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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

31
Ago22

Duas formas de ver estrelas


Pacotinhos de Noção

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Quase a terminar as férias, hoje decidimos fazer uma visita ao Planetário. 

Só lá tinha ido em miúdo, ainda na escola primária, a minha mulher nunca foi, e o nosso filho iria gostar de certeza.

Em relação ao preço dos bilhetes não achei escandaloso. 15 € chegaram para dois adultos e uma criança de 5 anos.

Escolhemos a sessão que melhor se adequava à idade e ficámos agradavelmente surpreendidos por perceber que o Planetário não é uma atracção esquecida pelas pessoas. Estava uma sala bastante agradável e até o conferencista mencionou o facto.

A sessão foi óptima, o meu filho gostou imenso e foram 40 minutos que passaram num instantinho.

Esta foi a parte positiva, e agora falemos da outra, mas que em nada tem que ver com o Planetário, ou quem nele trabalhe.

Tenho duas crianças, uma de 5 anos e outra de 1 ano e 10 meses. Obviamente, e como qualquer ser minimamente pensante, não me passou pela cabeça imaginar levar a mais pequena a uma sessão numa sala escura, onde se requer silêncio e  alguma atenção, pois a primeira coisa que me enervou um bocadinho foi, na fila da bilheteira, um idiota que reclamava por não permitirem a entrada da sua pequena de ano e meio. Não conseguia perceber o porquê desta situação, e estava até a sentir que estaria a ser prejudicado na sua condição de pai...

Acho não haver muito o que dizer aqui. Se aquela besta não percebe o porquê, parece-me sensata a atitude do senhor da bilheteira que lhe respondeu um seco "Pois é, mas não pode." E pronto, é ignorar e seguir.

Não sei se estão familiarizados com o edifício do Planetário de Lisboa. As bilheteiras são no R/C, e a sala de projecção é no primeiro andar. Antes da sessão as pessoas aguardam num pequeno átrio onde estão expostos o antigo projector do planetário, e um antigo e enorme telescópio. Estive a explicar ao meu filho o que aquilo era, fingindo-me de sábio e entendido, pois é só por esta altura que conseguimos iludir os nossos filhos, e ele, talvez interessado, ou apenas de simpatia extrema, parecia ouvir aquilo que lhe dizia. Bem, para dizer a verdade não sei bem se ouvia porque, a determinado momento, deixamos de estar em Belém e fomos teletransportados para Sete Rios, mais propriamente para a Aldeia dos Macacos, no Jardim Zoológico. É que os pequenos seres retardados que ali se encontravam em espera, decidiram usar, tanto o telescópio, como o projector, como ferramentas de equilibrismo, e começaram a trepar por eles acima. Isto entre guinchos e gritinhos que nos furavam os tímpanos como se a Sharon Stone nos estivesse a cravejar o picador de gelo no cérebro.

Esta tortura parou porque, entretanto, começamos a entrar na sala.

Como disse sou pai de duas crianças. Não são anjinhos, longe disso. Tem dias que me moem tanto a cabeça que até dá pena não fumar, só para ter a velha desculpa de que "vou comprar tabaco e talvez volte", mas o tipo de comportamento que têm em público, principalmente o mais velho, em nada tem a ver com a maneira como se comporta em casa. Na rua até parece uma criança educada, evoluída e respeitadora. Quem o vê, quer ficar com ele, e de facto entrámos na sala, ele cumprimentou o conferencista, sentou-se e ficou a falar connosco, os pais, tirando dúvidas, perguntando o que iríamos ver. Já os macaquinhos que estavam lá fora, entraram também, e as cadeiras do Planetário, as quais são quase como marquesas para nos deitarmos, passaram a ser trampolins para os meninos saltarem. Eram muitas Carlotas, Matildes, Salvadores e Vicentes. Curiosamente os Fábios e os Rubéns, estavam sentadinhos com os seus pais, todos com os "caps" de pala para trás, e com as suas t-shirts de cava, mas caladinhos e com um comportamento bem civilizado. Parece que aqui para os lados de Cascais, as regras da boa educação são apenas algo que fica bem em livros de etiqueta, na revista Hola! e quando a Madalena Abecasis manda que assim seja.

Perguntarão vocês, "onde raio estão os pais destas crianças?"

a progenitora, que incomodavam quem ali foi para passar um bom bocado, e que eles não o estavam a permitir. Fiz esse meu "schiuu" e ainda bem que o fiz, porque resultou exactamente da mesma forma como se não o tivesse feito...

É isso mesmo. Nem ligaram. Ninguém quer saber se incomoda ou não, e a  grande vontade com que fiquei foi a de levantar-me e começar a distribuir chapadões, e desta forma as estrelas que iríamos ver não seriam só as projectadas no tecto do Planetário. Só não o fiz porque tive em consideração as regras da civilidade, da boa educação e porque poderia haver um pai, ou até uma mãe, maior ou mais forte do que eu, e também eu poderia ficar a ver estrelas.

03
Set21

Que comece a palhaçada


Pacotinhos de Noção

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Eis-nos então chegados à tão falada "silly season".

Os chatos já vão começar a dizer que estou desfasado no tempo, porque esta temporada tão falada nos espaços noticiosos é durante o mês de Agosto e acabámos de entrar em Setembro.

Pois digo-vos que desfasados estão vocês, e é da realidade.

