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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

29
Dez22

Estou IRAdo


Pacotinhos de Noção

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Ontem aconteceu-me uma situação curiosa.

Passava de carro em frente ao Centro de Saúde de S.João do Estoril, e reparo que na via de sentido contrário vinha um carro da polícia, em que o Sr.Agente que conduzia, vinha sorridente, em amena cavaqueira com o colega, e distraído (aqui é que está o problema). Tão distraído que nem reparou em algo que me saltou à vista e me fez parar o carro.

Caída no passeio estava uma senhora toda encolhida. Andaria na casa dos 60/65 anos, tinha a boca e um braço ensanguentado, e junto a ela o telemóvel e um pacote de bolachas Chiquilin. Isto em frente ao Centro de Saúde, como já referi, onde há uma paragem de autocarros, que por acaso até tinha lá uma senhora sentada, mas que não se deu ao trabalho de mexer os seus volumosos glúteos para ir ter com a senhora caída.

A minha mulher saiu do carro, ajudou a senhora a levantar-se e perguntou-lhe se estava bem. A senhora balbuciou qualquer coisa, mas em russo. Felizmente a minha mulher fala a língua, e conseguiu algo parecido com um diálogo, porque a senhora estava claramente confusa.

Ao que parece quem vitimizou a senhora foi um agressor que já referi nesta espaço, e que se chama "Calçada Portuguesa". O passeio estava molhado, a senhora escorregou e esbardalhou-se fortemente no chão.

A decisão, ainda para mais que estava ali tão perto, foi a de levar a senhora ao Centro de Saúde.

Lá chegando, a minha mulher dirigiu-se ao segurança e contou que a senhora estava caída no chão, que está ensanguentada e confusa, e precisa de um médico, ao que o segurança respondeu, e pasmem-se com isto: "Então a senhora suba e procura lá em cima um médico disponível", ao que a minha mulher respondeu que ele é que deveria, ou procurar um médico, ou então chamar uma ambulância.

"Ah e tal, há muitos médicos em greve, e outros de férias…" afirmou o segurança.

A minha mulher perguntou então o que sugeria o senhor, e que se ele não iria fazer nada!

A muito custo, o labrego lá puxou de uma caneta e começou a rasquinhar numa folha de papel e começa a fazer perguntas pessoais da senhora, mesmo já depois de a minha mulher dizer-lhe que não conhecia a pessoa de parte alguma, que só a encontrou no chão.

A luta seguinte foi a de a minha mulher não deixar os seus dados pessoais. É que o segurança queria, à viva força, que ela ficasse responsável pela senhora. Depois foram perguntas acerca da socorrida. Se tinha médico de família, se tinha familiares, qual a área de residência... Tudo perguntas muito legítimas, mas que deveriam ser feitas à própria, e não a alguém que há conhecia há quase tanto tempo como o próprio segurança, e que não tinha como ter esses conhecimentos. Sim, estas perguntas poderiam ser feitas à pessoa em questão, mas acabava por ser difícil, pois se durante este tempo todo a senhora queixava-se, gemia e sangrava, até que a minha mulher teve que começar a mudar o tom de voz e exigir que algo fosse feito de imediato, e que este segurança, do alto do seu pequenino poder, voltasse a pôr as ferraduras bem assentes na terra, e que fizesse apenas e só o seu trabalho.

Tudo me indigna nesta situação.

O pouco caso do segurança, a falta de vontade de fazer alguma coisa, as pessoas que poderão ter passado antes e não fizeram nada, a ranhosa na paragem do autocarro, que nada fez, os polícias, que deviam ser indivíduos mais atentos e treinados, uma vez que fazem a ronda, e deviam detectar situações destas...

Estamos a caminhar num sentido em que o ser humano mais não é que um estojo de ossos, completamente dispensável e que se pode deixar a apodrecer num passeio, num banco de jardim, ou fechado em casa, sem haver ninguém que faça nada por ele.

Não tenho nada contra a IRA, que faz o seu trabalho de forma meritória e que é, efectivamente necessário, desde que não extrapole a sua missão, e competências. Muitos matulões, de bastões e tacos de basebol, por vezes pode não dar bom resultado, mas até hoje, podemos afirmar, que o resultado tem sido positivo. Ainda assim, devo dizer que incomoda-me bastante a hipocrisia das pessoas que se for para salvar um Piruças movem mundos e fundos, (desde meio que depois possam por fotos nas redes sociais) mas que se for para ajudar um seu semelhante, não mexem nem uma nádega.

