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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

28
Set22

A Rapariga da Fotografia (SPOILER ALERT)


Pacotinhos de Noção

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Vi hoje o documentário da Netflix, "A Rapariga da Fotografia". 

Um documentário de quase duas horas que nos mostra que Hollywood ainda não conseguiu inventar nada que se possa assemelhar com a realidade.

No fim destas quase duas horas de documentário posso dizer que sinto mais pobre anímicamente do que antes de o ver, e isto porque a minha percepção do quão horroroso pode ser o Homem, ficou mais apurada.

A história, real, começa com o atropelamento de uma rapariga de cerca de 20 anos, que acaba por falecer.

Dão-nos os dados principais e começamos logo o nosso julgamentozinho.

Uma miúda jovem, bonita, com um relacionamento com um homem mais velho, de quem tem um filho de 6 anos e que, ainda assim, trabalha em bares de strip.

Isto são os primeiros dados e não criamos grande empatia com esta rapariga, mas depois começam a surgir os relatos de quem a conhecia.

Tudo bem que já está morta e dos mortos só se fala bem, mas quem dava o seu depoimento mostrava real tristeza, e dá par perceber que sentem a falta daquela pessoa.

O que é um facto é que tanto as amigas, como enfermeiros do hospital onde a rapariga faleceria, perceberam que algo de estranho se tinha passado e avisaram as autoridades, autoridades essas que ao pegar no caso descobriram que o nome dado pelo marido era falso.

Isto é só a ponta do véu e dá para ficarmos maravilhados ao perceber como o FBI, com apenas algumas migalhas, conseguiu chegar a algumas conclusões acertadas.

Não vos vou contar mais, vou só deixar-vos os ingredientes principais e mais aterradores, mesmo sendo spoiler.  Depois cada um  decide se vê o documentário ou não.

O marido que a levou para o hospital, e que se crê que tenha sido quem provocou a sua morte, era afinal o seu pai, que era afinal o seu violador, e que era afinal o seu padrasto raptor, desde quando esta menina tinha uns 5/6 anos.

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Anos de tortura psicológica fizeram com que a rapariga fosse um boneco nas mãos deste homem, fazendo tudo o que ele lhe mandava, incluindo prostituir-se.

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Mais tarde a rapariga engravidou e teve um menino chamado Michael. O Michael passou a ser mais uma forma de chantagem para este homem.

Depois da morte da rapariga, o Michael foi entregue a uma família de acolhimento, e veio a provar-se que ele não era filho do monstro que lhe torturava a mãe.

Ainda assim, este bandido, foi a escola da criança, com uma arma, e raptou Michael.

Mais tarde confessou que poucas horas depois matou o menino de 6 anos, com 2 tiros na nuca, fazendo desaparecer o corpo.

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Temos já duas mortes nas costas desta coisa, que não é humana, mas o FBI deu, entretanto, com mais um cadáver de alguém, que se veio a descobrir então, ser uma amiga/colega da rapariga, que trabalhava no mesmo bar de strip que ela. Levou dois tiros na nuca, e é esta descoberta que faz com que este tipo seja condenado à pena de morte.

Mas como tudo isto se despoletou?

Basicamente foi devido a uma mãe que tinha demasiado energia entre-pernas, desculpem-me a expressão.

Suzanne Marie Sevakis, a tal rapariga atropelada, só veio a ter o seu verdadeiro nome revelado já após a sua morte. Tinha sido Sharon, tinha sido Tonya, já tinha usado mais uma série de nomes.

Foi a primeira filha de um casamento de dois jovens, Sandra e Cliff.

O casal vivia feliz, mas Cliff teve que ir para a guerra do Vietname.

Sandra não aguentou esperar, e quando Cliff voltou a sua mulher já estava casada com outro homem, e com mais dois filhos desse relacionamento. Mais tarde haveria de ter outra criança, mas acabaria por se separar também desse marido.

Vai morar para um parque de caravanas que acaba por ser fustigado por um tornado, fazendo Sandra perder até a casa. As crianças acabam por ser sinalizadas pela Segurança Social. Numa visita à igreja, onde Sandra chora, talvez com pena de si própria, surge um cavalheiro que lhe pergunta o motivo de estar assim. Depois de ela contar-lhe, ele propõe que se casem, para não perder os filhos... Ela aceita.

