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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

28
Jun23

Badalhoquice, goela abaixo


Pacotinhos de Noção

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Volto hoje aos temas que realmente interessam.

Esqueçam a política, quer a nacional ou internacional, os submarinos que implodem ou o calor que de faz sentir nesta altura esquisita, a que noutros tempos chamávamos de Verão.

Falarei do quão difícil é conseguirmos bebericar ou comer algo fora de casa sem sentirmos que damos uma valente lambidela num penico.

Usando o infalível recurso das percentagens, afirmo, sem qualquer ponta de dúvida, que cerca de 80% das vezes que vou a um estabelecimento da área da restauração, tenho que pedir para me trocarem um copo, um talher ou um prato porque está mais badalhoco que uma sarjeta do Bairro Alto, em noite de santos populares.

A última situação foi hoje, em que no copo que me foi trazido à mesa, vinha uma enorme marca de batom. A princípio senti-me lisonjeado ao pensar que aquele copo sentiu que podia "rolar um clima", no almoço que ia ter comigo, e decidiu passar uma corzinha nos lábios, na tentativa de seduzir-me. Depois vi que era O copo, não era A taça, A caneca, A malga, e bem sei que actualmente o género não é o suficiente para nos catalogar, mas se é O, então é porque é masculino, tendo batom nos lábios ou não, o que me leva a conclusão de que a maquilhagem não foi uma tentativa de sedução, mas sim apenas falta de higiene de quem trabalha naquele restaurante. E atenção, não foi falta de higiene de uma pessoa só, ou um mero acaso. Acaso era aquele badalhoco copo cair ao chão, escaqueirando-se todo. A loiça teve o contacto com quem o levantou da mesa e levou à copa, teve o contacto com a pessoa que agarrou nele e o passou por água, antes de o meter na máquina - se não o fizeram deviam ter feito, e talvez o copo tivesse ficado bem limpo - depois foi retirado da máquina, pelo que mais uma pessoa teve contacto com ele, foi arrumado, depois foi desarrumado para ser usado, colocaram pedras de gelo e uma rodela de lima, para me servirem, e por fim trouxeram-no para a minha mesa. Garanto-vos que o restaurante onde fui não pertence à ACAPO (Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal), porque só assim se justificaria ninguém ter visto que aquele copo estava todo borradinho de batom. A cor estava tão bem definida que até vos posso dizer que era o Powerful Love Stunning Creamy, da KIKO.

"Ah, e tal, pedias para trocar" - Primeiro não me falam nesse tom, que estou pior que estragado por existir tanta gente porca, e depois porque estou cheio de razão!

Bem sei que posso pedir para trocar. Aliás, nem podia ser de outra forma, mas o confrangedor que é ter que fazer ver a alguém que o serviço que estão a fazer é porco, já ninguém me o tira, e passa a ser mais confranger ainda quando o funcionário faz cara de pum, e se comporta como o errado ali fosse eu. Deve ser uma falha minha porque já me senti mal variadíssimas vezes em situações em que quem estava mal não era eu.

Uma das vezes foi quando vi uma carocha enorme a passear no chão do restaurante.

Levantei-me e com subtileza disse ao funcionário que estava ali o bicharoco, ao que ele responde sem fazer questão de falar baixo: "Pot@s dum c@brã0, já e a terceira que mato hoje", e começa num sapateado alucinante, numa tentativa de pisotear a barata. Se alguém não se tivesse apercebido do bicho, no final ia bater palmas e dar uma moeda ao Sr.Silva, imaginando que ele estava numa actuação, a imitar o Fred Astaire... Quem não souber quem é o Fred Astaire, aproveitem e usem o Google. É uma ferramenta nova que vos diz tudo de tudo.

Outra situação foi um cabelo num bolo. Felizmente fiz algo que nem é frequente, parti a guloseima com a mão.

Quando o separo em duas partes sinto uma resistência anormal, e que mais não era do que um dos cabelos que cortaram ao Sansão, que não deixava separar as duas partes. Tive a mesma atitude de calmamente pedir para trocar e a menina do balcão levanta o sobrolho e diz: "Um cabelo? Isso é muito esquisito", e era mesmo, porque normalmente peço os meus bolos sem cabelo, e este tinha brinde.