Bem sei que "Quanto mais conhecem as pessoas, mais gostam de animais", mas o facto de gostarem muito de animais, não vos obriga a que gradualmente se transformem num.

Após ter escrito isto tudo tenho que dizer que há uma coisa que não me sai da cabeça, e acredito até que alguns de vocês também estejam a pensar no mesmo... As Chiquilin, será que ficaram muito esmigalhadas?!

31
Ago22

Duas formas de ver estrelas


Pacotinhos de Noção

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Quase a terminar as férias, hoje decidimos fazer uma visita ao Planetário. 

Só lá tinha ido em miúdo, ainda na escola primária, a minha mulher nunca foi, e o nosso filho iria gostar de certeza.

Em relação ao preço dos bilhetes não achei escandaloso. 15 € chegaram para dois adultos e uma criança de 5 anos.

Escolhemos a sessão que melhor se adequava à idade e ficámos agradavelmente surpreendidos por perceber que o Planetário não é uma atracção esquecida pelas pessoas. Estava uma sala bastante agradável e até o conferencista mencionou o facto.

A sessão foi óptima, o meu filho gostou imenso e foram 40 minutos que passaram num instantinho.

Esta foi a parte positiva, e agora falemos da outra, mas que em nada tem que ver com o Planetário, ou quem nele trabalhe.

Tenho duas crianças, uma de 5 anos e outra de 1 ano e 10 meses. Obviamente, e como qualquer ser minimamente pensante, não me passou pela cabeça imaginar levar a mais pequena a uma sessão numa sala escura, onde se requer silêncio e  alguma atenção, pois a primeira coisa que me enervou um bocadinho foi, na fila da bilheteira, um idiota que reclamava por não permitirem a entrada da sua pequena de ano e meio. Não conseguia perceber o porquê desta situação, e estava até a sentir que estaria a ser prejudicado na sua condição de pai...

Acho não haver muito o que dizer aqui. Se aquela besta não percebe o porquê, parece-me sensata a atitude do senhor da bilheteira que lhe respondeu um seco "Pois é, mas não pode." E pronto, é ignorar e seguir.

Não sei se estão familiarizados com o edifício do Planetário de Lisboa. As bilheteiras são no R/C, e a sala de projecção é no primeiro andar. Antes da sessão as pessoas aguardam num pequeno átrio onde estão expostos o antigo projector do planetário, e um antigo e enorme telescópio. Estive a explicar ao meu filho o que aquilo era, fingindo-me de sábio e entendido, pois é só por esta altura que conseguimos iludir os nossos filhos, e ele, talvez interessado, ou apenas de simpatia extrema, parecia ouvir aquilo que lhe dizia. Bem, para dizer a verdade não sei bem se ouvia porque, a determinado momento, deixamos de estar em Belém e fomos teletransportados para Sete Rios, mais propriamente para a Aldeia dos Macacos, no Jardim Zoológico. É que os pequenos seres retardados que ali se encontravam em espera, decidiram usar, tanto o telescópio, como o projector, como ferramentas de equilibrismo, e começaram a trepar por eles acima. Isto entre guinchos e gritinhos que nos furavam os tímpanos como se a Sharon Stone nos estivesse a cravejar o picador de gelo no cérebro.

Esta tortura parou porque, entretanto, começamos a entrar na sala.

Como disse sou pai de duas crianças. Não são anjinhos, longe disso. Tem dias que me moem tanto a cabeça que até dá pena não fumar, só para ter a velha desculpa de que "vou comprar tabaco e talvez volte", mas o tipo de comportamento que têm em público, principalmente o mais velho, em nada tem a ver com a maneira como se comporta em casa. Na rua até parece uma criança educada, evoluída e respeitadora. Quem o vê, quer ficar com ele, e de facto entrámos na sala, ele cumprimentou o conferencista, sentou-se e ficou a falar connosco, os pais, tirando dúvidas, perguntando o que iríamos ver. Já os macaquinhos que estavam lá fora, entraram também, e as cadeiras do Planetário, as quais são quase como marquesas para nos deitarmos, passaram a ser trampolins para os meninos saltarem. Eram muitas Carlotas, Matildes, Salvadores e Vicentes. Curiosamente os Fábios e os Rubéns, estavam sentadinhos com os seus pais, todos com os "caps" de pala para trás, e com as suas t-shirts de cava, mas caladinhos e com um comportamento bem civilizado. Parece que aqui para os lados de Cascais, as regras da boa educação são apenas algo que fica bem em livros de etiqueta, na revista Hola! e quando a Madalena Abecasis manda que assim seja.

