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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

08
Mar23

Dia da Mulher


Pacotinhos de Noção

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Todos acusados de violência doméstica, todos figuras públicas, todos que viveriam casamentos de sonho.

As pessoas não são uma coisa só, mas se batem a mulheres a coisa que mais sobressai é serem cobardes.

Abram os olhos, para que tipos como estes não vos os ponham negros.

Uma besta, que vos bata, mas que hoje vos ofereça flores, não significa que vos ama, significa apenas que sabe ver um calendário.

16
Mar22

Ser cobarde salvaria mais vidas


Pacotinhos de Noção

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O conceito de herói é muito subjectivo e tem cada vez mais sido banalizado. 

A partir de determinada altura todos são heróis. Desde o tipo que salva uma família de um incêndio, até ao outro que conseguiu solucionar o caso de uma torneira que não parava de pingar.

Para mim a palavra herói não tem um sentido tão lato, e muito provavelmente nem vai ao encontro daquilo que a maior parte das pessoas usa como definição. Mas isto é porque sou um pouco cobarde, até caguinchas, e para pessoas como eu, o herói é aquele que consegue evitar o conflito.

Tomemos como exemplo o caso de Zelenskiy.

O presidente ucraniano está, neste momento, catalogado como herói. Concordo e nem tenho nada a apontar.

O homem surpreendeu tudo e todos, surpreendeu principalmente Putin, que pensava poder manietar o adversário com relativa facilidade, mas tal não aconteceu. Zelenskiy fez frente a alguém mais poderoso e até tem a sua vida colocada em risco para defender uma nação... Mas e o que é uma nação? É apenas um pedaço de terra, em determinado lugar, ou uma nação só o é graças às pessoas que a formam?

E a nação, que acaba por ser algo de abstracto, merece que se morra e se mate por ela?

Aquilo que aqui vou expor não é o certo ou o errado, é apenas aquilo que eu faria, tendo em consideração o meu pouco caso para qualquer categoria de conceito de nação, de orgulho nacional ou amor à pátria.

Gosto de Portugal? Gosto do território, do clima, e até de algumas comidas, mas cada vez gosto menos da praga que infesta o país, e que são as pessoas. Dado curioso é que pessoas há em todo o lado e não diferem muito de sítio para sítio. De qualquer maneira mesmo eu apreciando cada vez menos pessoas, não julgo que deveriam desaparecer. Talvez o certo seria eu transformar-me numa espécie de eremita, porque no final das contas quem está mal sou eu. Não posso ser o tipo que vai na autoestrada em sentido contrário, defendendo que sou o único que está correcto.

Como não penso que devam desaparecer, e caso estivesse no lugar de Zelenskiy, mal houvesse a pequena ameaça de uma invasão, que pudesse causar qualquer tipo de baixa, render-me-ia logo. Mas é que nem pensava duas vezes. Sei ser chocante isto que escrevo, mas recordo-vos que quem vos escreve é um tipo assumidamente sem valores patriotas, com pouca coragem pessoal, e que julga que uma vida, seja ela russa, ucraniana, portuguesa ou chinesa, não tem preço. Se for de uma criança então, a dívida que fica, de cada vez que uma é vítima desta guerra (ou de outra qualquer) é impossível de pagar.

As últimas notícias dão conta de pelo menos 100 crianças mortas. Não tenho palavras que consigam transmitir a tristeza que me percorre todos os poros, todas as veias, todos os milímetros do meu corpo, ao imaginar o medo que uma criança tem, neste cenário dantesco. O sofrimento dos pais que perderam quem mais amavam, e a constatação de que estas 100 crianças estão a horas e dias de se transformarem em 110, 120, 200.

É por isso que para mim o acto mais heroico que Zelenskiy, e o próprio povo ucraniano poderia fazer, era entrar em conversações, com o animal do Putin, e dizer-lhe que sim a tudo. Que não querem a NATO, que não querem a Europa, que não vão ter armas nucleares, que saltam ao pé-coxinho... Eu sei, eu sei que em teoria Putin ganharia esta guerra, mas não vejo as coisas por esse prisma. Quem verdadeiramente ganharia a guerra seria quem nela não morreu, nem iria morrer. Seria quem pudesse voltar para sua casa e para junto dos seus, seriam todas as crianças que poderiam voltar a sonhar em ir para a escola, crescerem e serem adultos.

O que realmente iria mudar no dia a dia do comum ucraniano? Julgam que muito? Não me parece. Esta, e todas as guerras de sempre, acabam por acontecer por motivos políticos, e é verdade que um político forte como o Zelenskiy dá outra moral, outro tipo de força, que nos faz ficar mais corajosos. Mas continua a valer mais um corajoso morto do que um cobarde vivo?

Posso garantir-vos que se fosse ucraniano a minha coragem estaria apenas apontada nos esforços para dali conseguir sair, com a minha mulher e os meus filhos. Seria um desertor? Seria, mas neste jogo que é a vida, já em pleno século XXI, devo dizer que não estava à espera de ter que decidir se deveria matar, ou não, inimigos, mas tendo que decidir, decido sempre que prefiro fugir.

Dos fracos não reza a história, aos fortes rezamos nós, no dia dos seus funerais.