Quem incumbiu o sermão?
Pacotinhos de Noção
Tendo em consideração a opinião de uma mulher com quem sou casado, uma de quem sou filho e quatro de quem sou irmão, as mulheres estão fartas de ser porta estandartes para homens e movimentos que acham que defendem as mulheres, quando na verdade estão apenas a fazer o trabalho contrário, ou estão a aproveitar o facto para se tornarem apelativos ao sexo feminino. Mal comparado é como o tipo que não sabia tocar, mas que levava a viola para o liceu porque assim fazia sucesso entre as miúdas.
Há uns anos, quando uma mulher chegava a um lugar de destaque numa empresa, na boca dos outros chegava lá porque ou se deitou com a pessoa certa, porque seria filha de alguém fluente, porque era uma cabra ou porque seria efectivamente competente. Hoje em dia a única diferença, na boca dos outros, é que se adicionou mais uma opção que é, "a empresa é obrigada a ter quotas de mulheres na direcção". Isto é uma evolução? Não me parece.
As línguas viperinas vão sempre existir. Se ao invés de ser uma mulher for um tipo jovem, a meritocracia também não existirá, vai-se sempre inventar uma justificação que seja mais apelativa aos comentários maldosos. É uma característica típica do ser humano.
Estar-se sempre a defender a mulher porque é mulher, tem um efeito contrário ao que é pretendido. Tenho visto algumas mulheres a sentirem-se indignadas por terem sempre um qualquer papagaio a falar por elas, sem para isso estar abalizado.
Gostaria de falar sobre a sororidade. Sororidade é uma palavra inventada para servir de escudo a algumas mulheres que, como a grande generalidade das mulheres, fala mal das outras, mas que finge que não porque ela até defende a sororidade. As mulheres falarem umas das outras é algo de inato. Não se consegue lutar contra isso. Inato é também em mim o acto de abrir a porta a uma senhora, deixá-la passar primeiro, dar-lhe o meu lugar e tratá-la com alguma delicadeza, mas hoje em dia sei que piso terrenos pantanosos, porque ao fazê-lo poderei estar a ofender, não a mulher, mas um qualquer movimento que acha que estou a minimizar a mulher. A isto não se chama minimizar, chama-se cortesia. Cortesia essa que por acaso também tenho para com pessoas mais velhas, e nunca levei nenhuma bengalada.
Uma mulher que hoje em dia queira ficar em casa a cuidar dos filhos, que não queira entrar no mercado activo do trabalho, ou que queira ser dona de casa, é encarada como alguém que é manietada pelo marido, ou então que está a prescindir dos seus direitos, quando na verdade está no seu direito fazer ou não aquilo que entender. A sociedade ao exigir que todas as mulheres demonstrem ser realmente espectaculares, estão a colocar uma pressão desnecessária.
Estou de acordo que se defendam as mulheres fazendo leis mais punitivas nos casos de violência doméstica, que se criem apoios às mães que decidam não trabalhar para cuidar dos filhos e também que se criem condições para que as mães que querem trabalhar o possam fazer livremente, sabendo que os seus filhos estão a ser bem cuidados. Agora vitimizações e obrigações que acabam por colocar a mulher numa situação frágil, ai não estou nada de acordo e sei que muitas delas também não.
Se ao lerem estas linhas acharem que não respeito as mulheres, que sou misógino ou machista, então lamento. Não por aquilo que pensam, mas porque não consegui fazer passar a minha opinião correctamente. Mas mais uma vez sublinho, as mulheres têm voz activa. Não precisam de quem acha que deve falar por elas.