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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

24
Mar23

Oposição Demissionário


Pacotinhos de Noção

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Estou triste… Aliás, estou cada vez mais triste. As urgências pediátricas fecham, as maternidades também, não há médicos suficientes para os utentes e nos centros de saúde não há papel para cobrir as marquesas. 

Os professores estão em greve e parece não haver fim à vista. Querem reaver o que perderam e receber o que ainda não conseguiram, querem trabalhar perto de casa, querem não levar tareia dos alunos, dos pais dos alunos, dos amigos dos alunos e de quem mais se lembre de lhes levantar a mão. Desejo comum aos médicos que, na urgência de atender as urgências, às vezes lá estão mais desavisados e levam uma bofetada de um utente, vinda não se sabe bem de onde.

A CP faz greve, a TAP tem vontade de fazer, e s Soflusa não faz nada porque os barcos eléctricos, que custaram milhões, não têm baterias. Já os da Marinha têm bateria… Têm uma bateria de problemas para resolver. Tantos que os marinheiros recusam até em ir ao mar e, tal como diz o ditado “Marinheiros em Terra, tempestade no ar”, e foi isso mesmo que aconteceu, foi para o ar a tempestade do Vice-almirante, a puxar as orelhas aos marinheiros indisciplinados. Escusado será dizer que deu barulho.

Barulho fazem os sindicatos. Não interessam nem quais, nem de quem. Interessa, isso, sim, que são muitos, diria até que são demasiados, o que acaba por não fazer sentido, pois se a luta é dos professores, para quê haver vários sindicatos? À partida querem todos, o mesmo, que é defender os seus pagantes de quotas… Ou será que não! Será que existem outros interesses, camuflados pelos sindicatos? Não sei, não percebo nada disso, apenas mandei para o ar.

Quem não se manda para o ar é esta oposição balofa e inoperante, e é por aí que fundamento o título deste texto, porque toda a oposição, que se deveria fazer sentir numa altura como esta, está completamente demissionária. Não abrem a boca, não se manifestam, não fazem uma proposta, não apresentam ideias, nem uma moção de censura ao Governo tentam aprovar no parlamento.

Adepto do partido A, B ou C, não sou, mas sou adepto de tirar o que está podre e meter nova opção, mas que opção?

É Luís Montenegro, um tipo com ar de vendedor de carros vigarista, que tomará as rédeas do país? E para o ajudar a segurar essas mesmas rédeas, vai contar com a ajuda de Ventura, e de um partido perigoso, e populista, como é o CHEGA?

Aquilo que vos posso dizer é que tanto o PSD, como Luís Montenegro, parecem sofrer de um efeito letárgico que nada favorece quem, num futuro que espero próximo, tenha que ir às urnas escolher um novo Governo, e um novo Primeiro-Ministro.

É triste quando o país necessita que um ex-Primeiro-ministro, e ex-Presidente da República, já octogenário, seja o único com uma voz activa o suficiente para fazer António Costa tremer nas bases. E Costa treme, treme muito. Treme de raiva por ser criticado por alguém que, quando saiu, deixou trabalho feito (ao contrário de si), treme de medo, ao sentir que o povo pode sentir nas palavras de Cavaco o estímulo necessário para mais manifestações e contestação, e treme também de ansiedade, porque não vê a hora em que o chamem da Europa, para ir ganhar um ordenado chorudo, e para poder sair enquanto o barco de se afunda, porque este barco em que navegamos, consegue estar ainda mais podre do que os da Marinha.

02
Mar23

Texto enorme!!! Façam greve e não leiam


Pacotinhos de Noção

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Jimmy Hoffa foi um importante líder sindical norte-americano. 

Desempenhou a sua função por cerca de 20 anos, e alguém que desempenhe qualquer função durante tanto tempo só pode significar que é bom naquilo que faz, certo?  Talvez não.

O sindicalista, a dada altura, acaba por ser preso por terem sido provadas as suas ligações à máfia, ao crime organizado, os subornos que fez, que recebeu, as inúmeras fraudes, enfim, uma longa lista de maravilhas que o mundo do sindicato permitiu-lhe viver.

Serve esta introdução para vos alertar que o maior valor que um sindicato representa, nem sempre é aquele que é propalado. Supostamente este tipo de organizações têm o intuito de representar, e defender, os direitos dos trabalhadores afectos a esse sindicato, mas a verdade não é bem essa. 

As corjas organizadas, que não vivem só na base das quotas pagas pelos trabalhadores, têm sempre associada uma agenda política, e em primeiro lugar representam os partidos a que estão ligados, e não os trabalhadores, como seria desejável.

Não estou com isto a dizer que os sindicatos em Portugal são criminosos, como os sindicatos norte-americanos, da década de 50 e 60 do século passado, mas também não consigo dizer que não o são. Aquilo que posso dizer, sem a mínima sombra de dúvida, é que os interesses que os movem não são as lutas pelos direitos dos trabalhadores, e as greves consecutivas que temos assistido, e a ser vítimas, são a prova disso mesmo.

Quem estiver atento a programas de análise política, e tiver memória da própria noite de eleições, onde o PS de António Costa ganhou a maioria absoluta, decerto que se lembrará de ter visto alguns analistas a rapidamente fazerem a previsão de que iriam começar as greves e as paralisações.

E como fizeram eles isto? Terão dons adivinhatórios, ou conseguiram ler nas estrelas? Nada disso.

