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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

02
Jul23

Festival do "Peinda"


Pacotinhos de Noção

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Ontem fizemos um programa em família.

Algo já programado, mas que serviu de surpresa para os miúdos. O mais velho, de 6 anos, já tinha pedido várias vezes, e este ano, sem aviso, comprámos 4 bilhetes para o Festival do Panda.

18 € cada bilhete, crianças desde os 2 anos já pagam, pelo que foram 72 € os 4, mais 4 € de comissão para a FNAC. Não é o mesmo valor dos Coldplay, mas para o que foi, barato não é. Mas atenção, esta é a perspectiva dum tipo adulto, já sem os olhos de infante que outrora teve. Para os meus filhos, QUASE TUDO, foi impecável.

Não estava à espera que fosse perfeito, e em termos do festival em si posso dizer que os problemas foram mínimos. Houve algumas falhas de som, fiquei com a sensação de que as crianças não tem uma interação minimamente interessante com o Panda e os outros bonequinhos, e julgo que só se ganharia se durante o espectáculo houvessem alguns animadores a circular por entre as crianças. E isto é, como disse há pouco, um mal menor que não me toldaria negativamente o espírito, mas esqueci-me de um pequeno pormenor que, deixou de ser tão pequeno quando o senti na pele. Esqueci-me do factor humano, e da sua falta de noção. 

Estupidamente não tive em consideração que o Festival do Panda não seria só para mim e para os meus. Não é que fosse mudar grande coisa, pois não iria deixar de ir, mas podia ter-me preparado psicologicamente para o embate, coisa que não aconteceu.

Vou contar as coisas que se passaram para perceberem como, não sendo nada de demasiado grave, todas juntas corroem um pouco a paciência, o que pode levar a que um dia perca a cabeça, e depois faça um disparate que é o de não fazer absolutamente nada, pois alguém pode não gostar que eu diga ou faça algo, e ainda levo um ou dois tabefes, coisa que não me agradaria, de todo.

A primeira foi logo na fila.

Em Oeiras o Festival do Panda realiza-se dentro do Estádio Municipal Mário Wilson, ou Estádio Municipal de Oeiras, e para entrar há que chegar ao fim da fila. Íamos em sentido contrário ao da mesma, e de repente esta acaba. Vemos bem lá ao fundo pessoal das barracas a tirar "selfies", com os seus Iphones com capas com muitos brilhantes em volta, não ligámos e ocupámos o último lugar, quando de repente esse mesmo pessoal das barracas começa a gritar, histericamente, que temos que ir para o fim da fila. Fiquei com cara de parvo... perdão, com mais cara de parvo que o habitual, e deve ter dado para reparar bem, porque a labrega mor disse:

"- O fim da fila não é aqui. Agente só parámos porque agente tavamos a tirar selfies."

Coincidência das coincidências, ela tirava fotos numa esquina, e pensei, para com os meus botões, que o local não lhe deveria ser novidade, por isso não percebi a razão do registo fotográfico. Quando contornei essa mesma esquina vejo uma fila que ia para lá do sol-posto, o que me leva a indagar o que passa na mente daquele estafermo, para travar uma fila daquelas dimensões, ainda por cima para tirar uma chapa fotográfica daquele focinho, que mais parecia um acidente de choque frontal. Já aqui fiquei um bocadinho lixado, mas tentei não levar em consideração.

Uma vez dentro do recinto, o pessoal tem que se sentar no chão. Já sabia, levei mantinha, é relva sintética, nem formigas tem, então está tudo bem. O que depois deixa de já estar assim tão bem, são a quantidade de idiotas que levam os filhos nos carrinhos de bebé. Crianças pequenas é compreensível, agora putos de 5 e 6 anos, que já só lhes falta irem no carrinho a fumar um cigarro, não faz sentido.

Sim, eu percebo que sejam uma trampa de pais, e que o transporte lhes sirva de trela para os putos. Presos no carro os miúdos não têm tendência a fugir, e assim podem dar uma atenção redobrada aquilo que verdadeiramente lhes importa, que são as redes sociais, onde querem postar aquela "selfie", tirada numa qualquer esquina.

Mas se querem andar com os putos presos, como se estivessem a empurrar um tipo de cadeira de rodas, o problema não é meu, façam aquilo que quiserem, pois isso não me incomoda. O que já me incomoda é que depois tiram os miúdos dos carrinhos, mas deixam a trampa das carroças, abertas, a tapar a visibilidade para o palco.

No começo do festival os pais são instruídos a ficar sentados no chão, para que os miúdos consigam ver. É algo lógico que nem deveria ter que ser dito, pois se estamos num espectáculo que tem um palco (que, aliás, não perdia nada em ser um pouco mais alto) e é dirigido a um público que não tem mais que 115/120cm, não convém haver obstáculos que interfiram no espaço de observação da criança. Pois a verdade é que a determinada altura havia uma barreira de vários carrinhos, de famílias amigas, que até já tinham os miúdos no chão, mas que não lhes apeteceu fechar os veículos, não permitindo assim que quem estivesse atrás pudesse sequer imaginar que existia ali um palco.

Então e não é que foi necessário irmos pedir àquelas pessoas que fizessem o favor de fechar os carrinhos, e não é que tinha que haver uma besta de uma avó que tentou ali dar início a um bate-boca!

Tenho que admitir que, mais uma vez, quem esteve bem foi a minha mulher, que se virou para o estafermo e disse-lhe:

"Deixe de ser conflituosa e feche a porcaria do carrinho, que foi só isso que lhe vim pedir. De resto, não quero mais nenhum tipo de conversa consigo."