Perguntarão vocês, "onde raio estão os pais destas crianças?"

a progenitora, que incomodavam quem ali foi para passar um bom bocado, e que eles não o estavam a permitir. Fiz esse meu "schiuu" e ainda bem que o fiz, porque resultou exactamente da mesma forma como se não o tivesse feito...

É isso mesmo. Nem ligaram. Ninguém quer saber se incomoda ou não, e a  grande vontade com que fiquei foi a de levantar-me e começar a distribuir chapadões, e desta forma as estrelas que iríamos ver não seriam só as projectadas no tecto do Planetário. Só não o fiz porque tive em consideração as regras da civilidade, da boa educação e porque poderia haver um pai, ou até uma mãe, maior ou mais forte do que eu, e também eu poderia ficar a ver estrelas.

14
Ago22

Hipocrisia em estado puro


Pacotinhos de Noção

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Serei curto e grosso, que não há grande coisa a dizer 

Como pode um tipo, numa página de story, se estar a vangloriar de agressões que, ao que parece, ocorreram entre claques, e em que até define o mesmo como desporto, e logo no story a seguir afirmar o quão é bonzinho, e gosta de animais.

Até posso fingir que acredito que goste, o que só mostra que quem é amigo dos animais nem sempre é flor que se cheire.

Não divulgarei o nome da pessoa porque acho não ser necessário, mas faz-me confusão que nenhuma autoridade competente encontre destas coisas no Instagram, e não averigue.

Tal como avisei no princípio -> CURTO E GROSSO.

08
Jun22

Os animais dos cãovencidos


Pacotinhos de Noção

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Começo com uma pergunta simples.

Está escrito nalgum lado, ou é uma regra intrínseca, que quem é dono de animais tem direitos especiais, ou as suas vontades têm mais valor do que a de todos os outros?

Pergunto isto porque reparo que cada vez mais os donos dos animais, em particular dos cães, porque são esses que normalmente vêm à rua, estão convencidos que por gostarem muito do seu Farrusco, então todos têm que gostar, ou até venerar.

Em mais do que uma ocasião vejo donos de cães a entrar com os seus bichinhos em estabelecimentos, que estão bem sinalizados, e que não permitem a entrada dos mesmos, mas eles não querem saber e vão por ali dentro, sem sequer perguntar.

No fim de semana vi numa pastelaria, um cão que, ao lado de uma mesa de quem não levou cão, se lembrou de começar a sacudir-se e foi ver pêlo a voar por tudo quanto é lado. A ideia com que fiquei é que houve ali pastéis de nata e meias de leite que ganharam brinde.

Mas imaginem também que a pessoa entra com o cão numa loja de roupa e que o bicho, sem sequer o dono saber, até tem pulgas. Assim, de repente, pode estar o caldo entornado ao alastrar-se pela roupa uma praga desses bichos, que nos fazem esgadanhar a pele até fazer ferida.

Perto do sítio onde moro há um parque infantil. Estes senhores vão passear os cães para dentro do parque e o que depois acontece é que os miúdos, entre uma descida no escorrega e uma viagem no baloiço, acabam por pisar uma mina.

Curioso é que, entretanto foi aqui aberto um parque caninoo, cheio de espaço e óptimo para os cães fazerem o que quiserem, mas os donos teimam em deixar que os seus cães façam as suas necessidades no parque infantil e na relva comum.

Não tenho nada contra os bichos, só tenho contra os donos que são muito pouco cívicos.

Como alguém que respeita tanto os animais, pode desrespeitar tanto o seu semelhante? E nem me venham com a treta de que "quanto mais conhecem pessoas, mais gostam de animais". Para mim esta máxima pode ser alterada para "Quanto mais conheço alguns donos de animais, mais pena tenho dos animais por terem que conviver com tão fraca amostra de humano". Isto porque quando alguém decide entrar com o seu mais-que-tudo em qualquer lado não percebe que por detrás do dístico da não permissão de entrada, pode estar um motivo. Como sabem eles que a pessoa do estabelecimento, ou algum cliente que lá se encontre, não tem pavor a cães? Conheço várias pessoas assim, ainda mais porque a maioria destes donos de cães respeitam demasiado os seus bichos para lhes colocar açaime. E há alergias a pêlos e também pode haver quem pura e simplesmente não goste de cães, e está tudo bem, porque à pergunta do princípio ainda não obtive resposta, e estou em crer que realmente não há nada que diga que donos de cães têm uma permissão ou devam ser tratados de forma especial.

