Separar o trigo do joio
Pacotinhos de Noção
É costume dizer-se que até do mau se consegue tirar algo de bom, mas eu gostaria de reformular esta afirmação dizendo que a maior parte das vezes do mau se consegue tirar algo que não presta e que não interessa a ninguém.
Já fomos testemunhas deste fenómeno com a problemática da pandemia. Surgiram várias teorias da conspiração, mas acima de tudo, o que surgiram foram personagens a fazer tristes figuras que andaram contra corrente apenas e só porque desta forma dariam mais nas vistas, chamariam mais à atenção.
Foram chamados de negacionistas, chalupas, maluquinhos, eles até se intitulavam de informados e esclarecidos, já eu acho apenas que eram iluminados. Iluminados por essa sabedoria superior que só contempla aqueles seres quase celestiais que veem mais adiante, que não se deixam enganar e que colocam a nu todas as fragilidades das cabalas que eles tão bem souberam deslindar.
A técnica é simples e agora, com a guerra na Ucrânia, já começa também a acontecer.
De repente surgiram todos aqueles, que não sendo Pró-Putin, acrescentam um "MAS", afirmando que isto tudo não passa de um plano maravilhosamente orquestrado por esses demónios na terra que são os americanos.
Nem eles próprios acreditam no que dizem, mas dizem-no, e isto é feito porque um carro em contra mão chama muito mais à atenção do que um que segue no sentido correcto.
Não é fácil o lugar em que se colocam. Defender o indefensável é trabalho dos mais complicados. São adeptos do "MAS".
— "A vacina ajuda, MAS aumenta a hipótese de miocardites".
— "Após vacinação, morreram menos pessoas, MAS o que irá acontecer a longo prazo?"
— "O que fazem à Ucrânia é mau, MAS de facto a Ucrânia já fez parte da União Soviética, e Putin até avisou antes de atacar".
Com tanto, mas, mas, mas, também eu agora pergunto: "MAS quando é que começaram a comer cocó, para terem a triste ideia de que serão mais interessantes se forem contra tudo e contra todos, apenas porque querem destoar?