Foram Cardos, Voltem as prosas... Jornalísticas
Pacotinhos de Noção
Para os mais novos que não conhecem, para os mais velhos que já esqueceram e para os que são simplesmente desmemoriados, a senhora da foto é Manuela Moura Guedes.
As primeiras imagens que me recordo dela são como locutora de continuidade e como cantora com o seu, "Foram Cardos, Foram Prosas".
Como locutora não estava mal, como cantora não estava bem.
Mais tarde passou a apresentar o Telejornal na RTP, e depois o Jornal das 9, na RTP2.
Teve na RTP um programa que eu via com apetite era ainda miúdo. "Raios e Coriscos" era o seu nome e Manuela partilhava a mesa com Miguel Esteves Cardoso e Catarina Portas.
Anos passaram e foi para a informação na TVI, e é aqui que alcança maior visibilidade.
Foi acusada de sensacionalismo, principalmente pela classe política e por colegas jornalistas. Colegas esses que muito provavelmente ainda trabalham no meio, participando em blocos de informação que perdem 10, 20 ou 30 minutos a destacar o Festival do Caracol de Castro Marim. Isso sim é informação.
É verdade que Manuela Moura Guedes tem um estilo peculiar, mas recordo que se agarrou ao caso de Sócrates como um cão a um osso e só o largou quando foi obrigada. Quando os amigos Socretinos, trataram de retirar a jornalista e o Jornal Nacional do ar. Foi um alívio para a classe política e até mesmo para a classe jornalistica, pois havia alguém a fazer jornalismo a sério e isso é coisa para dar trabalho e até trazer problemas. Decidiram antes colocar Joanas Latinos a dizer baboseiras e jornalistas, que já pareceram sérios, a fazer danças ridículas no programa da manhã da TVI, que se queria, pelo menos um pouco, noticioso.
Mas a verdadeira informação é muito incómoda. A questão não é o lucro, porque informação vende, e quando o público percebe que há ali trabalho de casa, vende bem, mas há outros lucros mais elevados que acontecem por detrás do pano e que justificam fulminar a profissão de uma jornalista.
Tenho que dar a mão à palmatória e dizer que Manuela Moura Guedes faz falta no actual jornalismo português. Faz falta ela e todos aqueles que não se verguem aos grandes grupos empresariais que controlam as televisões e que pretendem também controlar a população, e que infelizmente vão conseguindo. Aquela velha máxima de outros tempos, e que é atribuida aos romanos, vai fazendo sentido. A máxima de pão e circo para a plebe, para que assim fiquem entretidos e não incomodem. Se o pão e o circo forem então transmitidos em horários e em blocos noticiosos, que a população acredita serem sérios, está, a missão de estúpidificação de massas, a caminhar de forma galopante.
Deixo aqui um desafio.
Não às generalistas, que sei que não têm coragem, mas ao director da CMTV. Desafio que coloquem a Manuela Moura Guedes no ar. Seria uma enorme aquisição.
Outro gesto que me agradou na jornalista foi quando abandonou o programa "Barca do Inferno" que era moderado pelo Nilton que curiosamente até fazia um belo trabalho, mas que pecou quando demonstrou claramente que entre Manuela Moura Guedes e as outras três peruas, preferia as peruas. É natural, elas respeitavam mais o alinhamento encomendado.
Em relação ao retorno de Manuela Moura Guedes ao jornalismo, embora gostasse muito, não acredito que aconteça. Hoje em dia falta coragem à informação.