Agarrou no bolo e desapareceu por uma porta, que por momentos julguei que fosse dar a Narnia, porque a moça não voltava mais. Quando regressa vinha de faca na mão e eu pensei que a minha vida acabaria ali, apenas porque pedi para trocar um bolo. A rapariga chega ao balcão e pergunta se eu sei o que foi que aconteceu!!! Senti a cabeça a andar à roda, porque embora ela tenha ido a Narnia e voltado, não tinha ideia que a viagem roubava a memória. Estava nestes pensamentos e então percebi que a faca não era para mim, e que não havia Narnia nenhuma. Aquele tempo de espera foi o necessário para que fosse feita a autópsia do bolo, que depois me foi mostrado todo esventrado. 

A conclusão a que a médica-legista de pastelaria chegou foi a de que o bolo tinha lá dentro um cabelo! Nunca tal me tinha passado pela cabeça, ou pelo menos aquele cabelo nunca passou.

Todos estes casos deixaram-me pouco à vontade e todos estes casos mostram como é cada vez mais porco o serviço que nos é prestado. Um serviço pelo qual pagamos e que é um serviço de conforto. Quando vou a um restaurante, ou a um café, vou porque não quero cozinhar, não quero lavar loiça, e se tiver sorte nem quero levar os talheres à boca, mas restaurantes em que me alimentem assim, ainda não encontrei. Mas quando pagas um serviço nestes sítios estás à espera que esteja tudo incluído, lavagem adequada da loiça, também. Se soubesse que isso era um extra, levava loiça de casa, que essa ao menos se estiver suja, sei que é porcaria minha.

É um facto que sou um tipo um bocado nojentinho. Comigo a higiene tem que ser um ponto forte, e prova disso é o meu banhinho que aos Sábados não pode falhar, mas após termos passado por uma altura em que tudo tinha que ser desinfecto e esterilizado, chegámos a uma altura em que se quiserem sentam um rabo suado no teu prato, e tu tens que comer e calar... Salvo seja.

Os anos 70 foram a época do amor livre, pois anteriormente houve uma grande repressão, e tudo parecia mal, agora, depois de tanto álcool e desinfectantes usados, chegámos à época do badalhoco livre... O amor livre deu em SIDA, este vai dar em hepatite.

22
Jun23

Assumpção de erro


Pacotinhos de Noção

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Andei enganado durante muito tempo, e não tenho vergonha de o dizer, nem problema em assumi-lo.

Durante muito tempo defendi que Portugal não era um país racista, que haveria um ou outro caso, mas que, na sua essência, não o era. Mentira.

O que vejo é que sim senhor, é um país racista, tinha era algum pudor em o mostrar, mas agora, com a falta de vergonha que se alastra, já muitos não têm nenhum pejo em vomitar os seus pensamentos racistas. Testemunhamos constantemente no futebol, quando as claques tratam de imitar gorilas, ou de insultar jogadores pretos, testemunhamos no dia a dia, quando referem que vão aos “chinocas”, ou que quem conduz os TVDE são os “chamuças”, ou que o incompetente que nos governa é um “monhé”. E isto nem é uma questão do poder-se, ou não se poder dizer nada. Podemos dizer tudo, desde meio que não se ofenda e não se humilhe.

O recente caso, dos comentários racistas ao post promocional da PSP, não me faz ter vergonha de ser português porque também nunca foi nada que me desse particular orgulho, pois não sou nacionalista. A vergonha que tive, e se calhar mais desalento que vergonha, foi por constatar que tenho que partilhar oxigénio com este tipo de gente idiota. Foi perceber que não eram apenas uns comentários que tentavam ser engraçados, e que eram, isso, sim, pessoas comuns que podem ser nossos vizinhos, colegas de trabalho, ou até familiares, que em pleno séc.XXI, numa altura em que até já se inventou a inteligência artificial, e em que se descobrem vacinas em tempo recorde, mostram que estamos a regredir a ponto deles não hesitarem em colocar, numa rede social pública, comentários racistas, apenas porque a PSP colocou a imagem de um polícia preto.

Que raio de retrocesso civilizacional é este?