Para mostrar como os passos desta mãe de família são certos, acaba por ser apanhada pela polícia, por passar cheques falsos. Fica presa cerca de 1 mês, e quando volta cá para fora constata que os seus filhos desapareceram. Hoje sabemos que três foram institucionalizados e a Suzzane foi raptada pelo seu padrasto, e usada como mulher dele, ainda enquanto criança.

O que esta mãe fez, como qualquer mãe faria, foi correr meio Mundo, falar com todas as instituições possíveis e imaginárias para que a ajudassem a encontrar os filhos, certo? Errado.

Foi à esquadra mais próxima e quando lhe disseram que não podiam fazer nada porque o raptor era seu marido, ela encolheu os braços, e segue como se nada tivesse acontecido.

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O descaso desta "mãe", deu origem a 20 anos de sofrimento da filha que, imaginem só, mesmo com estes problemas todos passou pela vida de várias pessoas, marcando-as positivamente. Conseguiu ainda uma bolsa de estudo, paga a 100% para ir para a universidade, coisa que acabou por não acontecer, ao ter engravidado, e ter saído da cidade em que estava.

Originou o assassinato do neto, que nem conheceu, e ainda bem para o neto, porque seria alguém que não acrescentaria nada de novo na curta vida do menino.

Nesta história toda há muitas coisas perturbadoras. Não quero imaginar o sofrimento da menina, durante quase todos os seus 20 anos. O medo e o desespero do menino que, havia perdido a sua mãe recentemente, e a quem era tão ligado, e que acabaria por morrer às mãos do padrasto.

É também muito perturbador que no meio de tanta morte, esta mãe, embora velha e debilitada, ainda esteja viva, e que o assassino, violador, embora tenha apanhado pena de morte, ainda esteja hoje vivo também... Preso, mas vivo, e um dia pode ser até que veja a sua pena mudada, caso se proíba a pena de morte na Florida.

24
Set22

O que dizem, e o que pensam


Pacotinhos de Noção

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As pessoas do sexo feminino que seguem o Pacotinhos, que me desculpem, mas todos nós sabemos como as mulheres gostam de roer os ossos umas das outras.

Presentemente, com a capacidade que o homem actual tem de se tornar cada vez mais andrógeno, também já temos aquele hábito de cortar na casaca uns dos outros, mas não o conseguimos fazer com a mestria e o cinismo das meninas.

Atenção, isto não é uma crítica. Somos como somos e temos as nossas características, mas não pude deixar de pensar nisto quando vi tanta partilha da capa da Women's Health com a Bumba na Fofinha.

Não pude deixar de pensar, também, na confusão que se gera nas pessoas.

Temos que ser todos "fit" e todos saudáveis. Caminhar, correr, escalar e ir ao ginásio sete dias por semana, numa cultura de corpos que se querem, no mínimo, como o do Adónis, não olhando a meios para atingir os fins, fazendo até com que pategos como o Miguel Milhão fiquem milionários com as suas vendas de proteínas. Depois, quando uma qualquer famosa tem filhos, e não consegue voltar à sua antiga forma física (e na minha opinião nem tem que o fazer, tem que ficar como se sentir melhor), é elevada aos píncaros por assumir as suas gordurinhas. Curiosamente este ano, nos areais deste nosso país, não vi ninguém acima do peso a receber uma faixa de Miss, ou Mister Praia... Bem, na verdade, nem com gordurinhas, nem sem, mas vocês perceberam aquilo que quis dizer. O Fernando Rocha, por exemplo, há pouco causou furor porque ficou todo enxuto. Quando tinha pança nem capa da TVGuia conseguia ser.

Mas já fugi um pouco ao contexto daquilo que queria escrever inicialmente, e que basicamente se pode traduzir numa frase, não muito simpática, mas que se fosse dita pela Samantha, do Sexo e a Cidade, estaria provavelmente espalhada pela internet, e que é:

"Nós gajas, somos todas umas cabras, mas as vossas tetas são mais descaídas que as minhas".

Em relação à Bumba na Fofinha só lhe posso dar os parabéns por ter dado à luz. Dizem que a maternidade dá uma graça especial às mulheres, pode ser que finalmente tenha alguma.