No fim deixo mais uma pergunta.

Dado que os cães fazem parte da família, é justo que tenham "donos"? Se estão quase em pé de igualdade, não será uma violência tratá-los como seres inferiores?

E se jardins zoológicos e circos são considerados um atentado à dignidade do bicho, vestir um cãozinho com uma roupinha ridícula não o é? Colocar um Labrador numa varanda de um T1, e só o deixar sair à rua, para ir fazer as suas necessidades, não deveria ser passível de multa, ou uma qualquer punição?

Amar os bichos é sermos donos deles, e submetê-los à nossa vontade e ao jugo de uma trela, ou deixá-los andar?

À pergunta inicial deixo mais estas e deixo também um conselho para quem o quiser apanhar. Quando forem apanhar o conselho, aproveitem e apanhem a bosta que estiver no chão. Pode até nem ser do vosso animal, mas é do de um ser superior, como vós, que pensa que a bosta do seu cão é uma dádiva, e que até serve de fertilizante. Assim, além de amigos dos animais também vão estar a ser amigos do ambiente.

31
Ago21

Agarrar o touro pelos cornos


Pacotinhos de Noção

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Já fui à tourada.

Era miúdo e fui assistir a uma tourada na já inexistente Praça de Touros de Cascais.

Tinha uns 4 anos e admito que achei alguma graça ao espectáculo em si, e sentia um friozinho no estômago quando via que o touro quase apanhava o cavalo ou o toureiro. Na minha infantil inocência pensava que o touro não se magoava e que saindo dali teria um longa e próspera vida.

Cresci e percebi que não era assim. Embora em Portugal não se pratiquem os touros de morte a verdade é que eles também acabam por morrer, ainda que fora da arena.

Dito isto devo frisar que não sou vegetariano e que gosto de um bom bife, mas dai a achar piada a ver o sofrimento de um animal vai uma grande distância.

Durante anos não pensei se as touradas deveriam ou não ser extintas, mas parando e pensando um bocadinho, comecei a formar a minha opinião. As touradas deveriam acabar.

O argumento de que dá trabalho a muita gente é talvez o mais forte, mas no séc. XIX também havia a profissão de vaga lumes (homens que apagavam e acendiam os candeeiros públicos) que entretanto deixou de existir.

Cultura e tradição não são argumentos válidos. A Queima do Gato também era tradição e entretanto deixaram-se disso, felizmente. Pondo a mão na consciência dá para perceber que o ser humano é dos mais estúpidos e animalescos desde sempre.

Nos argumentos contra há apenas um e só um, e que é o suficiente para parar tudo, e que é o de fazerem sofrer o animal.

Caçar para comer, fazer a matança do porco para aproveitar todo o animal, são coisas que eu não faria mas que percebo até quem faça. Magoar apenas para gáudio e júbilo de quem faz e quem vê, é algo com o qual não posso concordar.

Então e se proibiram os animais no circo, que na grande maioria dos casos até eram animais bem tratados (existem sempre excepções), não se proíbem as touradas de imediato porquê? Em relação aos animais do circo nem concordo com o argumento da dignidade do animal que não existe para nos divertir. Se este argumento fosse levado à letra ninguém poderia ter animais de estimação que também são por nós adquiridos para nos satisfazerem, quer como diversão quer como companhia. Mas o assunto não é esse. São as touradas.

Se for para acabar que se acabem já e que se pare também com o pessoal anti-touradas que pensa que para defender um ponto de vista tem que se andar à cacetada.

Quando foi a situação do João Moura, cheguei a ver elementos de uma das claques do Benfica que foram à manifestação apenas com a esperança de que a coisa pudesse dar para o torto, para poderem andar à batatada.

Este exemplo só mostra que violência gera violência, e espetar um animal é uma violência enorme. Para terminar com isto há que haver coragem e vontade política e agarrar o touro pelos cornos.