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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

29
Jun21

Falemos do assunto sem mariquices


Pacotinhos de Noção

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Tenho aqui um grande problema e não sei bem como o resolver. Vou contar-vos e depois dirão de vossa justiça, ou poderão até ofender-me caso existam extremistas a ler o que escrevo.

Pelo menos que saiba, não tenho nenhum amigo ou familiar gay, homem ou mulher (é importante referir por causa da igualdade de géneros) e de vez em quando utilizo termos como "maricas", "apaneleirado" ou "paneleiragem".

Não utilizo estes termos referindo-me a dois homens que se beijam ou andam de mãos dadas na rua, por exemplo. Utilizo no contexto de algum homem que está a fazer um escândalo por um motivo que se possa considerar fútil, como por exemplo o de ter engordado 500 gramas. Ou quando se enfiam nas calças da mulher por serem mais apertadinhas e dizem ser suas só porque está na moda, ou até quando pintam as unhas porque querem ser "trendy" e chocar, ou quando se valem de um qualquer estatuto, que possam considerar superior, para destratar alguém que lhes possa estar a prestar um serviço.

O meu problema agrava-se ainda mais quando admito que não tenho qualquer tipo de simpatia para com movimentos gay ou  LGBT, numa altura em que até nas floristas vendem flores com uma pétala de cada cor, para apoiar o movimento.

Então e qual é o real problema?

Não sou homofóbico mas afirmando o que afirmei acima colocar-me-ão esse epíteto, quer eu queira ou não. Dirão que se não defendo o movimento então é porque o sou.

Tento explicar que não defendo porque para mim, que não tenho nada que ver com o assunto, a maneira ideal de travar esta luta não é fazendo paradas e festivais, onde invariavelmente há sempre alguém que comete excessos e extremismos, isto porque - e quem quiser que se espante - há pessoas nestes movimentos que só ali estão para o circo e em nada dignificam o que se defende.

E como é que eu sei que não sou homofóbico? Será porque sinto que seria capaz de namorar com um homem?

Nada disso. Até porque não seria. Não me deixo ir na moda de que "o que gosto são de pessoas", até porque na verdade gosto cada vez menos de pessoas... Mais um pouco e torno-me eremita.

Mas não, não seria capaz de me apaixonar por um homem porque nunca tive qualquer tipo de impulso ou curiosidade e até porque o ser-se homossexual não é seguir impulsos ou curiosidades. É-se e pronto.

Sei que não sou homofóbico por causa dos comentários que leio ou ouço, de quem é realmente homofóbico/ignorante e sinto que devia lavar os olhos e os ouvidos com WC Pato, tal a forma como estes me incomodam.

Sei que não sou homofóbico porque já várias vezes comecei a imaginar como me sentiria se um dos meus filhos me viesse dizer que gosta de alguém do mesmo sexo, e aquilo que sinto é que iria dizer: " Filho... Se é o que sentes, se amas essa pessoa e se essa pessoa te ama, então vai em frente e tens o meu apoio. Vais encontrar no caminho ignorantes que te vão criticar e incomodar, mas iriam sempre fazê-lo, fosse porque motivo fosse. Dito isto só te peço o seguinte... Que não uses calças apertadas, parecidas com as da tua irmã, porque isso para mim, é de uma paneleiragem sem precedentes".

 

19
Mar21

Je suis hipócrita


Pacotinhos de Noção

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Existem dois tipos de hipocrisia. São elas a deliberada e a que nos é imposta. A que nos é imposta é uma arma de defesa que nos permite existir como membros de uma sociedade e practica-mo-la todos os dias. Se assim não fosse dificilmente manteríamos o emprego ou chegaríamos ao fim do dia sem levar dois sopapos.

 

Que se acuse quem nunca pensou o quão estúpido é aquele jantar de Natal, ou como apetece mandar à merda o administrador, que nos diz que devemos vestir a camisola da empresa, trabalhando mais uma horita, mas que chegando às 15:00 ou 16:00, lá vai ele no seu topo de gama para o "padel" ou para o golfe. Todos pensámos, mas não o podemos verbalizar, e se nos perguntarem qual a nossa opinião, então temos que recorrer à tal hipocrisia imposta. Também a usamos quando, por exemplo, não suportamos os cãezinhos dos amigos, mas como hoje em dia é imperativo ser-se "pet friend" nem nos podemos manifestar, para que não nos arranquem o escalpe.

 

Já a hipocrisia deliberada é abjecta porque não é imposta. Só usa quem quer e normalmente só o faz para parecer bem e caso não usasse nem prejudicado seria.

 

Muitos afirmaram que "Je suis Charlie", seguiram o Movimento dos Coletes Amarelos, juraram que sempre defenderam que "Black Lives Matter" e o modo de vida da Gretha Thunberg era em tudo igual ao que practicavam, mas a verdade é que estas manifestações de apoio, estes ideais e estas reivindicações, para essas pessoas, só fizeram sentido quando estavam fortemente mediatizadas. Parecem abutres de volta da carniça.

 

Diziam "Je suis Charlie", mas também achavam que "realmente há coisas com que não se brincam" caso essas coisas não se enquadrassem naquilo que gostam, ou acreditam. Curiosamente muitos dos que defendiam o Movimento dos Coletes Amarelos são os mesmos que veneram Gretha Thunberg e tem graça pois uma das coisas que mais amam é viajar de avião por todo o Mundo, sendo estas coisas completamente incompatíveis, pois a Gretha quer a extinção dos combustíveis fósseis, combustíveis esses cujos aviões queimam às toneladas todos os dias. Já o Movimento dos Coletes Amarelos, uma das suas reivindicações era precisamente, baixar os impostos sobre os combustíveis.

 

"Black Lives Matter" mas pelos vistos só passou a importar depois da morte de George Floyd em 2020, sendo que o movimento já existe desde 2013, mas a grande generalidade das pessoas ignora esse facto e na verdade nem querem saber, porque tem piada defender causas enquanto dá visualizações. Quando as visualizações descerem, então ai vai de trocar a causa porque esta já não é tão actual. Este tipo de atitude parece o Instagram de um "cómico/stand-up comedian" que semanalmente escolhe uma causa à sorte e depois vai, durante a semana, arreganhando o dente para a defender, como se fosse o melhor e mais acérrimo guerreiro com que determinado movimento pode contar. Na semana a seguir parece que aquilo que defendeu já não precisa mais do seu valoroso contributo, porque muda de causa como quem muda de humor... Má escolha de palavras uma vez que falo de um comediante e o humor deste comediante não muda, é sempre péssimo. A hipocrisia acaba por vir à tona quando o próprio coloca o pé em ramo verde, obviamente sem querer, ao ver tornados públicos comportamentos que, pouco tempo antes, tão fortemente tinha criticado.

 

Sendo cómico defende também que há assuntos com os quais não se podem brincar e devem até ser punidos... É dos tais que defendem que num desenho animado negro tem que ser um negro a fazer a voz.

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