A verdade é que resultou e a conversa acabou por ali.

Mas os deuses festivaleiros dos eventos musicais não quiseram mesmo que fosse possível desfrutar daquele momento, porque a verdade é que pagámos 72 € para, pura e simplesmente, estarmos a olhar para cus. É isso mesmo. Estivemos o festival inteiro a ver cus, e aquilo nem era o festival erótico de Lisboa. Os pais decidiram que aquilo seria apenas mais um Vilar de Mouros, ou um Rock in Rio, e às 9 da manhã, ainda nem tinha começado o espectáculo, e já andavam a bebericar as suas "jolas" e punham-se em pé a dançar ao som da música do Ruca. Muitos trouxeram arcas frigoríficas de casa, para irem munidos do seu arsenal etílico pessoal, mas aqueles com mais poder de compra, foram os tais que, para se irem abastecer, andaram durante todo o evento a passear as "peindas" em frente à cara dos miúdos e dos outros pais, que nunca foram alvos de lobotomia, e como tal conseguiram perceber que os adultos tinham que ficar sentadinhos no chão.

Como mencionei, houve quem julgasse também que aquilo era o Mega PicNic do Continente, e levaram lancheiras. Escusado será dizer que não foi preciso muito para que o relvado do estádio rapidamente tivesse ficado emporcalhado, com pacotes vazios de sumos, bolachas e batatas fritas...

Para finalizar concluo que isto é como aquelas "bucket list", mas que um gajo tem que fazer antes que os miúdos cresçam. O Festival do Panda está riscado, fica a faltar um parque aquático qualquer, uma ida à Disney e muita paciência para aturar gentalha que não vale uma beata, e que ainda por cima têm filhos. 

28
Jun23

Badalhoquice, goela abaixo


Pacotinhos de Noção

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Volto hoje aos temas que realmente interessam.

Esqueçam a política, quer a nacional ou internacional, os submarinos que implodem ou o calor que de faz sentir nesta altura esquisita, a que noutros tempos chamávamos de Verão.

Falarei do quão difícil é conseguirmos bebericar ou comer algo fora de casa sem sentirmos que damos uma valente lambidela num penico.

Usando o infalível recurso das percentagens, afirmo, sem qualquer ponta de dúvida, que cerca de 80% das vezes que vou a um estabelecimento da área da restauração, tenho que pedir para me trocarem um copo, um talher ou um prato porque está mais badalhoco que uma sarjeta do Bairro Alto, em noite de santos populares.

A última situação foi hoje, em que no copo que me foi trazido à mesa, vinha uma enorme marca de batom. A princípio senti-me lisonjeado ao pensar que aquele copo sentiu que podia "rolar um clima", no almoço que ia ter comigo, e decidiu passar uma corzinha nos lábios, na tentativa de seduzir-me. Depois vi que era O copo, não era A taça, A caneca, A malga, e bem sei que actualmente o género não é o suficiente para nos catalogar, mas se é O, então é porque é masculino, tendo batom nos lábios ou não, o que me leva a conclusão de que a maquilhagem não foi uma tentativa de sedução, mas sim apenas falta de higiene de quem trabalha naquele restaurante. E atenção, não foi falta de higiene de uma pessoa só, ou um mero acaso. Acaso era aquele badalhoco copo cair ao chão, escaqueirando-se todo. A loiça teve o contacto com quem o levantou da mesa e levou à copa, teve o contacto com a pessoa que agarrou nele e o passou por água, antes de o meter na máquina - se não o fizeram deviam ter feito, e talvez o copo tivesse ficado bem limpo - depois foi retirado da máquina, pelo que mais uma pessoa teve contacto com ele, foi arrumado, depois foi desarrumado para ser usado, colocaram pedras de gelo e uma rodela de lima, para me servirem, e por fim trouxeram-no para a minha mesa. Garanto-vos que o restaurante onde fui não pertence à ACAPO (Associação dos Cegos e Amblíopes de Portugal), porque só assim se justificaria ninguém ter visto que aquele copo estava todo borradinho de batom. A cor estava tão bem definida que até vos posso dizer que era o Powerful Love Stunning Creamy, da KIKO.

"Ah, e tal, pedias para trocar" - Primeiro não me falam nesse tom, que estou pior que estragado por existir tanta gente porca, e depois porque estou cheio de razão!

Bem sei que posso pedir para trocar. Aliás, nem podia ser de outra forma, mas o confrangedor que é ter que fazer ver a alguém que o serviço que estão a fazer é porco, já ninguém me o tira, e passa a ser mais confranger ainda quando o funcionário faz cara de pum, e se comporta como o errado ali fosse eu. Deve ser uma falha minha porque já me senti mal variadíssimas vezes em situações em que quem estava mal não era eu.

Uma das vezes foi quando vi uma carocha enorme a passear no chão do restaurante.

Levantei-me e com subtileza disse ao funcionário que estava ali o bicharoco, ao que ele responde sem fazer questão de falar baixo: "Pot@s dum c@brã0, já e a terceira que mato hoje", e começa num sapateado alucinante, numa tentativa de pisotear a barata. Se alguém não se tivesse apercebido do bicho, no final ia bater palmas e dar uma moeda ao Sr.Silva, imaginando que ele estava numa actuação, a imitar o Fred Astaire... Quem não souber quem é o Fred Astaire, aproveitem e usem o Google. É uma ferramenta nova que vos diz tudo de tudo.

