Um puxão de orelhas não chegará
Pacotinhos de Noção
Não sei se haverá alguém que não esteja ao corrente do assassinato de Igor Silva.
Ao que parece tudo aconteceu numa rixa entre gangues rivais em claques do Futebol Clube do Porto que, para festejar a conquista de mais um título, decidiram limpar o sebo a um coleguinha. Os assassinos, e não utilizo "alegados" propositadamente, são Marco "Orelhas", Paulo "Chanfras" (cunhado do Orelhas) e Diogo "Xió", amigo de Renato, que é filho de Marco "Orelhas" e que também está preso. Está então montado um círculo familiar, e de amigos, do mais fino recorte.
É verdade que falei no FCP, mas peço a todos os que lêem estas linhas, que esqueçam as clubites, os regionalismos, e todas as idiotices inerentes ao mundo da bola. Aquilo que se passou podia acontecer com qualquer outro clube, assim como já aconteceu com o assassinato daquele adepto italiano do Sporting, atropelado por benfiquistas, e é certinho que vai voltar a acontecer, enquanto não for tomada uma atitude para acabar com estes grupos de crime desorganizado.
Se em Inglaterra foi possível de fazer, em Portugal também será, basta haver vontade. Claques de futebol são esquemas montados para toda a pirâmide de negócios ilegais que vão desde tráfico de droga, assaltos, roubos, crimes de violência e ódio racial. Todas as claques deveriam ser banidas do futebol português, e se por acaso vier algum membro de uma dessas corjas comentar este texto, tenho a certeza que será para insultar ou ameaçar, porque realmente não dará para mais.
Não acrescentam nada de novo ou de especial ao futebol, a não ser medo, clima de insegurança e afastamento de outros adeptos que se recusam a ir ao estádio com receio de dar de caras com atrasados mentais como estes.
A grande generalidade dos elementos de uma claque têm registo criminais mais preenchidos que um boletim do Euromilhões numa Sexta-feira de Jackpot. São indivíduos desempregados, mas que normalmente se deslocam em carros, topo de gama, e eu gostaria de saber como.
Não sei se repararam, mas não houve uma única vírgula de lamento em relação à morte de Igor Silva, e isto acontece porque, na verdade, não lamento. Aqui não consigo ser hipócrita e dizer que qualquer morte é de lamentar, e "paz à sua alma". Relembro que também ele fazia parte da claque de futebol, e se isso, por si só, não é motivo para merecer morrer, a verdade é que é um dado quase adquirido de que pode acontecer, ainda para mais quando há uma luta de gangues no seio da própria claque, e se é um elemento activo de um desses gangues.
Vivemos tempos em que os tribunais querem dar o exemplo, aplicando algumas penas duras, às vezes em crimes onde judicialmente nem é costume uma rigidez assim tão grande, como no recente caso do Rendeiro, por exemplo. Pois, julgo que para um caso de assassinato em praça pública, com a violência de 18 facadas, mais espancamento, mais pedradas, deixando até o corpo irreconhecível, a pena máxima parece-me até pouco, e ainda assim duvido que exista um juiz com coragem para dar penas assim tão pesadas a elementos que pertencem a claques de futebol. Recordo que "pessoas" como este "Orelhas" e o "Macaco", por exemplo, não têm nenhum pudor em ameaçar directamente, ou em fazer visitas a casas, locais de trabalho, de quem lhes desagrada, ou até a familiares, causando o terror.
Em Itália existe a Camorra, no Japão os Yakuza, aqui temos um bando de marginais protegidos por equipas de futebol, o que nos mostra que até na Máfia somos uns bacocos.