A grande generalidade dos sindicatos têm, conforme disse atrás, ligações políticas, o que no meu entender é algo de desonesto, e até pornográfico, e como essas ligações são, maioritariamente, com o PCP e o Bloco de Esquerda, e como a “geringonça” acabou por ser desmantelada, estes partidos de extrema-esquerda, um bocadinho ao jeito de vingança, e para relembrar que há mais vida além da parceria com o PS, trataram de limpar as armas, e vai de começar a fazer greves, algumas delas até com reivindicações que sabem, à partida, que são impossíveis de cumprir.

Uma das perguntas que aqui deixo é se quem agora faz greves, não estava insatisfeito por altura do Governo da “geringonça”? É que já na altura, os problemas a que hoje se referem existiam, e as greves nem por isso aconteciam.

Se os professores têm razões para fazer greves? Ora, pois com certeza que têm, mas aquilo que também devem ter é uma noção da realidade, e pedir coisas que, agora, sejam exequíveis.

A questão das deslocações para mim nem é uma questão. Das duas uma, ou o Ministério da Educação paga a peso de ouro um professor que se mude da sua área de residência, para dar aulas noutro ponto do país, ou então terá que arranjar outra solução que não passe por mandar pessoas para longe de casa. Bem sei que o país sendo pequeno, e tendo pouco focos metropolitanos, haverá falta de professores noutras zonas do país que não Lisboa, Porto e mais um ou outro local, mas é como digo, para que alguém pense sequer em mudar de zona, teria que ser garantida continuidade no estabelecimento de ensino para onde vai, e receber bem pela sua deslocação definitiva. O Estado deveria ainda facilitar o acesso à residência a essas pessoas que se deslocam.

A recuperação do tempo de serviço é algo que nem sequer deveria estar em cima da mesa. É uma injustiça, é certo, mas ter-se congelado, para agora, numa situação em que o país não está substancialmente melhor, se descongelar e devolver o que se poupou, é um erro de gestão que não lembra a ninguém. Nos tempos da Troika, que relembro foi chamada por José Sócrates, houve várias pessoas que viram os seus rendimentos, as suas reformas, cortadas, e também não as reaveram na sua totalidade, mais uma vez repito, é injusto, mas estar a negar que foi necessário, é negar as evidências.

Escrever estas linhas é-me até difícil, pois parece que defendo este Governo, que diariamente nos manda abaixo, mas não é de todo o que faço. Estou só a defender que deve haver coerência, e também alguma sensatez.

Falando agora na greve da CP.

O pessoal da CP tem motivos para fazer greve? Claro que têm. Têm eles e todos os que as têm feito, mas mais uma vez digo, têm tanto direito, e até dever, como tinham já na altura do anterior Governo. O que crítico aqui é a forma de fazer greve.

Seria tão mais profícuo se no princípio do mês, os assistentes comerciais, vulgos bilheteiros, se rejeitassem a vender passes, e rejeitassem também a venda de bilhetes. Aposto que iriam logo prestar mais atenção às reivindicações.

Paralisações não afectam em nada o Governo. Afecta a arraia-miúda, as quais são o pessoal que tem que ir trabalhar todos os dias, e que chega tarde a casa, depois de um extenso dia de trabalho, já nem podendo estar tempo nenhum com os filhos, porque se atrasou imenso, na tentativa de chegar a casa. Julgam que essas pessoas se vão queixar ao Costa? Claro que não, desejosos que não os chateiem estão eles.

O povo fica ainda mais indignado com greves como a da CP, e da TAP, precisamente porque estas são duas empresas que são sorvedouros de dinheiro do Estado.

Podemos dizer que, nesta altura, temos greves para todos os gostos. Está até marcada, para dia 15 de Março, uma grave de funcionários da TVI, pois também eles exigem aumentos salariais. Aqui faço figas para que a paralisação seja total, e que o canal saia do ar por um 4 ou 5 dias. Podia até ser que determinada directora de entretenimento e ficção, fosse dar uma volta ao bilhar grande. É que desde que assumiu funções, evito o meu 4.º canal com mais veemência, do que a família Freeling, que nos anos 80 tinham o Poltergeist na televisão, que até lhes sugou a filha.

Para terminar, uma palavrinha de apoio a todos os quantos fazem as suas greves, mas uma em especial para os médicos e enfermeiros que, mesmo lutando, não deixam nunca que falhem os serviços mínimos. Isto porque para além dos seus interesses económicos, acabam sempre por colocar primeiro o interesse pela vida da generalidade das pessoas.

Mesmo numa sociedade economicamente forte, e organizada, haverá sempre motivo para uma greve. Há sempre algo a melhorar, e haverá sempre alguém que não o queira melhorar, ou porque dá trabalho, ou porque custa dinheiro, ou até porque corta o lucro. Relembro também, que muitos dos que agora fazem greve são os mesmos que votaram PS, porque tiveram receio da mudança, porque a alternativa seria um PSD que teve um bicho-papão chamado Passos Coelho.

Hoje não há Troika, hoje não há austeridade, mas há uma qualidade de vida tão má, ou ainda pior, do que durante o último Governo do PSD.

Também não tenho poderes adivinhatórios, nem vejo o futuro nas estrelas, mas garanto-vos, com 100% de certezas, que venha quem vier, a seguir a tantos anos de Governo de PS/Costa, vai ter que fazer cortes, apertar o cinto, e ter que ser impopular, porque a mão que varre o chão, nem sempre e aquela que o sujou.