, onde havia um tipo a "cantar" músicas de duplo sentido, uns "repórteres" a fazer perguntas parvas a senhoras de idade avançada, e oráculos com números de chamadas de valor acrescentado. Isto tudo sublinhado com o título "Há Volta..."

De imediato os meus olhos encheram-se de lágrimas, e como numa daquelas retrospectivas cinematográfica, vislumbrei as belas paisagens portuguesas, com o pelotão serpenteante pelas nossas estradas nacionais. Os parolos a correrem em frente às bicicletas, atrapalhando os ciclistas, e os magníficos comentários do João Pedro Mendonça e do Marco Chagas, os meus companheiros desde sempre, em todas as etapas da volta a que assisti até hoje, da volta. Pensei ser o fim desses momentos que me faziam sonhar, quando ainda não tinha carta de condução, de que haveria de visitar vários dos sítios por onde a Volta passava. Pensava que mais uma vez tinham destruído algo que era simples, mas que não precisava de mais invenções para continuar a funcionar... Sequei as lágrimas e desliguei a televisão.

Mas a desconfiança ficou, e agora à noite fui verificar mais uma vez se teriam realmente destruído a transmissão daquela que é a prova rainha do ciclismo em Portugal, e foi então que tive a enorme felicidade de constatar que afinal aquilo a que assisti foi apenas um pequeno propedêutico de mau gosto (se me é permitido o aparte) para a boa, e já tradicional transmissão, da Volta a Portugal com os comentários que eu tanto gosto, por quem tão os bem faz.

Resumindo, acabou por ser só um susto e o título lá em cima só agora no fim faz sentido porque "Não há Volta a dar, se está bom é escusado mudar".

Pág. 1/2