Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

20
Abr23

Ficou tudo estúpido


Pacotinhos de Noção

20230420_021718_0000.png

Hoje almocei num restaurante chinês.

Durante o almoço apareceu uma senhora que afirma ter-se esquecido, há uns três dias, de uns óculos caríssimos no restaurante, e que vinha buscá-los. Tanto a dona, como a funcionária, afirmaram não ter dado por nenhuns óculos, nem ninguém lhos entregou. A dona dos óculos parte para a ignorância, o que claramente não lhe custou, e afirma, com todas as certezas, que os óculos se não aparecem é porque eles não querem, e que ou chama a polícia, ou dão-lhe 480 €, que é o valor dos óculos.

A conclusão desta situação não interessa muito, mas posso dizer-vos que a minha mulher interveio nesta situação, alertando a tipa para o facto de estar a ser rude, mal-educada e de estar a incomodar quem ali estava para almoçar.

Conclusão, a tipa não levou óculos nem dinheiro. Saí do almoço contente, e orgulhoso da minha mulher porque, por pouco que tenha sido, fez justiça a quem estava a trabalhar, e há-de tê-los feito sentir um bocadinho melhor, porque tiveram quem intercedesse por eles. Amanhã tenho que lá voltar, porque me esqueci lá de uns óculos.

Li uma notícia na página do Público, no Instagram, que informava que a Índia se tornou no país com maior densidade populacional, ultrapassando a China.

Primeiro comentário:

- "Por isso é que já estão distribuídos por Portugal" -

Resposta a este comentário:

- "deal with it. Castigo por colonizarem Goa por 452 anos" -

Temos, portanto, a amostra de como está dividida grande parte da população...

Por um lado, uns bacocos da direita racista e xenófoba, que antes de haver CHEGA, estavam metidos debaixo do seu pedregulho, não opinando sobre nada. Ignoram que têm família em França, no Luxemburgo, ou na Suíça, mas aceitar estrangeiros no seu país é que nem pensar. Agora, sentem que a idiotice que lhes tolda o pensamento, se está a alastrar, e vomitam o seu fel sempre que têm oportunidade.

Pelo outro temos a esquerda radical, cuja existência é mais tolerada pela população, porque a mesma julga que ganzados e associações de antigos estudantes do Chapitô não representam perigo, mas representam. Como são mais esquivos e cínicos, que a extrema-direita, conseguem ir comendo pelas beiradas do prato, chegando quase sempre aos seus intentos, por mais idiotas que os mesmos nos possam parecer. É assim que acabam por surgir cancelamentos, e leis que correspondem apenas aos ideais de alguns, mas que tem que ser seguidos por toda uma sociedade.

Perto da minha casa existem dois parques. Um mais pequeno, que é o infantil, e uns metros mais adiante um enorme, que tem até um parque canídeo.

A verdade é que o parque para os cães está sempre vazio, porque tem muito mais piada ver os cães a invadir o parque infantil, mijando contra os baloiços, onde a miudagem vai brincar, e largando as suas poias na relva, que invariavelmente vão sendo esquecidas pelos donos. De qualquer das formas, mesmo que não o sejam, é muito pouco higiénico que um cão possa defecar na relva onde crianças vão brincar, porque há meninos que gatinham, outros que rebolam no chão, e mesmo tendo sido o bolo fecal recolhido, há sempre resquícios que podem ficar... Caraças, se houver alguém que não concorde com isto, palavra de honra que combinamos um almocinho, largo-vos uma poia de cão no prato, tiro com um saquinho, e quero ver se continuam a usar o mesmo! Não me lixem, pá!!!

Mas continuando.

Usar trelas e açaimes nos cães é coisa de torturador, e o que constantemente tem acontecido são cães, que no parque infantil das crianças, se atiram às crianças, porque ficam excitados com os gritos e com a correria, ou então, naqueles que ficam apenas eufóricos e que querem brincar, mas que não medem a força (é natural, são animais) e empurram crianças de 2 e 3 anos para o chão.