23
Set22

Idosa vítima do "Não há"


Pacotinhos de Noção

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Todos terão conhecimento do caso da velhota filmada num lar, coberta de formigas. Aquilo de que ainda não se falou foi da verdadeira razão para isto acontecer e porque morreu a senhora.

Primeiro que tudo a senhora morreu devido à sua já provecta idade, e consequência também, de todos os problemas de saúde que a afectavam, e que poderão ter sido agravados pelas condições em que esta senhora se encontrava.

Segundo devo dizer que Florinda Queiroz foi vítima do "Não há".

Todos conhecem o "Não há", que tem sido longamente debatido nos programa de análise política, e até nos de economia.

Não há médicos, não há enfermeiros, não há varredores de rua, não há dinheiro. Não há vergonha na cara, não há oposição, não há professores e também não há água.

Estes são alguns dos "não há" que podemos imputar ao Governo, aos políticos e a todos que não o cidadão comum. Os "Não há" que foram servindo de pregos no caixão da D.Florinda não parecem tão graves, mas foram-lhe fatais.

Não há, por parte da Santa Casa da Misericórdia, vergonha por terem lares com esta falta de condições. Não há supervisores na instituição que façam vistorias para que a situação não chegue nem perto deste ponto. Na Segurança Social também não há técnicos/inspectores que visitem os lares da SCM ou mesmo os da própria Segurança Social. Relembro que há poucas semanas foi encerrado um lar, cheio de condições e com utentes satisfeitos, mas que burocraticamente, tinha uma série de papéis em falta. Não há noção.

Aquilo que também não há é a honra, a empatia, o cuidado para com o próximo e dignidade. Aqui refiro-me a quem fez estas gravações, e que mais tarde as divulgou.

A princípio teve um gesto correcto e sensato, mas se há coisa que aqui não há são estúpidos nem otários, e tal como em quase todos os vídeos de denúncia de lares, eles só são divulgados depois da colaboradora que os fez, já ter sido demitida, ou não ter visto o seu contrato renovado. Soa a vingança, a mesquinhez. Se tivesse continuado a lá trabalhar, já não divulgaria os vídeos?

Estas gravações foram feitas a 12 de Junho... Estamos no finalzinho de Setembro.

Como esta ex-funcionária conseguiu, dia após dia, encostar a cabeça no travesseiro e dormir, sabendo que no lar onde trabalha estava, pelo menos, uma idosa a ser calmamente devorada por formigas. Deixa-me também um pouco apreensivo em como é que não houve uma rápida necessidade de limpar e ajudar aquela senhora. Teve muito mais impacto a gravação das formigas, e do carreirinho que faziam. A verdade é que a 24 de Julho a D.Florinda morreu, e só a 8 de Setembro a Segurança Social, e a GNR, visitaram o lar, pouco tempo depois da denúncia.

Quem divulgou o vídeo que não julgue que teve um acto herói. Da maneira como fez as coisas prova que aqui não há heróis, há apenas cúmplices.

Para acabar queria falar no facto de que não há amor.

Então durante todo o tempo que a senhora esteve neste lar a sofrer, não houve um familiar que lhe fosse fazer uma visita, constatando as precárias condições em que a senhora se encontrava? Que raio de pessoas são estas que despejam os velhos em lares e não mais querem saber deles.

Em abono da verdade, o Cro-Magnon, filho da D.Florinda, já falou para a CMTV, muito indignado, dizendo que na visita que fez à sua mãe, a 12 de Junho, viu que ela tinha formigas no braço e nos ouvidos, que se dirigiu a "alguém" e que questionou:

"Atão a nha manhi tá chêa de framigas?"

— mas não lhe deram nenhuma resposta, o que foi pelos vistos suficiente para ele, pois não houve mais visitas nem tentativas de tirar a mãe deste lar. Não há amor e não há respeito por quem o pariu, por quem lhe deu de mamar e por quem tão erradamente o educou.

Para acabar posso dizer que no final deste texto também não há novidade, pois repito aquilo que já hão-de ter lido noutros textos meus. A sociedade está podre, tenho vergonha de poder ser confundido com algum destes seres, só porque ambos somos bípedes.

