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O português sente necessidade de ter um herói e como heróis não os há aos pontapés, acaba por tentar a sua sorte de várias maneiras.
A selecção ganhou o europeu, foram homens para França, voltaram heróis. O Salvador Sobral ganhou o festival, voltou herói. Os enfermeiros, médicos e bombeiros desempenham as funções a que se propuseram e são heróis.
Os feitos de todas estas personagens têm os seus méritos, alguns bastante valorosos, mas à conta de tanto apelidar de heróis tudo e todos, quando realmente precisamos de um, acabamos por ficar confusos com tanta abundância heróica e depois dos "noves fora nada", ficamos sem nenhum.
A verdade é que está a chegar a uma altura em que convém que surja um herói e é importante que ele comece a vestir a sua capa e as cuecas por cima das calças, para vir desempenhar a sua missão.
O nosso país está as portas de uma crise que vai ser dificílima e estamos a braços com um Governo que já se começa a sentir colado à cadeira do poder. Sensação perigosíssima para nós, que somos o mexilhão.
Na busca desesperada por quem nos possa salvar podemos acabar por cometer erros crassos que depois dificilmente conseguiremos emendar.
Nunca cheguei a falar de André Ventura e do seu Chega. Não é um assunto tabu mas sou dos que pensa que se dá demasiado destaque à personagem. O tipo não é nada burro, muito pelo contrário, e aproveita qualquer nesga de publicidade para aparecer. Seja ela boa ou má, afinal de contas má publicidade também é publicidade e Ventura sabe rentabiliza-la como ninguém.
Este tipo de exposição que lhe dão traz perigos. Qualquer pessoa de mais idade, que veja num boletim de voto uma cara conhecida, não vai querer saber de programas ou propostas. Vai colocar a cruz na cara conhecida. Chamo a atenção para o facto de que temos um Presidente da República que ganhou a Presidência por ser popular e não ficou popular por ser Presidente.
A verdade é que a nossa demanda por heróis não está fácil. Rui Rio é uma nódoa.
Enquanto presidente da Câmara Municipal do Porto mostrou-se um homem de coragem que não fugia ao confronto, mas agora parece um meigo "poodle" que aguarda com paciência uns biscoitos que lhe sejam atirados pelo Costa.
Não tenho preferências partidárias. Ser de esquerda ou direita é colar-me a uma posição com a qual não concordo. Se houver uma proposta de direita interessante há que a aproveitar, se a proposta afinal for de esquerda idem idem aspas aspas.
O D.Sebastião já se sabe que não voltará, e temo que o nosso fado venha a ser doloroso de formas que ainda nem imaginámos. Uma pequena amostra disso mesmo foram a quantidade de pessoas e pequenas empresas que se viram completamente descalças aquando destes confinamentos obrigatórios. Vem lá uma bazuca, mas não se iludam, ela vai disparar para o lado errado e o tiro vai passar bem longe de quem precisa.
Existem dois políticos portugueses que julgo terem sido mal aproveitados. Por coincidência são ambos de direita e estiveram ligados ao PSD. Como já afirmei isso a mim diz-me pouco. Olho para a obra feita e aquilo que ficou.
O primeiro é já um hábito ser ridicularizado quando na verdade deixou trabalho por onde passou. Em Lisboa, Pedro Santana Lopes lutou contra quem tentou embargar a obra do túnel do Marquês. Quem por lá passava tempo infindável nas horas de ponta, rápido se apercebeu da importância do feito. Costa e Medina, com as alterações no Marquês e com a construção desenfreada de ciclovias, quase que conseguiram anular o escoamento de trânsito que o túnel passou a permitir, mas continua a ser uma enorme mais-valia.
Como Primeiro-Ministro esteve apenas 5 meses. Jorge Sampaio, Presidente na altura, resolveu dissolver o Parlamento, não deixando assim que o Governo continuasse. Quem quiser poderá hoje calcular que foi uma jogada política para levar Sócrates ao poder... Resultou bem.
A outra figura é "persona non grata" dos portugueses, mas fez aquilo que foi obrigado a fazer, e na altura de começar a recolher os louros, apareceu Costa e recolheu-os por ele.
Pedro Passos Coelho recebeu a herança pesada de Sócrates que chamou a troika e com ela negociou, tendo já presente que provavelmente não iria ser ele a aplicar as medidas acordadas. Passos Coelho aplicou-as e doeram-nos na pele. Trabalhámos muito e ganhámos pouco. Houve cortes e apertos de cinto, mas anos de despesismo tinham que ter as suas consequências. Ainda assim ganhou nas urnas o seu segundo mandato, mesmo que sem maioria absoluta. Vários partidos de esquerda uniram-se para votar uma moção de censura ao Governo. Foi o início da Geringonça e o fim da era de Passos Coelho.
Recordo que mal tomou posse, o Governo PS de António Costa, começou com despesismos mas não retrocedeu na maior parte de cortes e impostos que Passos Coelho tinha imposto, aquando da troika.
Não sei se será Passos Coelho o nosso D.Sebastião. Sei isso sim, que os combustíveis estão a preços nunca vistos, que o desemprego está a aumentar e que a propaganda política não tem vergonha e começa a ficar parecida com propagandas ditatoriais.
Peço apenas que coloquem o Chega como carta fora do baralho. A brincadeira de votar num maluco teve consequências nos E.U.A.
Era bom que o maluco aqui não chegasse ao poder.