Bem sei que a questão da cor da pele nunca chegou a deixar de ser questão, mas havia um receio de se demonstrar que se era racista, e deixem-me que vos diga, que mesmo sabendo que por parte de algumas pessoas, a aceitação era falsa e hipócrita, prefiro mil vezes a falsidade e a hipocrisia, do que esta honestidade ignóbil, esta sinceridade bacoca, que mais não é do que estupidez, ignorância e idiotice.

Poderia tentar varrer as culpas para debaixo de um tapete geracional, dizendo que são pessoas mais velhas, que têm este tipo de atitude, pois vêm ainda do tempo da "outra senhora", mas o problema é que não. Assustadoramente, cada vez se vê mais malta nova a tecer este tipo de comentários. O pior disto tudo é que o fazem com a soberba, e a arrogância, que só a juventude dá, e depois ainda têm a capa protectora da infantilidade, em que aparece malta mais velha a dizer que não vale a pela levar a sério, porque são malta nova. Já eu acho que é, precisamente, por serem malta nova, que é preciso levar a sério, pois alguns estão em formação de carácter, e pode ser que ainda tenham tempo de mudar.

Para acabar gostaria de defender que todo e qualquer acto racista deveria ser alvo de processo de crime público, ou de multa pecuniária de alto valor, pois se cidadania não funciona, pode ser que autoridade ajude. No entanto, há também que ter em consideração que os casos teriam que ser cuidadosamente escrutinados, para que não se caísse no extremo de termos uma PIDE racial, pois algo que actualmente também está muito na ordem do dia, são pessoas a alegar serem vítimas de racismo, e crimes de ódio, quando, na verdade, isso não acontece.

Assim por alto podia falar nalgum caso mais conhecido, mas não me recordo de nenhum, o que me obriga a dar um exemplo inventado por mim...

Imaginem a seguinte situação, de um governante, com origens goesas, que num qualquer lugarejo seria interpelado por uma manifestação de, digamos, professores (inventei agora mesmo) em que os mestres envergariam cartazes mal desenhados, mas em que o mais escandaloso seriam lápis enfiados nos olhos, mas em que o argumento utilizado, pelo suposto governante, seria apenas o de que os cartazes eram racistas. Sim, eu sei que é um exemplo muito estúpido, mas assim de repente, foi o que me veio a cabeça.

17
Jun23

Poema "O Cume"


Pacotinhos de Noção

Já aqui tinha colocado um lindo poema do Bocage, hoje decidi colocar uma obra, também muito bonita, do poeta brasileiro, Laurindo Rabelo.

O poema debruça-se sobre o quão magnífico é um cume, em que por lá tudo se passa . Fiquem então com o poema "O cume", "cumentem" e apreciem.

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14
Jun23

Trabalhadores não classificados ou desclassificados?


Pacotinhos de Noção

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Há textos que escrevo e que sei de antemão que vão ser alvo de interpretações dúbias.

Já fui apelidado misógino, de racista, de preconceituoso… Isto porque falo de tudo um pouco, e as interpretações podem ser feitas, sempre, da maneira que melhor lhes convier. Não me incomoda, não me causa embaraço. Quem me lê de forma mais regular, sabe que posso ser rezingão, reclamar com tudo, ser até um pouco negativo, pois vejo sempre o lado menos agradável das coisas, mas sabem que não serei nada daquilo de que, facilmente, acusam-me.

Falarei acerca de quem vem de fora, tentar a sorte no nosso país.

São pessoas de utilidade que, se não viessem para cá, existiriam muitos serviços que teriam falhas graves no que à questão do pessoal diz respeito.

Hoje é difícil passar um dia sem que sejamos atendidos por alguém que não é de cá. Seja num café, numa pastelaria, num hipermercado ou nos CTT. Nada contra e só lamento o estado no qual o país dessas pessoas estará, para que este nosso Portugal, com horários esclavagistas, ordenados baixos e clientes mal-educados, seja para eles considerada a melhor opção… Mas foi.