20
Set22

Desamor à camisola


Pacotinhos de Noção

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Recentemente tivemos a notícia de uma criança que, no jogo Famalicão — Benfica, foi obrigada a despir a camisola do clube que gosta, porque estava na bancada afecta à equipa da casa. Mais recentemente tivemos conhecimento de um adepto do FCP que, com a sua filha de 3 anos no colo, se viu obrigado a sair da bancada onde estava, também por se ter misturado com adeptos do Estoril.

Não sou das pessoas mais esclarecidas nem iluminadas deste Mundo, mas aquilo que me surge no pensamento é que, tanto o miúdo como o pai com a criança, que foram até chamados à atenção por uns quantos idiotas, que conseguem transformar o acto de assistir a uma partida de futebol na porcaria e no desconforto que hoje é, são quem está correcto e que tem no seu ideal aquilo que o futebol deveria ser. Um desporto colectivo, em que assistir, também em colectivo, deveria ser um prazer. Em que o assistir a uma partida de futebol seria um acto de festa e comemoração, podendo os adeptos dos diferentes clubes estar sentados lado a lado, podendo até ter discussões afáveis e salutares. Isto seria num Mundo ideal, e este ideal até nem é impossível de conseguir. Na Inglaterra, que sofria com casos graves de holiganismo, esta limpeza de maus adeptos foi feita. Basta haver vontade e transparência.

Não podemos menosprezar o trabalho das claques legalizadas, e até das ilegais. São de uma importância enorme. Não para o espectáculo do futebol, nem para o adepto comum que gosta de ver a bola, mas são importantíssimas para o comércio e tráfico de droga, importantíssimas como forma de camuflagem a bandidos da pior espécie, que vêem numa claque, e no próprio clube de futebol, a armadura necessária para não terem que responder perante a lei, e são, finalmente, também importantíssimas para alguns presidentes e dirigentes de clubes que têm nestas suas claques autênticos seguranças, capangas e até braços armados, que os protegem e que lhes fazem favores, quando é preciso ameaçar ou invadir negócios pessoais de árbitros, e até apedrejar carros de treinadores pouco eficientes.

Tudo o que atrás referi é parte daquilo que me afasta cada vez mais do futebol. Não gosto, nem nunca gostei de ir aos estádios. Infelizmente o meu filho não concorda com esta minha falta de gosto, e desde que ele nasceu já fui quase tantas vezes quantas as vezes que fui antes dele existir. Ainda por cima agora joga futebol, precisamente no Estoril, e é por isso que falo com conhecimento de causa. Os tipos que tiveram este tipo de atitude para com o adepto do FCP, são pessoas já com muita idade para terem juízo. É trampa em forma de gente, e que precisam daqueles 90 minutos, da partida do futebol, para poderem ter uma pálida sensação do que é ser gente, pensando, estupidamente, que ser gente é gritar, humilhar, fazer uma autêntica luta de território, num território que nem é seu, e ignorando que para se poder lutar por um território é necessário, mais do que ser macho, ser um líder, ser forte e acima de tudo saber respeitar o adversário.

Num remate final (fica sempre bem uma alusão ao desporto a que nos referimos) gostaria de dizer que a direcção do Estoril Praia já emitiu um comunicado com um pedido de desculpas ao pai e à menina, adeptos do FCP. Acho bem, uma vez que a casa é sua, e só lhes fica bem se responsabilizarem pelos macacos que permitem estar do lado de cá do gradeamento, junto dos adeptos a sério.

Ignoro se por parte do Famalicão já houve um pedido de desculpas à criança que teve que assistir ao jogo em tronco nu. Também não tinha ficado mal ao pai deste miúdo, ter aproveitado para lhe demonstrar o conceito de honra e de reclamação. Não assistiria ao jogo por uma questão de honra, já que o filho foi humilhado, e faria uma reclamação, a exigir o dinheiro dos bilhetes de volta. Mas isto é a minha opinião, que é a de alguém que entre um jogo de futebol e um filho, não hesitaria em qual escolher.

14
Set22

Pequena Sereia - Inclusão a martelo


Pacotinhos de Noção

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Para quem não está ao corrente, a Disney estreará, em 2023, o filme com personagens reais da "Pequena Sereia". Logo aqui a coisa já começa a azedar. Não gosto de transições de desenhos animados para filmes com personagens de carne e osso. Isto é um gosto pessoal, e como tal percebo quem não partilhe dele, contudo um filme que se quer real, mas que tem quase mais recurso ao trabalho de computadores, com a técnica CGI, do que o antigo, de animação, nem sei bem se se pode chamar de "live action", mas tudo bem.