O mais irritante nisto tudo é o aborrecimento que sempre é gerado quando algum pai pede ao dono do cão, que lhe coloque a trela, por exemplo. Afirmam que os seus cães são de confiança, e que as crianças até podem brincar com eles, não lhes passando pela cabeça que;

Primeiro - um animal será sempre um animal, nunca se pode confiar a 100%, e há sempre notícias que confirmam isto como sendo verdade.

Segundo - existem pessoas, muitas

na verdade, mas que de escondem para não serem julgadas, sejam elas adultas ou crianças, que NÃO gostam de cães.

E não gostam, não por serem os vossos. Não gostam porque não gostam, e pronto.

 

Este pequeno ramalhete de histórias, todas reais, têm um denominador comum e que é a forma pouco civilizada com que as pessoas agora de comportam.

Isto agravou-se depois da pandemia, e a razão que encontro para tal é o facto de as pessoas terem estado fechadas em casa, mas não terem estado em família. Cada um tinha o seu telemóvel, o seu tablet, o seu computador, e a pouca capacidade que tinham para socializar, esfumou-se. Em frente a aparelhos que lhes dão a sensação de que, de facto, são alguém importante (uma falácia), começaram a ficar tão convencidos, e tão cheios de si, que depois, quando tiveram ordem de soltura, passaram a ser ainda mais egoístas e pouco civilizados, pois, segundo aquilo que foram apreendendo, nas frases motivacionais das redes sociais, "eles são quem verdadeiramente conta", "tu estás sempre primeiro", e outras coisas que tais.

A mim o confinamento também mudou. Estou muito mais rabugento, mais refilão e mais intolerante (não à lactose nem ao glúten), e porquê? Na minha opinião é porque tenho que conviver com pessoas como as das histórias que vos contei.

08
Jun22

Os animais dos cãovencidos


Pacotinhos de Noção

1654693153476.jpg

Começo com uma pergunta simples.

Está escrito nalgum lado, ou é uma regra intrínseca, que quem é dono de animais tem direitos especiais, ou as suas vontades têm mais valor do que a de todos os outros?

Pergunto isto porque reparo que cada vez mais os donos dos animais, em particular dos cães, porque são esses que normalmente vêm à rua, estão convencidos que por gostarem muito do seu Farrusco, então todos têm que gostar, ou até venerar.

Em mais do que uma ocasião vejo donos de cães a entrar com os seus bichinhos em estabelecimentos, que estão bem sinalizados, e que não permitem a entrada dos mesmos, mas eles não querem saber e vão por ali dentro, sem sequer perguntar.

No fim de semana vi numa pastelaria, um cão que, ao lado de uma mesa de quem não levou cão, se lembrou de começar a sacudir-se e foi ver pêlo a voar por tudo quanto é lado. A ideia com que fiquei é que houve ali pastéis de nata e meias de leite que ganharam brinde.

Mas imaginem também que a pessoa entra com o cão numa loja de roupa e que o bicho, sem sequer o dono saber, até tem pulgas. Assim, de repente, pode estar o caldo entornado ao alastrar-se pela roupa uma praga desses bichos, que nos fazem esgadanhar a pele até fazer ferida.

Perto do sítio onde moro há um parque infantil. Estes senhores vão passear os cães para dentro do parque e o que depois acontece é que os miúdos, entre uma descida no escorrega e uma viagem no baloiço, acabam por pisar uma mina.

Curioso é que, entretanto foi aqui aberto um parque caninoo, cheio de espaço e óptimo para os cães fazerem o que quiserem, mas os donos teimam em deixar que os seus cães façam as suas necessidades no parque infantil e na relva comum.

Não tenho nada contra os bichos, só tenho contra os donos que são muito pouco cívicos.