A situação que hoje testemunhamos, também já teve um sentido inverso. Nos anos 70/80, e parte dos 90, França, Suíça e Luxemburgo, eram o destino de milhares de portugueses. Não era difícil visitar estes países e dar de caras com gente nossa a trabalhar, exactamente, no mesmo tipo de serviços que agora, cá, utilizam o recurso de mão de obra estrangeira. O português era aquilo que se classificava de “mão de obra não qualificada”. Este tipo de mão de obra é assim denominado porque é o tipo de trabalho para o qual não é exigida uma especialização pré-determinada. Uma pessoa pode ingressar naquele trabalho, sem nunca ter desempenhado funções semelhantes, recebe a devida formação e passa a ter a sua profissão.

Actualmente as áreas profissionais que recorrem mais a este tipo de mão de obra são as de restauração, fabris, e alguns serviços.

Qual é o mal de se recorrer à mão de obra não qualificada? Nenhum. O grande problema, presentemente, é que existindo tanta falta de mão de obra, a partir de determinada altura, as entidades patronais optaram por deixar de recorrer à mão de obra não qualificada. Para eles passou a servir a mão de obra desclassificada. E que tipo de mão de obra será esta? - perguntam vocês. Passo a explicar.

Decerto que já se terão deparado com estes funcionários, e gostava de esclarecer, desde já, que não é uma prática comum apenas a trabalhadores de origem estrangeira. Aquilo que provavelmente acontecerá, é que tanto em pastelarias, como em lojas de roupa, hipermercados e restaurantes, ultimamente a mão de obra que tem aparecido é só a estrangeira, o que faz o número de casos estrangeiros aumentar enormemente. Não podemos negar que a grande generalidade dos portugueses se recusam a fazer determinados trabalhos. Uns preferem não os fazer porque recebem um ou outro apoio familiar, ou do Estado, o que lhes compensa mais, outros tomam a decisão de que se é para trabalhar na parte mais baixa da pirâmide laboral, então faz mais sentido ir fazê-lo no estrangeiro, onde acabam por ganhar, pelo mesmo serviço, substancialmente mais.

Sendo assim este tipo de trabalhos sobram para quem os queira... Desculpem, isto era há uns tempos, e como tal tenho que reformular a afirmação.

Sendo assim, este tipo de trabalhos sobram para quem os faça, não interessa muito bem de que forma, desde que o faça, mesmo que mal e porcamente (e sim, sei que é parcamente, mas aqui a menção suína faz todo o sentido).

Diariamente sou atendido por pessoas que além de mal preparadas, são mal-educadas, desleixadas, porcas e ordinárias.

Não rara é a vez em que entro em estabelecimentos em que cumprimento os funcionários e em que, ao que parece, o conceito de "bom dia, boa tarde ou boa noite", é negligenciado. Mais, acontece também frequentemente ficar à espera, num qualquer estabelecimento, para ser atendido porque o funcionário está numa chamada, ou numa mensagem de voz, via WhatsApp, que não pode interromper, e como tal sou eu que tenho que aguardar. Assim como tenho que aguardar que a conversa entabulada entre funcionários termine para que só então eu possa falar acerca do assunto que ali me levou, e o que me incomoda e que nunca, repito, NUNCA, a conversa se refere a trabalho, são sempre assuntos pessoais, com muita asneirada, da mais chula possível, metida pelo meio.

Outra coisa que me incomoda é dirigir-me a uma pastelaria, e ter que estar a consumir aquilo que pedi, numa altura em que quero sossego, ao som de uma qualquer musiqueta que o funcionário decidiu colocar a tocar, em alto e bom som, no player do seu telemóvel, empolgando-se com a melodia e aproveitando para cantar também. Parece que estou num daqueles episódios dos Ídolos, em que vai o pior cromo de todos. Algo que também tem sido prática comum acontecer é ser eu a levantar mesas, e até a limpar algumas, em cafés que frequento. Também acontece pedir para me fazerem o obséquio de a limparem, mas a vontade que vejo em fazerem-no é tanta, que até aposto que mais tarde ou mais cedo levo com aquele pano encharcado nas trombas.

Isto é a parte de ser atendido por pessoas cuja mão de obra é desclassificada, depois há também o lado de trabalhar com essas pessoas.

São péssimos colegas.