Outra situação foi um cabelo num bolo. Felizmente fiz algo que nem é frequente, parti a guloseima com a mão.

Quando o separo em duas partes sinto uma resistência anormal, e que mais não era do que um dos cabelos que cortaram ao Sansão, que não deixava separar as duas partes. Tive a mesma atitude de calmamente pedir para trocar e a menina do balcão levanta o sobrolho e diz: "Um cabelo? Isso é muito esquisito", e era mesmo, porque normalmente peço os meus bolos sem cabelo, e este tinha brinde.

Agarrou no bolo e desapareceu por uma porta, que por momentos julguei que fosse dar a Narnia, porque a moça não voltava mais. Quando regressa vinha de faca na mão e eu pensei que a minha vida acabaria ali, apenas porque pedi para trocar um bolo. A rapariga chega ao balcão e pergunta se eu sei o que foi que aconteceu!!! Senti a cabeça a andar à roda, porque embora ela tenha ido a Narnia e voltado, não tinha ideia que a viagem roubava a memória. Estava nestes pensamentos e então percebi que a faca não era para mim, e que não havia Narnia nenhuma. Aquele tempo de espera foi o necessário para que fosse feita a autópsia do bolo, que depois me foi mostrado todo esventrado. 

A conclusão a que a médica-legista de pastelaria chegou foi a de que o bolo tinha lá dentro um cabelo! Nunca tal me tinha passado pela cabeça, ou pelo menos aquele cabelo nunca passou.

Todos estes casos deixaram-me pouco à vontade e todos estes casos mostram como é cada vez mais porco o serviço que nos é prestado. Um serviço pelo qual pagamos e que é um serviço de conforto. Quando vou a um restaurante, ou a um café, vou porque não quero cozinhar, não quero lavar loiça, e se tiver sorte nem quero levar os talheres à boca, mas restaurantes em que me alimentem assim, ainda não encontrei. Mas quando pagas um serviço nestes sítios estás à espera que esteja tudo incluído, lavagem adequada da loiça, também. Se soubesse que isso era um extra, levava loiça de casa, que essa ao menos se estiver suja, sei que é porcaria minha.

É um facto que sou um tipo um bocado nojentinho. Comigo a higiene tem que ser um ponto forte, e prova disso é o meu banhinho que aos Sábados não pode falhar, mas após termos passado por uma altura em que tudo tinha que ser desinfecto e esterilizado, chegámos a uma altura em que se quiserem sentam um rabo suado no teu prato, e tu tens que comer e calar... Salvo seja.

Os anos 70 foram a época do amor livre, pois anteriormente houve uma grande repressão, e tudo parecia mal, agora, depois de tanto álcool e desinfectantes usados, chegámos à época do badalhoco livre... O amor livre deu em SIDA, este vai dar em hepatite.

14
Jun23

Trabalhadores não classificados ou desclassificados?


Pacotinhos de Noção

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Há textos que escrevo e que sei de antemão que vão ser alvo de interpretações dúbias.

Já fui apelidado misógino, de racista, de preconceituoso… Isto porque falo de tudo um pouco, e as interpretações podem ser feitas, sempre, da maneira que melhor lhes convier. Não me incomoda, não me causa embaraço. Quem me lê de forma mais regular, sabe que posso ser rezingão, reclamar com tudo, ser até um pouco negativo, pois vejo sempre o lado menos agradável das coisas, mas sabem que não serei nada daquilo de que, facilmente, acusam-me.

Falarei acerca de quem vem de fora, tentar a sorte no nosso país.

São pessoas de utilidade que, se não viessem para cá, existiriam muitos serviços que teriam falhas graves no que à questão do pessoal diz respeito.

Hoje é difícil passar um dia sem que sejamos atendidos por alguém que não é de cá. Seja num café, numa pastelaria, num hipermercado ou nos CTT. Nada contra e só lamento o estado no qual o país dessas pessoas estará, para que este nosso Portugal, com horários esclavagistas, ordenados baixos e clientes mal-educados, seja para eles considerada a melhor opção… Mas foi.

A situação que hoje testemunhamos, também já teve um sentido inverso. Nos anos 70/80, e parte dos 90, França, Suíça e Luxemburgo, eram o destino de milhares de portugueses. Não era difícil visitar estes países e dar de caras com gente nossa a trabalhar, exactamente, no mesmo tipo de serviços que agora, cá, utilizam o recurso de mão de obra estrangeira. O português era aquilo que se classificava de “mão de obra não qualificada”. Este tipo de mão de obra é assim denominado porque é o tipo de trabalho para o qual não é exigida uma especialização pré-determinada. Uma pessoa pode ingressar naquele trabalho, sem nunca ter desempenhado funções semelhantes, recebe a devida formação e passa a ter a sua profissão.

Actualmente as áreas profissionais que recorrem mais a este tipo de mão de obra são as de restauração, fabris, e alguns serviços.

Qual é o mal de se recorrer à mão de obra não qualificada? Nenhum. O grande problema, presentemente, é que existindo tanta falta de mão de obra, a partir de determinada altura, as entidades patronais optaram por deixar de recorrer à mão de obra não qualificada. Para eles passou a servir a mão de obra desclassificada. E que tipo de mão de obra será esta? - perguntam vocês. Passo a explicar.