Como alguém que respeita tanto os animais, pode desrespeitar tanto o seu semelhante? E nem me venham com a treta de que "quanto mais conhecem pessoas, mais gostam de animais". Para mim esta máxima pode ser alterada para "Quanto mais conheço alguns donos de animais, mais pena tenho dos animais por terem que conviver com tão fraca amostra de humano". Isto porque quando alguém decide entrar com o seu mais-que-tudo em qualquer lado não percebe que por detrás do dístico da não permissão de entrada, pode estar um motivo. Como sabem eles que a pessoa do estabelecimento, ou algum cliente que lá se encontre, não tem pavor a cães? Conheço várias pessoas assim, ainda mais porque a maioria destes donos de cães respeitam demasiado os seus bichos para lhes colocar açaime. E há alergias a pêlos e também pode haver quem pura e simplesmente não goste de cães, e está tudo bem, porque à pergunta do princípio ainda não obtive resposta, e estou em crer que realmente não há nada que diga que donos de cães têm uma permissão ou devam ser tratados de forma especial.

No fim deixo mais uma pergunta.

Dado que os cães fazem parte da família, é justo que tenham "donos"? Se estão quase em pé de igualdade, não será uma violência tratá-los como seres inferiores?

E se jardins zoológicos e circos são considerados um atentado à dignidade do bicho, vestir um cãozinho com uma roupinha ridícula não o é? Colocar um Labrador numa varanda de um T1, e só o deixar sair à rua, para ir fazer as suas necessidades, não deveria ser passível de multa, ou uma qualquer punição?

Amar os bichos é sermos donos deles, e submetê-los à nossa vontade e ao jugo de uma trela, ou deixá-los andar?

À pergunta inicial deixo mais estas e deixo também um conselho para quem o quiser apanhar. Quando forem apanhar o conselho, aproveitem e apanhem a bosta que estiver no chão. Pode até nem ser do vosso animal, mas é do de um ser superior, como vós, que pensa que a bosta do seu cão é uma dádiva, e que até serve de fertilizante. Assim, além de amigos dos animais também vão estar a ser amigos do ambiente.

02
Fev21

A badalhoquice do confinamento


Pacotinhos de Noção

 

Os portugueses não são das pessoas mais asseadas do mundo. Basta pensar que temos o chão definido como receptáculo de pastilhas, beatas e escarradelas, mas temos também uma característica magnífica que é "a roupa de Domingo". Ora, a roupa de Domingo é uma prova cabal do quão javardo se consegue ser. Durante a semana não se toma banho e a roupa é lavada em anos bisextos, não vá o tecido estragar. Depois, chegando o dia da missa, toma-se uma banhoca rápida, um encharcamento de perfume do chinês e veste-se a roupa mofenta de Domingo, para se causar sensação na igreja. Mas isto é uma característica talvez já datada e vou então falar de algo mais actual.

Com o confinamento não há quase ninguém na rua. Uma das excepções são os passeios com os amigos de 4 patas. Não sei se pelo relaxamento de não haver tanta gente que observe ou se há dificuldade em comprar saquinhos de plásticos para as bostas dos cães ou ainda se o facto de estarem tanto tempo fechados em casa lhes causou uma qualquer calcificação na coluna, não os deixando vergar, mas a verdade é que nestes tempos andar na rua sem pisar merda de cão é mais difícil que acertar nos números do Euromilhões.

A minas de bolo fecal são um mal que todos conhecem mas tenho reparado que nesta altura de resguardo domiciliário o aumento foi significativo. Digo mais ainda, os senhores e senhoras, donos dos animais, aproveitando o facto de parques infantis não poderem ser frequentados por crianças, usufruem do mesmo para que os seus canídeos possam esvaziar as tripas juntos de um qualquer escorrega, baloiço ou balanzé. Atenção, sei que os animais não têm qualquer culpa. De facto, quanto mais conheço os animais, menos gosto dos donos. Isto porque os animais, para estas pessoas, são como os filhos e como tal são um reflexo dos pais.