Este filme gerou polémica porque a Disney optou por colocar, para desempenhar a personagem da Sereia Ariel, uma atriz de raça negra. 

Este tipo de situações não é virgem, pois não surgiu só com a Pequena Sereia. Relembro que já se falou de um 007 de saias, o novo filme do Pinóquio também optou por uma fada madrinha negra, e em 2021 foi feita uma adaptação do conto "Cinderella", em que a latina Camila Cabello, era a protagonista, e a fada madrinha era um homem, negro e gay.

Sei que existe uma forte probabilidade de haver quem não perceba a minha opinião, mas vou tentar explicar o melhor que consigo, para que não se tirem conclusões erradas.

Para mim esta atitude da Disney é patética, populista, hipócrita, e revela que a empresa se verga perante as pressões que algumas minorias exercem.

O facto de a Ariel, ou a Fada Madrinha do Pinóquio, serem negras, acrescentam algo de novo, ou positivo à história? 

Não, a história não fica melhor nem pior, devido à cor da pele da personagem, agora a história da Disney, contada anos a fio, perde toda a sua magia quando serve de porta-estandarte a afirmações políticas, de identidade ou de género. A história originalmente escrita já tem uma moral, não tem que se acrescentar uma nova, que só existe porque há pressões.

Aliás, se para o bom decorrer da história, fosse crucial que a personagem fosse, preta, branca, amarela, alta, baixa, gorda ou magra, essa característica seria apontada na sua versão original. A Branca de Neve é descrita como tendo a pele clara e imaculada, daí ser a Branca de Neve.

Os tipos com quem ela foi morar eram anões, e sendo os anões uma minoria, há vozes que agora se erguem, afirmando ser um abuso, uma usurpação e até uma forma de os ridicularizar, quando utilizam personagens anãs para enriquecerem uma história infantil. Ameaçam com processos para que a mesma seja alterada. Ridículo.

Depois temos a moda da apropriação cultural. A personagem da Ariel e da Fada Madrinha são negras, mas não poderá haver alguém que torça o nariz, e que afirme que o uso de atrizes negras para reproduzir um desenho animado, é apropriação cultural?!

É-se preso por ter cão e preso por não ter.

Atenção, acho que o contrário também se aplica. Não faria sentido nenhum que a personagem "Blade - O Caçador de Vampiros", ou o "Shaft", que na sua origem são negros, tivessem sido interpretados por actores brancos. Nem é pela cor da pele, mas porque não foi assim que a personagem foi criada.

Este fenómeno de passar a mão no pêlo das minorias, não se traduz só na cor da pele. Chamo a atenção para o recente filme "Monstros Fantásticos - O Segredo de Dumbledore".

Em nenhum dos filmes do Harry Potter, ou até nos livros, se faz menção ao facto do feiticeiro Dumbledore ser gay ou não. Não se fala porque de facto é um tipo de personagem assexuado. A sua orientação sexual não muda em nada o curso da história e como tal não faz sentido referi-la. Mesmo neste "Monstros Fantásticos", o tema da homossexualidade de Dumbledore é metido a martelo porque, de facto, agora é o que vende. É primordial que todo e qualquer filme tenha uma "mensagem", e a simples vitória do bem contra o mal já não chega.

Eu se quiser receber mensagens que me façam evoluir como pessoa, não vou ver um blockbuster a um cinema NOS, procuro noutro lado. Ali quero passar bons momentos e não quero que usurpem uma história, só porque sim.

Tudo é politizado, tudo é passível de ser cancelado se não for de encontro aos cânones e às doutrinas daqueles que se sentiram a determinada altura à margem, e que para que tal não se repita não hesitam em manter à margem quem deles seja diferente.

Devo dizer que acho até que estas tentativas forçadas de tentar colocar minorias em local de destaque nas histórias, é bastante mais humilhante do que nem ter essas personagens. Soa a esmolhida, a caridade social, que é dada a alguém que não pediu essa esmola.

O que é que se vai mudar a seguir?

O Pateta deixa de ser trapalhão, porque vai haver quem se lembre de dizer que a Disney goza com quem tem atraso mental?