Decerto que já se terão deparado com estes funcionários, e gostava de esclarecer, desde já, que não é uma prática comum apenas a trabalhadores de origem estrangeira. Aquilo que provavelmente acontecerá, é que tanto em pastelarias, como em lojas de roupa, hipermercados e restaurantes, ultimamente a mão de obra que tem aparecido é só a estrangeira, o que faz o número de casos estrangeiros aumentar enormemente. Não podemos negar que a grande generalidade dos portugueses se recusam a fazer determinados trabalhos. Uns preferem não os fazer porque recebem um ou outro apoio familiar, ou do Estado, o que lhes compensa mais, outros tomam a decisão de que se é para trabalhar na parte mais baixa da pirâmide laboral, então faz mais sentido ir fazê-lo no estrangeiro, onde acabam por ganhar, pelo mesmo serviço, substancialmente mais.

Sendo assim este tipo de trabalhos sobram para quem os queira... Desculpem, isto era há uns tempos, e como tal tenho que reformular a afirmação.

Sendo assim, este tipo de trabalhos sobram para quem os faça, não interessa muito bem de que forma, desde que o faça, mesmo que mal e porcamente (e sim, sei que é parcamente, mas aqui a menção suína faz todo o sentido).

Diariamente sou atendido por pessoas que além de mal preparadas, são mal-educadas, desleixadas, porcas e ordinárias.

Não rara é a vez em que entro em estabelecimentos em que cumprimento os funcionários e em que, ao que parece, o conceito de "bom dia, boa tarde ou boa noite", é negligenciado. Mais, acontece também frequentemente ficar à espera, num qualquer estabelecimento, para ser atendido porque o funcionário está numa chamada, ou numa mensagem de voz, via WhatsApp, que não pode interromper, e como tal sou eu que tenho que aguardar. Assim como tenho que aguardar que a conversa entabulada entre funcionários termine para que só então eu possa falar acerca do assunto que ali me levou, e o que me incomoda e que nunca, repito, NUNCA, a conversa se refere a trabalho, são sempre assuntos pessoais, com muita asneirada, da mais chula possível, metida pelo meio.

Outra coisa que me incomoda é dirigir-me a uma pastelaria, e ter que estar a consumir aquilo que pedi, numa altura em que quero sossego, ao som de uma qualquer musiqueta que o funcionário decidiu colocar a tocar, em alto e bom som, no player do seu telemóvel, empolgando-se com a melodia e aproveitando para cantar também. Parece que estou num daqueles episódios dos Ídolos, em que vai o pior cromo de todos. Algo que também tem sido prática comum acontecer é ser eu a levantar mesas, e até a limpar algumas, em cafés que frequento. Também acontece pedir para me fazerem o obséquio de a limparem, mas a vontade que vejo em fazerem-no é tanta, que até aposto que mais tarde ou mais cedo levo com aquele pano encharcado nas trombas.

Isto é a parte de ser atendido por pessoas cuja mão de obra é desclassificada, depois há também o lado de trabalhar com essas pessoas.

São péssimos colegas.

Faltam sem aviso, não temem gritar aos quatro ventos que odeiam o trabalho que fazem e que por isso fazem o menos possível, agem como se o patrão fosse a maior besta de todo o universo e a obrigação dele é pagar sem exigir que os objectivos mínimos aceitáveis sejam cumpridos.

É verdade que tudo isto foram exemplos que, acima de tudo, são de maus profissionais, e maus profissionais temos em Portugal aos pontapés, oh se temos, mas a verdade é que tudo isto a que me tenho referido se tem passado, maioritariamente, com estrangeiros que, pelos vistos, já não vêm para um país estrangeiro à procura de oportunidades, vêm isso, sim, apenas fazer tempo até conseguirem a nacionalidade portuguesa, para depois rumarem a outros países europeus.

Não acho que este intuito seja condenável. Compreendo perfeitamente, pois se há hipótese de terem uma vida melhor noutras partes do globo, pois bem, que façam pela vida, como, aliás, sempre fizeram. A grande diferença de antes para agora é que dantes mostravam-se profissionais, colaborantes, prestativos, e agora não. Agora o comportamento é como se estivessem obrigados a desempenhar aquela função, e nem vão disfarçar que estão a fazer um frete de todo o tamanho.

Bem sei que as condições de trabalho não são as melhores, mas que diabos, infelizmente é o que há. Que tipo de promessa de galinha dos ovos de ouro l foram vendidas a estas pessoas, nem imagino, mas se lhes venderam gato por lebre, lamento, mas o passo acertado a fazer seria mostrar o quão bom profissionais são, porque às vezes, até neste lugar de poucas oportunidades, poderá surgir uma que valha a pena, mas só surgirá a quem mostrar que é merecedor dela. Não o fazendo, só mostram que a dificuldade de terem uma vida digna, no país de origem, não é culpa do país de origem, mas sim da vossa falta de empenho, e mesmo dignidade, pois se até no país que escolheram para se melhorarem, demonstram ser preguiçosos o suficiente para não melhorarem, então não há muito que se possa fazer.

05
Jun23

Lugar dos Eficientes


Pacotinhos de Noção

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Sou um tipo, que na hora de estacionar, é dos mais cumpridores que pode existir. Estacionei uma vez em cima do passeio, fui multado → aprendi. Estacionei uma vez num lugar de estacionamento reservado só a utentes de uma farmácia, fui multado → aprendi. Com se pode ver, para aprender a respeitar os estacionamentos, não foi preciso muito, ainda assim não posso dizer que considere justo aquilo que se tem passado.