Faltam sem aviso, não temem gritar aos quatro ventos que odeiam o trabalho que fazem e que por isso fazem o menos possível, agem como se o patrão fosse a maior besta de todo o universo e a obrigação dele é pagar sem exigir que os objectivos mínimos aceitáveis sejam cumpridos.

É verdade que tudo isto foram exemplos que, acima de tudo, são de maus profissionais, e maus profissionais temos em Portugal aos pontapés, oh se temos, mas a verdade é que tudo isto a que me tenho referido se tem passado, maioritariamente, com estrangeiros que, pelos vistos, já não vêm para um país estrangeiro à procura de oportunidades, vêm isso, sim, apenas fazer tempo até conseguirem a nacionalidade portuguesa, para depois rumarem a outros países europeus.

Não acho que este intuito seja condenável. Compreendo perfeitamente, pois se há hipótese de terem uma vida melhor noutras partes do globo, pois bem, que façam pela vida, como, aliás, sempre fizeram. A grande diferença de antes para agora é que dantes mostravam-se profissionais, colaborantes, prestativos, e agora não. Agora o comportamento é como se estivessem obrigados a desempenhar aquela função, e nem vão disfarçar que estão a fazer um frete de todo o tamanho.

Bem sei que as condições de trabalho não são as melhores, mas que diabos, infelizmente é o que há. Que tipo de promessa de galinha dos ovos de ouro l foram vendidas a estas pessoas, nem imagino, mas se lhes venderam gato por lebre, lamento, mas o passo acertado a fazer seria mostrar o quão bom profissionais são, porque às vezes, até neste lugar de poucas oportunidades, poderá surgir uma que valha a pena, mas só surgirá a quem mostrar que é merecedor dela. Não o fazendo, só mostram que a dificuldade de terem uma vida digna, no país de origem, não é culpa do país de origem, mas sim da vossa falta de empenho, e mesmo dignidade, pois se até no país que escolheram para se melhorarem, demonstram ser preguiçosos o suficiente para não melhorarem, então não há muito que se possa fazer.

05
Jun23

Lugar dos Eficientes


Pacotinhos de Noção

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Sou um tipo, que na hora de estacionar, é dos mais cumpridores que pode existir. Estacionei uma vez em cima do passeio, fui multado → aprendi. Estacionei uma vez num lugar de estacionamento reservado só a utentes de uma farmácia, fui multado → aprendi. Com se pode ver, para aprender a respeitar os estacionamentos, não foi preciso muito, ainda assim não posso dizer que considere justo aquilo que se tem passado.

Lugares de deficientes perto de entradas de serviços, da entrada dos centros comerciais, em lugares que são, de certa forma, privilegiados, faz todo o sentido.

Lugares mais amplos para carros de famílias, em que têm miúdos, miúdos que não têm cuidado na abertura das portas, lugares que facilitam a quem tira e põe bebés na cadeirinha, que tiram e arrumam carrinhos de bebé... Esta é outra situação, com lógica.

O que me parece que já não tem tanta lógica, e tenho constatado que é algo comum em quase todos os centros comerciais, em hipermercados, em estacionamentos pagos, é a escolha para o lugar de estacionamento de carros eléctricos.

Que pacto com o demónio fizeram os donos destes carros, para conseguirem que ficasse definido que eles passariam a ter os melhores lugares de estacionamento? 

Não consigo perceber qual é o critério, e posso até estar a cair num enorme pré-conceito, mas pessoal que compra carros eléctricos, normalmente, é gente saudável, que vai imenso a ginásios, come saudável... Sendo assim têm mais é que deixar os carros longe dos locais de acesso, para poderem fazer os seus exercícios de caminhada.

Mas como disse atrás, isto não acontece só nesses parques, é algo que é comum a todos. A justificação de que é devido aos pontos de acesso não colhe, porque os pontos de acesso de electricidade foram colocados à “posteriori”, pelo que poderiam ter sido colocados noutro local qualquer.

Estamos numa época de aceitação, de inclusão, e com esta situação sinto-me excluído, e prejudicado duplamente. Primeiro porque não tenho um carro eléctrico, depois porque não tenho um lugar de estacionamento tão bom quanto os dos carros eléctricos... Tenho um lugar escuro e bafiento, lá no Cu de Judas dos parques de estacionamento.