Zé Carioca terá que deixar de existir porque personifica o velho hábito carioca de gostar de praia, do "Está tudo bem" e do "Deixa andar que as coisas se resolvem" e do não gostar de trabalhar? É UMA CARICATURA...

Este tipo de situações reportam-me sempre as quotas obrigatórias de mulheres em Governos ou em cargos de direcção em empresas. Não interessa a capacidade, a competência e a justeza de quem ocupa determinado cargo. Interessa, isso, sim, que há uma quota que é preciso preencher, e por isso mete-se lá seja quem for, desde que tenha um pipi.

A mais forte luta pela igualade, seja em que área for, não é a imposição e sim a normalização.

Quando era miúdo a minha mãe tentava obrigar-me a comer camarão e cogumelos e o resultado foi que lhes ganhei asco. So mais tarde, depois de adulto e de não ter alguém a tentar enfiar-me aquilo pela goela abaixo, é que fui provando e passei a gostar. Hoje vejo que perdi demasiado tempo a não gostar de camarão e cogumelos.

Para terminar gostaria de fazer uma crítica à Disney e dizer que se queriam ser inclusivos, além colocarem uma atriz negra, a fazer de Pequena Sereia, deveriam ter contratado uma atriz negra, obesa, careca, anã, lésbica e apoiante do LIVRE. Assim não falhava nada.

08
Set22

Furto de Contadores


Pacotinhos de Noção

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Na madrugada de Sábado para Domingo, rebentaram a fechadura do prédio onde moro, e andaram de volta dos contadores do gás. Não levaram nenhum, talvez por o prédio ser movimentado, o que não permitiu a que estes assassinos prosseguissem com os trabalhos.

Ainda assim, não foram embora sem antes accionarem um extintor, no átrio, precisamente do meu andar, e ainda se deram ao trabalho de desligar o gás a todos os moradores deste 1º piso.

Nesse mesmo dia houve mais algumas tentativas de roubo aqui na zona, e na Parede e Carcavelos, houve prédios a serem evacuados devido a fugas que o roubo dos contadores provocou.

Apelidei estes tipos de assassinos, não de forma vã. Recordo-vos que no último mês de Março, explodiu o último andar de um prédio na Amadora, consequência do roubo de contadores de gás. 16 pessoas foram afectadas, algumas feridas, e o prédio ficou inabitável.

Sei que isto parece um crime menor, mas o crime grave aqui nem é o roubo dos aparelhos, é antes a maneira como, de consciência leve, se coloca a vida das outras pessoas em risco.

A pergunta que agora faço é a seguinte... Calham uns moradores a apanharem um tipo destes, que não quer saber se no prédio moram crianças, bebés, ou o menino Jesus, e dão-lhe uma coça de tal tamanho que o põem numa cama de hospital, e serão estes moradores responsabilizados?

Que a polícia não tem meios, isso já todos sabemos. Ao Ministério da Administração Interna compensa bem mais comprar novos radares, do que colocar efectivos a trabalhar, mas vai haver uma altura em que a paciência das pessoas vai explodir (e esta escolha de palavras não é inocente) e vão começar a fazer justiça pelas próprias mãos. Uma coisa é andarem na rua, a roubar catalisadores. É chato, pois com certeza que é chato, mas não coloca ninguém em risco, agora uma pessoa chegar a casa, após um extenuante dia de trabalho, vai descansar e tem a possibilidade de ver a sua vida ir pelos ares! Isto é o quê?

Vivemos em constantes sobressaltos, com receio da guerra, da inflação, do vírus, e precisamos, obrigatoriamente de ao menos, na nossa casa, conseguir relaxar sem ter que pensar que quando for ligar o bico de um fogão, podemos todos ir pelos ares.

Este não e um texto informativo, nem tão pouco um artigo de opinião. É apenas mais um desabafo da constatação de que a sociedade caminha a passos largos para a destruição da sociedade, conforme a conhecemos. Vamos, ao poucos, voltando para a mediocridade, e para a desrespeito pela vida, que se vivia na idade média.

03
Set22

Ide todes dar uma curve


Pacotinhos de Noção

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O binário de um motor, simplificando, é a força de rotação que determinada parte do motor faz sobre o próprio eixo. Anda ali às voltas, todo maluco.