Lugares de deficientes perto de entradas de serviços, da entrada dos centros comerciais, em lugares que são, de certa forma, privilegiados, faz todo o sentido.

Lugares mais amplos para carros de famílias, em que têm miúdos, miúdos que não têm cuidado na abertura das portas, lugares que facilitam a quem tira e põe bebés na cadeirinha, que tiram e arrumam carrinhos de bebé... Esta é outra situação, com lógica.

O que me parece que já não tem tanta lógica, e tenho constatado que é algo comum em quase todos os centros comerciais, em hipermercados, em estacionamentos pagos, é a escolha para o lugar de estacionamento de carros eléctricos.

Que pacto com o demónio fizeram os donos destes carros, para conseguirem que ficasse definido que eles passariam a ter os melhores lugares de estacionamento? 

Não consigo perceber qual é o critério, e posso até estar a cair num enorme pré-conceito, mas pessoal que compra carros eléctricos, normalmente, é gente saudável, que vai imenso a ginásios, come saudável... Sendo assim têm mais é que deixar os carros longe dos locais de acesso, para poderem fazer os seus exercícios de caminhada.

Mas como disse atrás, isto não acontece só nesses parques, é algo que é comum a todos. A justificação de que é devido aos pontos de acesso não colhe, porque os pontos de acesso de electricidade foram colocados à “posteriori”, pelo que poderiam ter sido colocados noutro local qualquer.

Estamos numa época de aceitação, de inclusão, e com esta situação sinto-me excluído, e prejudicado duplamente. Primeiro porque não tenho um carro eléctrico, depois porque não tenho um lugar de estacionamento tão bom quanto os dos carros eléctricos... Tenho um lugar escuro e bafiento, lá no Cu de Judas dos parques de estacionamento.

27
Mai23

O campeão ajuda o cãopião


Pacotinhos de Noção

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E há sempre os dois lados da mesma moeda. O Benfica ganha, e muito bem, e o Galamba e o Costa ganham também, uns tempinhos de sossego. Quer por parte da comunicação social, quer do povo.

Depois chega o Verão, depois as Jornadas Mundiais da Juventude, e a coisa vai andando.

24
Mai23

Tenham alguma empatia com este texto


Pacotinhos de Noção

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Parem de dizer que caminhamos para o abismo. Na verdade, já estamos em queda livre, e, ou temos um paraquedas que no salve, ou acabaremos esborrachados lá em baixo.

Faço esta analogia querendo referir-me ao pouco caso que fazemos do próximo.

Não interessa se o próximo é um vizinho, um amigo, um familiar, ou apenas alguém que passa por nós na rua.

Há o costume de dizerem que nos transformamos em pessoas mais fechadas, mais metidas connosco mesmos, mas não concordo. Acho apenas que estão todos muito mais egoístas e que não querem saber de nada nem de ninguém, a não ser deles próprios, e sim, “se eu não gostar de mim, quem gostará”, mas se só tu, gostares de ti, a partir de determinada altura a resposta será ninguém, e um dia mais tarde, nem tu mesmo gostarás de ti.

O "Pacotinhos de Noção" é uma página que critica, aponta erros e defeitos. Ocasionalmente também tem um ou outro artigo elogioso, mas a verdade é que não foi criado nesse sentido. 

Com o passar dos tempos fui observando e tomando consciência de como o ser humano consegue ser odioso. 

Trata mal as pessoas, é badalhoco, julga que é o melhor e ainda tem pretensões de ser o dono da razão. Infelizmente, e talvez porque ainda não me insira tanto na classe destes odiosos, não tenho nem coragem, nem vontade, de entrar no bate boca com alguém que, no meu local de trabalho, por exemplo, tem comportamentos que só lhe ficam mal, mas, como vou acumulando todas as situações que acontecem, escrevo-as e tenho conteúdo para a página. É uma forma de escape como outra qualquer. Uns fazem um desporto de combate, outros jogam ténis, os importantes jogam golfe, e eu escrevo o Pacotinhos.

A fonte de inspiração é inesgotável, e tem jorrado cada vez com mais força.

Durante uns tempos andámos todos "paz e amor", porque havia uma pandemia. Batíamos palmas às janelas, fazíamos serenatas na varanda, agradecíamos aos que no meio da pandemia iam trabalhar todos os dias para nos servir, e andávamos com uns arco-íris a dizer que "Vai ficar tudo bem". Individualidades que percebem muito de sociologia, afirmavam que depois do período de dois anos de confinamentos e de consecutivas vagas, iríamos ter um período em que as pessoas iriam ficar sedentas de contacto, de toque, de proximidade... E tinham razão, mas talvez não do modo como imaginavam. Tem sido comum vermos vídeos de pessoal à batatada, mulheres aos puxões de cabelo numa bomba de gasolina, há notícias de facadas a torto e a direito.

E não é um fenómeno apenas de uma faixa etária, consideremos como "adulta". Quem tiver contacto com malta mais nova, julgo que não me irá desmentir, quando afirmo que afinal não são a geração mais bem preparada de sempre, e sim a geração mais desligada de sempre. Conheço uma família em que perderam o avô/pai. Membro inserido no seio familiar, que podemos até considerar pilar estrutural, mas que, na altura da sua morte, os netos, e um dos filhos, reagiram como se fosse só mais um Domingo de manhã, mas em que neste havia a maçada de ter que ir à missa. Tipos que cheguei a ver chorar a morte de gatos que tinham, mas que não verteram uma lágrima por aquele ente, que se julgava querido.

