ALERTA CM: Farinhera mata paio em feira de enchidos
Pacotinhos de Noção
Calma. Este foi apenas um título sensacionalista para vos captar a atenção.
Tanto a farinheira como o paio estão de perfeita saúde e nem sei se o tipo de iniciativas como as feiras de enchidos voltaram a ser permitidos pela DGS.
Uma vez que já conto com a vossa atenção aproveito o facto e falo-vos da crise que vivemos no que a notícias diz respeito.
Numa altura em que há tanta informação mas que a população não a sabe crivar, aqueles que o deveriam fazer, para esclarecer os cidadãos, demitem-se também das suas funções, por causa da tão conhecida luta pelas audiências.
A informação quer-se imparcial, rápida, concisa e de fácil compreensão. Não é tudo notícia, e quem segue o trabalho do Nuno Markl já deverá ter ouvido a explicação do porquê a sua rubrica se chamar "O Homem que Mordeu o Cão". Uma das primeiras coisas que é ensinado a quem estuda comunicação ou jornalismo é que (e é dado este exemplo) a notícia é sempre "o homem que mordeu o cão" e não "o cão que mordeu o homem", pois isso é o que será sempre normal acontecer.
Aquilo que já há alguns anos se tem vindo a verificar é que o que cada vez mais passa a ser notícia é "o cão que mordeu o homem", porque as outras notícias, aquelas que mais poderiam interessar a quem se quer informar, dão trabalho a conseguir e muitas vezes precisam de confirmação.
Com a chegada da internet o trabalho deste novo tipo de jornalistas passou a ser muito mais facilitado. Basta-lhes visitar uma ou outra página de notícias, ou uma ou outra rede social, e começar a partir dai a construir a narrativa de um serviço noticioso.
Com isto a qualidade vai decaindo cada vez mais e para conseguir encher um bloco de informação, que poderia ser de 30 minutos, mas que acaba sempre por ser de hora e meia ou duas horas, falam acerca dos carros do Ronaldo, da feira do caracol de Vale da Azinhaga, do maior pastel de Chaves do Mundo e daquela praia da Costa Vicentina que uma revista da Cochinchina e que ninguém conhece, definiu que pertence às 17 melhores praias do Mundo para fazer nudismo apenas com o chinelo do pé esquerdo calçado.
Ainda há dias assisti a uma outra falha de um jornalista que até considero sério.
José Alberto Carvalho emitiu a sua opinião em pleno noticiário que apresenta, acerca das pessoas que criticavam os pais do Noah. Não o devia ter feito... Aliás, não o podia ter feito. Deveria apenas dizer que havia pessoas a criticar e acabou. Ou até podia nem mencionar este facto, porque a notícia neste caso concreto foi o desaparecimento, a busca, o final feliz e, talvez um dia mais tarde, a informação se alguém foi responsabilizado ou não.
Os jornalistas têm um código deontológico que contém apenas 11 pontos, mas desses 11 pontos parecem não querer respeitar nenhum.
Já no início da pandemia foi para mim sofrível verificar a falta de profissionalismo de alguns "pivots" de informação que acharam que deviam dar o seu cunho mais pessoal e aconselhar os telespectadores que estavam em casa...
Devo dizer que aos nossos pais pediram-lhes que fossem para a guerra, a nós que ficássemos em casa e aos jornalistas pede-se apenas que sejam jornalistas e informem. Se quiser uma catarse vou ao psicólogo.