Já o José Carlos Malato assumir-se como não binário não faz muito sentido. Mesmo a definição de não binário é também muito pouco acertada, pois o não-binário deveria ser a definição de alguém que também não se decide se é gato, se é peixe, se gosta de gato ou de peixe, tal como o motor, anda ali às voltas, todo maluco, e não é. É exactamente o oposto.

Admito que ridicularizo um pouco esta situação, mas apenas porque de facto a sinto como ridícula.

Não tenho nenhum tipo de preconceito, no que à orientação sexual diz respeito. Acho que ser-se hetero ou homossexual não é uma opção. Assim como eu não optei por gostar de mulheres, alguém que goste de pessoas do mesmo sexo não o opta, sente-o apenas. E basicamente é disto que se fala, de sentimentos.

O sentimento que tenho por todo aquele que se sente bem consigo mesmo, e com a sua orientação, e que não utiliza destes argumentos para se vitimizar, ou servirem de propaganda, e arma de arremesso, têm em mim um apoiante.

Não tenho nada que ver com o facto de se alguém é homossexual ou não. Já disse várias vezes que não teria nenhum pudor ou problema, se daqui a uns anos, um dos meus filhos disser-me que descobriu ser homossexual, agora se me vier com histórias de que é não binário, ou adepto do poliamor, ai já me perguntarei onde terei errado na sua educação.

No meu entender isto não são orientações, não são modos de vida, são apenas maneiras de se tentarem destacar dos demais para chocar e ser diferente.

O José Carlos Malato estava morto para o mundo do audiovisual. Falou neste assunto e ficou na ordem do dia... ou quase.

Até há umas semanas o assunto da moda foi o poliamor, e das pessoas que se intitulavam de "poliamorosas", quase todas tinham um projecto comercial, ou uma banda, que aproveitaram para promover, enquanto falavam do facto de andarem com o Chico e com o Zé, mas que o Zé e o  Chico nem se conhecem, e se quiserem também têm a liberdade de andar com a Rebeca e com a Mónica, que por sua vez, podem andar com o Paulo e com o Fernando... Isto é um esquema em pirâmide das DST, ou estarei enganado?!

Alguém que não consegue definir se é homem ou mulher, exige que o respeitem nesta mesma condição, mas, simultaneamente, quer impor que toda uma sociedade seja obrigada a alterar até a sua forma de escrever, ou de falar, para que eles se sintam incluídos... "incluides", neste caso.

Porque raio tem que ser uma maioria a esforçar-se para a inclusão de uma minoria, que só existe para mostrar que é diferente? Uma minoria que existe por capricho, e que nem é estigmatizada pela sociedade, porque a sociedade não quer saber destas neo-denominações, e dos seus protagonistas, mas mesmo que quisesse nem podia, porque as suas convicções são tão fortes que num momento são não binários, e passado pouco tempo já não. Temos o caso da Demi Lovato, por exemplo, que surpreendeu quando se assumiu como deste género, nesse distante ano de 2021, e em 2022 já voltou ao que era dantes.

Voltando ao Malato. Ele teve a preocupação de se definir, mas para mim, as coisas estavam já bem definidas, desde a altura em que ele foi visto naquela discoteca [espacinho devido às cacofonias] gay, sem a parte de cima da roupa.

Estava definido que fosse o que fosse que ele lá estivesse a fazer, nós nada tínhamos que ver com isso. Foi uma imagem difícil de apagar da memória, concordo, mas não era nada connosco.

Estava definido que existia um Malato antes de começar a falar da sua vida pessoal, e um depois. Antes parecia uma pessoa ponderada, recatada, que não procurava as luzes da ribalta e que apenas fazia o seu trabalho. Gostava dele como radialista, com a sua voz inconfundível, e até com o seu humor, que não sendo fantástico era divertido, e adorava, no princípio dos anos 90, as suas narrações nos desenhos animados da SIC, Tic Tac Toons.

Depois temos o Malato apresentador de televisão, que não conseguiu perceber que "entrar na casa das pessoas" pela televisão, não é fazer com que as pessoas façam parte da sua vida particular. Ainda para mais quando é apenas para servir como espalha-brasas, dizer algo que não acrescenta nada de novo a ninguém, a não ser a quem inventa uma definição de binário, ou não binário, só para dizer que tem dentro da cabeça uma confusão dos diabos.