Aquilo que nos faz falta é a velha e boa empatia. Embora ensinar na escola?!

Se calhar não dá, ou se calhar não chega.

Tenho a opinião de que a empatia é uma construção sociológica utópica, assim como o é a sororidade, por exemplo. Ainda ontem comentava que actualmente, se uma velhota cair na rua, vai haver gente a rir, gente a filmar, gente a criticar o buraco, ou o degrau mal colocado, mas enquanto tudo isto acontece, a velhota continua no chão. Pareço, eu mesmo, um velhote a falar, mas dantes não era assim. Alguém ia logo ajudar a velhota

Culpados?

Pais, escolas, redes sociais.

 

 Pais - porque se demitem da educação e do afecto que deveriam dar aos filhos, tornando-os em seres sem formação e sem capacidade, ou interesse, em lidar com sentimentos.

Podem vir dizer-me que é falta de tempo, devido ao trabalho, que a sociedade opressora os obriga hoje a trabalhar mais do que se trabalhava antes. Tretas. O desinteresse, que muita gente tem pelos filhos, vê-se claramente num qualquer restaurante, ou esplanada, em que, num momento que está a ser passado em família, não ligam nenhuma aos filhos. Não dão um carinho, não dão um afecto, nada. Como vai uma criança aprender a amar, se o mestre que lhe deveria ensinar, é o primeiro a quem se deveriam meter as orelhas de burro?

 

Escola - as escolas hoje são depósitos de crianças. Funcionários e professores não estão lá para ensinar, nem para dar o exemplo. Os professores, mesmo que queiram, têm um programa que, basicamente, diz-lhes: "Não se metam em problemas. Chegando ao fim, é passar a canalha toda de ano, para na Europa termos números que nos consigam pôr depois um António Costa, ou um Galamba, num lugar de destaque".

É assim criado um facilitismo que dá a sensação ao aluno que não se tem que esforçar para nada, nem sequer para respeitar quem lhe tenta ensinar algo.

Por fim, 

 

Redes Sociais - as redes sociais são covis de futilidade, de mentira, de exposição de um EU transformista, que em nada tem que ver com aquilo que a pessoa realmente é.

Importa ter gostos, importa ter parcerias, importa causar impacto, e o melhor amigo passa a ser o smartphone que serve de portal para todas umas vidas que não existem, mas que parecem sempre ser uma perfeição.

Estas plataformas sugam de tal forma a atenção de alguém, que quando há uma falha, numa delas, os suores frios começam a surgir, porque não se tem acesso ao mundo fictício que se criou, e porque se começa a gerar o medo de que de pode ter que interagir com um ser real, que poderá até, se ainda o souber fazer, conversar com ele.

Este é daqueles textos que acaba sem uma conclusão, porque a mesma não existe. Vamos continuar a apodrecer e, acredito que, dificilmente este seja um processo que seja possível interromper.

Até lá, olha, é tentarmos não nos corromper com essa falta de empatia, de simpatia e de capacidade de nos colocarmos, verdadeiramente, no lugar do outro.

21
Mai23

Esta semana, nada de novo


Pacotinhos de Noção

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E de facto assim é. Esta semana, que agora termina, não trouxe nada de novo, mesmo tendo ido João Galamba, e a sua chefe de gabinete, à CPI da TAP. 

O mais triste disto tudo é que não se pode considerar que tenha acontecido nada de novo, não por marasmo, ou falta de assunto, mas porque o que aconteceu foi mais do mesmo, que já não nos admira em nada. Mentiras, conluios, combinações que de tão mal engendradas, nos parecem serem apenas parte de uma muito fraca, e mal ensaiada, peça de teatro. Os actores são maus, o texto é péssimo, mas já pagámos o bilhete e agora, se quisermos sair da sala, teremos que pagar mais ainda.

Não sou ninguém famoso nem um órgão de comunicação social, por isso não tenho que utilizar nenhum “alegadamente”, e mesmo não sendo mentalista fiquei com uma enorme percentagem de certeza de que esta história do computador vai fazer levantar um “tsunami” de porcaria.  Galamba, e todos os que o rodeiam, formam uma 2 verdadeira máfia, que controla o país, e usa-o como se fosse o seu baú dos brinquedos.

Não faz sentido que se tenha levado esta situação a este ponto tão extremado, se a única coisa que estivesse no aparelho fossem apenas umas notas acerca de algumas reuniões, ou até mesmo o plano de reestruturação da TAP.

Frederico Pinheiro pode dar-se por satisfeito pelo português daqui não ser o português com sotaque que António Costa tanto gostaria que falássemos, pois se assim fosse, Frederico poderia estar certo de que teria os dias contados. É que lá, tipos que tentam ser correctos, e contar a verdade, se a verdade não for a que os políticos querem, quase de certeza que será vítima de um assalto que termina em morte, ou os travões do carro vão deixar de funcionar. Mas como Frederico Pinheiro se desloca de bicicleta, podia ser que até tivesse sorte.

Por falar em António Costa…

Só não digo que o Primeiro-ministro tem estado caladinho que nem um rato porque, na verdade, há-de até é de estar rouco, por ter cantado em plenos pulmões a “Paradise”, dos Coldplay, ficando mesmo de lágrimas nos olhos, segundo consta. Costa associou a música a este nosso país, que não é paradise por estarmos próximos da divindade, mas sim porque está cheio de almas penadas. As que penam nas filas dos serviços, as que penam horas nas urgências dos hospitais, as que penam por não terem dinheiro suficiente para pagar todas as contas, e as que penam para apanhar um avião da TAP, seja para onde for, mas sabendo sempre à partida, que o voo atrasará.

