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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

21
Set21

Não tenho causas por causa das causas


Pacotinhos de Noção

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Todos têm causas.

Seja a sororidade, a igualdade de género, a defesa dos animais, a sustentabilidade do planeta, a pegada ecológica ou a luta contra o uso de plástico, na verdade não interessa qual a causa que se diz que se defende, nem tão pouco se ou como se defende. É preciso é fazer muito barulho para que todos percebam que se é uma pessoa de causas.

Pois no meio de tantas causas e causinhas devo dizer que eu não sou uma pessoa de causas. Pelo menos dessas todas que estão na moda.

Motivos? Tenho vários, mas os principais são porque sou preguiçoso e se me propusesse a defender algo, certamente que teria que fazer mais do que apenas fazer partilhas em redes sociais. Defender uma causa não é feito apenas no mundo da internet.

A grande parte destes novos defensores só afirmam que o fazem porque têm de alguma forma preencher o enorme vazio que os rodeia. Um vazio que ainda por cima é moral. Não é por acaso que é na geração Z que moram a maior parte destes activistas de causas sem efeitos.

Nos anos 70 foi preciso lutar pela liberdade, nos anos 80 havia o flagelo da droga e a SIDA era uma sentença de morte, a partir dos 90 as coisas começaram a acalmar mas ainda assim os estudantes tiveram as suas lutas contra as propinas, e agora tem que se inventar alguma coisa para que não sintam que a sua existência se está a transformar num enorme nada.

 Mas depois são mais uma vez hipócritas, quando reclamam da pegada ecológica mas não abdicam das suas viagens de avião por mero lazer e capricho de poder dizer que estiveram aqui e ali. 

Quem morar perto de uma escola e de um supermercado, como comigo acontece, percebem o quão incongruente é esta geração Z, que defende como é criminoso usar plástico mas que depois o usam e até o deixam espalhado pelas ruas, quando até existem ecopontos nas imediações da escola.

Não me importo de ser apontado como alguém que não tem causas que queira defender, até porque não é verdade. As minhas causas são é minhas. Não tenho a pretensão de conseguir mudar o mundo de forma imediata. Vou, por exemplo, educando os meus filhos de forma a que sejam pessoas como devem ser e digo desde já que me parece que estou a fazer um bom trabalho. Isto aquece ou arrefece a sociedade? Para já poderá em nada alterá-la, mas se eu criar uma criança, que um dia mais tarde venha a ser um bom cidadão, julgo que a causa que escolhi para mim estará já ganha.

Ganha gostos e seguidores nas redes sociais?! Não. Mas dá-me enorme paz de espírito e satisfação pessoal.

Se me perguntarem se tenho algo contra a geração Z...

Sou um "Millenial", logo o meu estado normal é arreganhar o dente para os Z... Assim como a geração X ainda é aquela que vai patrocinando grande parte dos Millenials e dos Z's.

11
Set21

Polémica do momento


Pacotinhos de Noção

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A nova polémica do momento é daquelas que causam nojo por ser apenas um aproveitamento do trabalho de alguém, para que assim se possam sobressair. Pegaram num pequeno trecho de um, e vou colocar em maiúsculas para que se perceba, PROGRAMA DE HUMOR do Canal Q, no caso são "As receitas do Chef Bernas", criação de, e com Miguel Lambertini. Quem conhece o programa sabe que a personagem do Chef Bernas é uma sátira ao de piorzinho que a sociedade tem. Racistas, homofóbicos, pedófilos... Aquilo que nunca chegou a satirizar foi a malta ridícula que gosta de fazer de tudo uma luta, apenas porque precisam sempre de arreganhar o dente a alguém, ou apenas porque não têm inteligência para perceber em que contexto é usada a comédia. Ao que parece o primeiro a divulgar o vídeo foi o MC Cabinda. Não sei quem é e desde já posso dizer que fiquei sem interesse nenhum em saber, porque um tipo que vive do seu trabalho de artista e mesmo assim não tem pudor em tentar queimar, ou cancelar, o trabalho de outro artista, mostra só que como pessoa vale muito próximo de zero. Quase que aposto que o MC não viu todo o programa, ou viu só o que lhe interessou. Se viu e mesmo assim conseguiu criar a fraca opinião que vomitou cá para fora então das duas uma, ou não sabe o que é comédia (boa ou má, não vem ao caso) ou então sabe mas preferiu ser de uma desonestidade intelectual desconcertante. Outro dos artistas que levantou a voz contra o programa foi C4 Pedro. A ver vamos se um dia mais tarde não faz um qualquer vídeoclip com mulheres de corpo descoberto e depois vêm centenas criticar a objectificação do corpo feminino. Às vezes acontece o crítico ser criticado e deixo até aqui um exemplo bem fresco. A situação que aconteceu depois do Rui Unas fazer a piada do zoom na Patrícia Mamona, enquadra-se na mesma estupidez que esta, tendo também como protagonista antagónica, outra artista que tentou queimar o colega, Rita Ferro Rodrigues. Este pessoal gosta de atirar a primeira pedra porque sabem que a geração que hoje domina as redes sociais é a Geração Z que não sendo a totalidade, tem uma grande percentagem de elementos que também gostam de fazer o seu tiro ao alvo, sem antes se informarem, contextualizarem ou darem o benefício da dúvida. Quase que garanto que se a geração dominante em Jerusalém, há 1988 anos, fosse a Z, Jesus não teria chegado sequer a ser crucificado, seria completamente apedrejado no caminho. Mas continuando nos artistas que usam outros para se promover. Se conseguirem fazer burburinho e ganhar seguidores junto desta malta, para eles é sempre óptimo. Lembrem-se que para gente famosa os ganhos vão sendo maiores consoante é também maior o seu número de seguidores, e para conseguirem ter um patrocínio da Prozis, vale tudo. Aquilo que gostaria de fazer ver a alguns artistas é que o feitiço também se pode virar contra o feiticeiro, e foi disso que me lembrei quando o Unas foi atacado. É que o antigo apresentador do Cabaret da Coxa, também percebeu que se for na onda desta geração, para quem tudo está mal se não for segundo os seus padrões, e começou então, também ele a ser crítico de situações que noutra altura não seria, ainda que de forma mais branda. Não quero mentir, mas julgo que ter sido numa visita do César Mourão ao Maluco Beleza, em que se abordou o tema do "black face". O Unas criticou e afirmou que, no seu modo de ver, sempre que exista uma personagem negra, deveria ser um artista negro a desempenha-la. O Mourão inseriu o contexto da comicidade e deu até o exemplo de que não havia ninguém que fizesse tão bem um Yannick Djaló engraçado quanto o Manuel Marques, e ainda que concordando o Unas afirmou de novo que para ele não deveria ser usado o "black face". Ao alavancar estas atitudes de tentar amordaçar tudo e todos, não imaginou que mais cedo ou mais tarde a fava lhe fosse calhar, mas calhou e outras mais lhe hão-de calhar, porque esta nova PIDE não está a cada esquina, mas está atrás de cada um dos computadores. Escusado será dizer que no Instagram do Miguel Lambertini os comentários tiveram que ser desactivados, e no das Receitas do Chef Bernas as ofensas correm soltas. E ainda por cima a maior parte delas proferidas por pessoas que se nota claramente que para serem gente a sério lhes falta ainda algum percurso, e não me refiro à idade.

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