Para mim a "silly season" é uma altura em que podemos apelidar como época da parvoeira, e a única altura em que essa parvoeira está mais diluída é precisamente durante o mês de Agosto. Os responsáveis pelos pais vão quase todos molhar o rabo, nas águas mornas algarvias, e como ficam com o cérebro de molho acabam por não ter tempo para dizer asneiras e fazer patacoadas. Mas mal chega Setembro, lá aparecem eles, bem mais tostadinhos, e de baterias carregadas, para nos dar barrigadas de riso e bastantes dores de cabeça.

João Leão, o nosso valoroso Ministro das Finanças, começou esta semana já com piadolas.

Afirmou que a pandemia nos vai custar 40 mil milhões de euros.

Destes 40 mil milhões apenas 5 mil milhões dizem respeito a ajudas à população ou algo que lhes seja inerente. Tudo o resto são despesas do Estado. Muito provavelmente é para pagar a conta de papel higiénico que o Governo há-de ter comprado logo no início da chegada do vírus. Como se lembrarão houve uma corrida aos pergaminhos higiénicos e como quem faz maiores borradas é o Governo, é bem provável que tenham gasto paletes de papel higiénico, como diria o Herman...

Outra palhaçada que se ficou a saber, já no dia de hoje, foi o pedido de indemnização que a ex-presidente da Raríssimas, Paula Brito da Cunha fez, alegando que a sua demissão foi ilegal e que lhe provocou sérios problemas de ansiedade e depressão e passou até a precisar de acompanhamento psicológico. Considero uma vergonha o que fizeram a esta senhora, que estava habituada a tirar os seus tostões da caixa da Raríssimas e que, assim por dá cá aquela palha a colocaram em tribunal e despediram. Afinal de contas a palha são mais de 300 mil euros, mas não deixa de ser palha. Querem mais "silly" que isto? Então cá vai.

Estão quase a acontecer as eleições autárquicas e aqui a palhaçada é tanta que até acaba por ficar confuso.

Palhaçada de quem está no poder autárquico porque há muito pouco trabalho para mostrar. Posso dar o exemplo da presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros, que era um concelho que vinha sistematicamente a crescer e a melhorar, e que nos tempos desta Presidente, estagnou e até regrediu. Quem caminha por Almada ou pela Costa, há-de perceber aquilo que estou a dizer.

Outros palhaços são quem deveria ir votar mas não vai.

Há o argumento de que não vão votar, porque as autárquicas não mudam nada no que ao Governo diz respeito, e é por isto que estão a ser palhaços.

Não se iludam ao pensarem que é o Governo que vos vai tratar de problemas camarários. É o presidente da câmara que vai tratar daqueles assuntos mais corriqueiros, mas que acabam por chatear e melhorar o vosso estilo de vida quando são resolvidos, e os resultados das autárquicas acabam por ser um prólogo no que às legislativas diz respeito. A política começa no poder local e aos poucos vai subindo, para chegar até ao Sr.Presidente da República.

Outros palhaços aqui são toda a oposição, que não se organiza de maneira nenhuma para conseguir fazer assim tremer a máquina do Estado que está mal oleada e trabalha mal, mas que continua a ser a primeira opção da população porque as alternativas são tão boas como bater com o dedo mindinho do pé na esquina de uma cadeira.

E pronto. Em relação a mais palhaçadas que tenham entretanto surgido, encobertas pelo manto da "silly season", lamento mas não vou comentar, porque o dia tem 24 horas e estar a tratar assuntos de fontes inesgotáveis, acabam por levar tempo e como não sou palhaço rico, também tenho que trabalhar.

14
Abr21

Felizmente não preciso de trabalhar


Pacotinhos de Noção

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Pois é... Felizmente não preciso de trabalhar, mas infelizmente trabalho porque preciso, e não gosto. Desempenho bem as minhas funções e prova disso é que trabalho não falta, mas não padeço de uma patologia que é cada vez mais comum. A de ser "workaholic".

Com sinceridade, devo aqui afirmar, que julgo não conhecer ninguém que sofra realmente deste mal. Pelo menos que se veja. Agora pessoas que dizem sofrer desse mal, essas há por ai aos pontapés.

Curiosamente todos os que não se cansam de dizer que precisam muito de trabalhar, que para eles parar é morrer, que sem trabalho não são nada, normalmente têm aquele tipo de trabalho das 9:00 às 17:00, com os fins - de - semanas de folga, feriados, pontes, greves, 13° sem duodécimos, subsídio de férias, em suma todos aqueles direitos que damos por adquiridos mas que infelizmente falham em muitas áreas profissionais do nosso país. Não me lembro de ver um trolha, um "almeida", uma empregada de limpeza a dizer que é "workaholic". Isto porquê? Não gostam ou não respeitam o seu trabalho? Ou será porque ao fim de um dia de trabalho, cuja maioria das vezes não é só de 8 horas (sem contar com o tempo de transportes públicos) este não - "workaholic" quer é ir para casa descansar e tentar carregar ao máximo as baterias para o dia seguinte?

Não sei a resposta a estas perguntas até porque não sei o que se passa na cabeça de cada um. Sei que em tanta coisa na qual eu podia ficar viciado, penso que trabalhar seria das que viria muito próximo do último lugar. Lugar esse onde todas as outras coisas estariam também, quase "ex aequo" porque ao que parece, isso de ser viciado dá muito trabalho.