 

TAP → Voo → Voo → Avião → Avião → Aeroporto → Aeroporto → SEF

Esta semana ficámos a saber também que a esposa do senhor ucraniano, morto pelo SEF no aeroporto de Lisboa, pediu nova indemnização ao Estado português.

Podemos dizer que a sorte grande desta pessoa foi a morte do marido.

De uma vez já recebeu mais de 800 mil euros, e agora, segundo foi noticiado, pede nova maquia, num valor que rondará os 700 mil euros. Não sabia tão caro o valor do assassinato ucraniano. Putin já deve ter partido o seu porquinho mealheiro.

Sugiro ao SEF, que caso tenha mesmo muita necessidade de matar alguém, que opte pela vítima nacional, que está ao preço da uva-mijona. Não me recordo de uma morte de um português, seja por que motivo for, ter sido tão rentável quanto está a ser a deste cidadão ucraniano. Sexta-feira, por exemplo, morreu um bebé, no hospital de Portimão, porque aguardava já há 6 horas, por transferência para um hospital de Lisboa.

E, porque teria ele que vir para Lisboa, perguntarão vocês.

Será porque os equipamentos daqui o ajudariam a recuperar mais depressa, ou seria porque a equipa de Lisboa tinha histórico positivo na resolução de assuntos como o dele? Nem uma coisa, nem outra. Ia ser transferido porque no Hospital de Portimão não havia pediatra. No Hospital de Faro, bem mais perto, também não havia pediatra, e a transferência demorou porque a ambulância do INEM, que o iria trazer, também não tinha médico pediatra.

Este bebé tinha 11 meses. Sofreu uma morte, talvez dolorosa, não sei, mas acredito que um derrame cardíaco não seja indolor, por um motivo quase anedótico, que é o de não haver médicos pediatras nos hospitais do Algarve.

Ah, em relação ao PSD há novidades...

Estava a brincar, nada mudou. Olhando para a cara de desconforto que Luís Montenegro evidencia, eu estou em crer que nem as cuecas ele muda, quanto mais a atitude.

É como disse logo no início deste texto. Mais do mesmo, infelizmente, e o que é muito mais infeliz é existirem ainda pessoas que defendem Costa e o seu Governo. Parecem o Ventura, que a determinada altura da sua vida, infligia dor a si, recorrendo a cilícios, como forma de se punir.

Palavras dele, ALEGADAMENTE.

17
Mai23

Sobre a lei do tabaco...


Pacotinhos de Noção

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Começo com uma declaração de interesses.

Não fumo, nunca fumei, posso garantir que nunca fumarei, pois não tenho o apelo. Odeio o fumo do tabaco, o cheiro e o facto de o fumo me magoar o nariz.

O meu pai morreu com cancro nos pulmões, que geraram metástase para o cérebro.

A minha mãe continua a fumar cerca de 2 maços de tabaco por dia…

O mais simples seria regozijar-me com esta lei ditatorial, que o governo PS vomitou cá para fora.

Para alguém que não suporta tabaco, e que vê num fumador aquele porco que deita as beatas para o chão, e que nas esplanadas esborracha a beata na vazia chávena de café, esta proibição faria todo o sentido, mas a verdade é que não.

Sou contrário a algumas proibições.

Para mim era liberalizarem tudo. Tabaco, álcool, drogas leves, drogas pesadas, tudo… Quem se quiser ir envenenando lentamente tem toda a legitimidade para o fazer. Tarde, ou cedo, arcará com as consequências, mas essas consequências são suas, não são de mais ninguém.

O argumento de que doentes oncológicos, vítimas do tabaco, são caros para o Estado, é um argumento fácil de rebater. Um tipo que fume grande parte da vida paga, em cada maço de tabaco, uma batelada em imposto. Em princípio será um trabalhador e também faz os seus descontos, sendo que parte deles serão canalizados para o SNS, idealmente. Isto significa que este tipo trabalhou para o cancro, mas também trabalhou para que depois o tentem salvar.

Este Estado autoritário, e paternalista, tem que acabar. Não me parece nada bem que tentem obrigar a que o cidadão seja um mero fantoche nas mãos de quem decide.

Já tiraram o sal do pão, o açúcar das bebidas, as máquinas de “vending” nos hospitais tem que ser de snacks saudáveis, e temos que contribuir para a visita de um Papa, que nem sabem quem o quer cá ou não. Mais grave ainda! Até o bolo Pirâmide, deixou de ser feito com o resto de todos os outros bolos, para ter uma massa própria, que junto da antiga, não tem pilhéria nenhuma.

Este género de “orientações” por parte do Governo, só nos mostra a desconsideração, que têm pelo povo. Segundo eles, seremos todos burrinhos e parvinhos. Não sabemos bem como se pensa e por isso precisamos das diretrizes de Costa, e da sua cambada.

Esta seria uma lei para só entrar em vigor no ano de 2025, mas como, entretanto, surgiu um escândalo da TAP, um escândalo de um Ministro João Galamba, um escândalo de um adjunto que teve o SIS a bater-lhe à porta, há que arranjar uma forma de virar as atenções.

Quando há muito barulho num sítio, o que fazemos para sobressair?

É gritar mais alto e chamar a atenção para outro lado. É o que o Governo faz.

