A ponte do Facebook
Pacotinhos de Noção
O Facebook, WhatsApp, Instagram e o Messenger estiveram offline. À partida não haveria grande mal, mas essa é a leitura que nós, os comuns mortais, poderíamos fazer.
Quantas foram as pessoas que, por terem estado mais que 20 minutos sem colocar a foto daquela panela cheia de comida que mais parece lavagem para porcos, mas a que chamaram de almoço, desesperaram e até tiveram quebras de tensão?
E as fotos das férias de Verão que se pretende que rendam até ao Natal, que eram para ser colocadas hoje e não foram? Havia uma média diária a cumprir e o dia de hoje deu cabo de tudo.
Quanta codrilhice ficou por trocar e insultos por fazer? E as fotos badalhocas, trocadas por broncalhada no WhatsApp? Para nós poderá parecer apenas "bardajice", mas para alguns tipos que não levantam os glúteos da cadeira de "gamer", receber fotos de tipas nuas no WhatsApp, enviadas pelos amigos, é o que de mais parecido com um relacionamento alguma vez terão.
Não foram só as acções do Facebook que tiveram uma grande queda hoje. Centenas, se não milhares de raparigas, ficaram com a auto-estima em frangalhos porque não tiveram aqueles tão grandes números de gostos às suas fotos e aqueles sinceros comentários de "Linda", "Maravilhosa" e "Poderosa", mesmo quando ela não é nem linda, nem maravilhosa nem um pouco poderosa.
Estou, como é habitual, a ser uma besta insensível porque alguma importância há-de ter tido esta falha do Facebook e suas aplicações, caso contrário não se justificaria que os boletins noticiosos perdessem tanto tempo a analisar este acontecimento. Até especialistas, não se sabe muito bem do quê, foram chamados para comentar o assunto.
Mas este alarmismo, junto dos órgãos de comunicação social, até se compreende. Afinal de contas o Facebook e o Instagram são, hoje em dia, as grandes fontes onde "jornalistas" se vão banhar com sede de conhecimento. Mesmo que o banho seja daqueles banhos porcos feitos à pressa, onde nem se lavam atrás das orelhas, e em que ainda saem com algum sabonete no corpo.
Outro dos fenómenos que esta falha nas redes sociais originou foi um salto temporal.
Houve gente que desviou, depois de anos, os olhos das redes sociais e repararam que ainda viviam em casa dos pais mas que estes estavam mais velhos e que até eles próprios já começavam a ter cabelos grisalhos. Para eles não passaram anos, estavam só a dar uma vista de olhos no Facebook ou no Instagram e entusiasmaram-se. Agora são adultos encostados e provavelmente haverá pouco a fazer. Houve alguns que só agora ficaram a saber que o Presidente dos E.U.A. já não é o Obama e sim Biden, e que nos entretantos esteve lá um primata, que não atirava as próprias fezes a quem o fosse visitar mas que tendo em consideração a tanta porcaria que dizia, pelos vistos as comia.
Num destes blocos noticiosos afirmaram que Mark Zuckerberg perdeu em 6 horas, 7 mil milhões de dólares, o que a mim me parece que não é feito nenhum.
Fui uma vez ao Starbucks e perdi 4,50€ em menos de 20 segundos. Parece-me bem mais escandaloso.
Sublinharam também que estas 6 horas sem redes sociais podem ter tido um efeito devastador na saúde mental de alguns dos utilizadores. Se isto realmente tiver acontecido não me quero estar a precipitar, nem armado em Sherlock Holmes, mas parece-me que saúde mental era algo que estas pessoas já não tinham, por isso pouco ou nada esta situação mudou.
Bem, eu era para continuar a escrever mais um pouco, mas os calmantes que fui tomando ao longo do dia, para fazer frente a todo este stress, estão agora a começar a fazer efeito, por isso acho que vou descansar e sonhar com um Mundo perfeito onde comida e água potável podem até nem existir em todo o lado, mas isso é secundário quando o inferno na terra acontece, quando as redes sociais se lembram de fazer ponte só porque amanhã há feriado.