Para terminar gostaria de sublinhar que muitas destas pessoas, que agora se insurgem contra a proibição do tabaco, são as mesmas que bateram palmas à medida que o Governo tomou há uns tempos.

A medida de taxar as bebidas açucaradas, ou de fazer com que os pacotes de açúcar, nos cafés, mudassem dos 8 gr para 6 gr.

Curiosamente um dos argumentos utilizados, por estes apreciadores da medida, era de que a obesidade, e as doenças a ela associadas, custam imenso dinheiro ao Estado. 

Curioso, não? O mesmo argumento para assuntos tão distintos, o que mostra que algum do pessoal que fuma, não olha pelos seus pulmões, mas olha muito para o seu umbigo.

14
Mai23

Um atraso de 11 anos


Pacotinhos de Noção

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Hoje senti-me envergonhado comigo mesmo.

Sou um apreciador do trabalho do Ricky Gervais. Tenho por convicção de que foi um dos melhores apresentadores dos Golden Globe de sempre, e amaldiçoo a Academia por não terem a coragem de o convidar para apresentar os Óscares. Ainda assim, só hoje tive conhecimento de uma série, já de 2012, criada e protagonizada por si.

Tem por título “Derek”, que é o nome do protagonista. Um tipo de meia-idade, com uma aparente deficiência cognitiva, que trabalha num lar de idosos.

Derek é alguém com um coração maravilhoso que retira de todos aquilo que de melhor têm para lhe dar. Tem nos seus utentes velhotes os seus grandes amigos, e trata-os como se da sua família fizessem parte.

É uma comédia dramática, muito ao estilo de Ricky Gervais. Foi a esta série que foi buscar alguma inspiração para o “After Life” e também muitos dos actores.

Neste trabalho Gervais mostra também como é enorme o seu talento para a actuação. Seguindo Derek nos seus afazeres, rapidamente nos esquecemos de que quem ali está é Ricky Gervais, na interpretação de um papel, e a personagem ganha a sua vida, a sua identidade própria.

Quem não viu, recomendo que veja. Está na Netflix e vale bastante a pena. Ricky, amigo, se estiveres a ler estas linhas:

“Maintenaiting the good trabalhaition. You are grandation”.

04
Mai23

E eis como se borra a pintura


Pacotinhos de Noção

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Nos últimos tempos a Iniciativa Liberal tornou-se mais visível por bons motivos.

Na comissão de inquérito da TAP Bernardo Blanco tem sido quem mais se tem destacado, quer pelas perguntas cirurgicamente colocadas, quer pela demonstração de que o trabalho de casa tem sido bastante bem-feito.

Esta visibilidade só lhes poderia granjear pontos positivos, mas quando cogitamos ser popularuchos para agradar a uma faixa etária, que tem demonstrado ter uma margem bastante alargada de indivíduos idiotas, a hipótese de se borrar a pintura toda é enorme, e foi o que aconteceu.

Que outra razão poderá existir, que não a de tentar captar a atenção de uma faixa etária mais nova que, infelizmente, tem o discernimento político de uma rolha de cortiça, para convidar aqueles tipos para o Parlamento.

Pior, foram recebidos pelo Bernardo Blanco e pelo Cotrim de Figueiredo, duas das principais caras do partido que em vez se resguardarem se colocaram nas mãos de dois imberbes cujo uso de talheres é, para eles, já considerado um enorme avanço civilizacional.

Nisto tudo o que também me irrita são as desculpas esfarrapadas que, de alguma forma, tentam colar ao incapaz do Tiago Paiva.

A principal é a de que é um jovem e que, como jovem, é natural mandar um Primeiro-ministro para o c@r@lh0, em plena Assembleia da República. Vazia, é certo, mas é um lugar que merece algum respeito, e até mesmo o Primeiro-ministro, por mais que eu não goste dele, não pode ser ofendido desta maneira… Aliás, ninguém pode. Mandar alguém para o c@r@lh0 diz muito mais de quem emite o impropério do que quem o recebe. Diz de si e dos seus paizinhos, que não lhe souberam dar educação. Mas curioso, também caí na esparrela de tentar justificar este idiota por ser um jovem, ao referir-me aos progenitores do mesmo. 

Tiago Paiva tem, nada mais nada menos do que 34 anos, meus caros. Trinta e quatro anos é puto? É criança? É jovem? Ainda mama nos peitos da sua mãe? Andará ao colo do seu pai? Tenham juízo, por favor. Este tipo na Idade Média só não estaria em fim de vida porque com tanta anormalidade que diz, já alguém lhe teria limpado o sarampo.

Com 34 anos eu já estava casado há 10, a minha mãe já tinha 4 filhos e D.Afonso Henriques fundava o Reino de Portugal (tudo feitos muito semelhantes).

Ao continuar a infantilizar estes tipos, e justificando toda e qualquer idiotice que façam ou digam, perpetuaremos a estupidificação desta sociedade que, de tão amorfa mental que fica, depois contém partidos que julgam boa ideia manchar a reputação que construíam, apenas por mais uns quantos seguidores nas redes sociais.

A este acto podemos dar a importância que lhe quisermos dar. Colocando no prato da balança este estúpido convite e a prestação da IL na comissão da TAP, eu tenho discernimento para perceber que pesa muito mais a comissão de inquérito, mas isto sou eu que sou um tipo esclarecido, com uma inteligência acima da média, bonito e cheiroso, mas e a quantidade de burros que para aí andam? Conseguiram fazer essa distinção? Se calhar não. É por isso que o melhor é evitar este tipo de situações.