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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

03
Abr23

Alexandre - O Grande (idiota)


Pacotinhos de Noção

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Quem me lê sabe que não suporto a Cristina Ferreira. Já escrevi acerca da pessoa várias vezes, e sobre os mais variados temas, mas nenhum deles foi o seu aspecto físico. Posso até dizer que a Lady Di da Malveira é uma parola a vestir, e que o seu registo constante de gritaria é cansativo e abimbalhado, mas estas são características da prova do seu mau gosto, ou da sua franca necessidade de sempre se fazer sentir, e pronto, ficamos por aqui…

A Maria Botelho Moniz nem nunca foi mencionada nos meus textos.

Como apresentadora do Curto Circuito achei que não se enquadrava, como comentadora da Passadeira Vermelha, parecia-me justa e ponderada, como apresentadora de programas de “day time” devo admitir que não faço ideia porque não vi um único episódio do programa que ela apresenta. Posso dizer que vi, há já uns anos, a sua entrevista ao Daniel Oliveira no Alta Definição, e nela a apresentadora colocava as cartas todas na mesa. Como sofria ainda pela morte repentina do noivo, como vivia os seus medos e como lutava constantemente contra o seu peso.

Gostaria só de voltar a referir que não tenho, por hábito, classificar as pessoas pela sua aparência física, mas aqui abrirei uma exceção.

Alexandre Pais.

Jornalista há quase 60 anos, é um velho porco, careca e cheio de rugas, que faz lembrar uma ameixa seca e sem sabor. Dada a sua provecta idade há-de ter os testículos a baterem-lhe nos tornozelos, utilizando a pele dos mesmos, para melhor se cobrir nas noites frias de inverno.

Faz questão de colocar na sua biografia que é pai da jornalista Teresa Pais, infelizmente já falecida. Haverá de o ter feito em jeito de homenagem, é compreensível, mas Teresa, mesmo não estando já no mundo dos vivos, é a prova de que o seu pai nem sempre olha para o seu umbigo, quando escreve as suas crónicas.

No seu último texto, Alexandre, coloca no foco Maria Botelho Moniz, criticando-a por, naquilo que é a sua interpretação, a apresentadora ter falta de cuidado na sua aparência, quer naquilo que veste, quer no peso que tem.

Quanto à roupa não tenho nada a dizer. As figuras públicas estão mais que habituadas a que a sua forma de vestir seja alvo de escrutínio, havendo até passadeiras vermelhas para mostrar os trapos que envergam, em determinada ocasião. Quanto aos quilinhos a mais, pergunto?

Maria Botelho Moniz participará nalgum triatlo, nos Jogos Olímpicos ou nos Jogos Sem Fronteiras?

A sua capacidade como apresentadora fica limitada, caso tenha peso a mais?

Alexandre Pais tem conhecimento que actualmente já existem implantes capilares?

Teresa Pais, a filha falecida do cronista, sofrendo de um claro caso de obesidade (basta ir ao site de Alexandre Pais e observar as fotos de família) tinha constantemente no seu progenitor um crítico do seu peso ou pelo contrário, “em casa de ferreiro, espeto de pau”?

Para arrematar a crítica a Maria Botelho Moniz, Pais sugere que o desleixo da apresentadora pode ter ido buscar fonte inspiracional a Cristina Ferreira, pois, ao que parece, também ela é desleixada por não frequentar ginásios, ficando assim com os seus braços flácidos…

Alexandre, Alexandre, a palavra flácido não me reporta aos braços da Cristina Ferreira. Reporta-me antes a uma sua parte pudibunda, que certamente apresenta uma flacidez fora de série, o que o deixa revoltado, tendo assim que atacar o corpo de duas mulheres que trabalham, que vêm o seu trabalho bastante mais reconhecido do que o seu, gostemos de como o fazem, ou não.

Li alguns textos de resposta à crónica deste idiota, e devo dizer que não concordo com aquilo que grande parte defende, e que é a dúvida de que se Alexandre diria o mesmo acerca do Fernando Mendes, por exemplo. Tentaram transformar isto numa luta feminista e vilipendiam todos os homens, como se fosse um dado adquirido que TODOS têm este tipo de opinião. Pois que não posso falar por todo um género masculino, mas daquilo que me vou apercebendo, Alexandre Pais há-de ter escrito este texto mais a pensar num público feminino do que num masculino, porque a grande parte dos homens ligam tanto a isso como ao tampo da sanita colocado para baixo. As mulheres são as primeiras a criticar o corpo umas das outras, às vezes da forma mais dissimulada possível, mas que é rapidamente identificada pelas outras mulheres porque, no final das contas, também elas fazem o mesmo.

Cristina Ferreira já reagiu, dizendo que ainda não sabe se agirá judicialmente contra Alexandre Pais. Ultimamente a Tininha das bifanas tem tido laivos de ditadora. Já numa entrevista com Goucha, defendeu que quem a criticava deveria ser alvo de processos judiciais, o que é, no mínimo, ridículo, pois todos temos o direito a exprimir a nossa opinião, por mais estúpida, idiota, fútil e vazia que possa ser. Depois há é que saber viver com os estilhaços da porcaria que se escreveu.

Para terminar queria também pedir para terem um bocadinho de calma com este velho porco, que avalia as apresentadoras pelo tipo de corpo que apresentam… Peço calma, pois ele até pode nem saber bem a porcaria que fez… É que grande parte da sua carreira foi feita em jornais desportivos, e se é para ser preconceituoso, eu aproveito e sou com ele, afirmando que jornalistas desportivos, nem são bem jornalistas…

08
Jan23

Ninguém teve que morrer


Pacotinhos de Noção

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Estreou neste Sábado a segunda temporada do programa do Bruno Nogueira, TABU.

Para quem não conhece, não é apenas um programa de humor. É um programa de humor que nos leva a conhecer, a pensar, a entender e a perceber, vidas e situações que nos serão sempre desconhecidas ou pelas quais ainda não passámos.

Fazer rir com assuntos como as deficiências físicas, as doenças incuráveis, dependências, obesidade ou doenças mentais (temas abordados na primeira temporada) só seria possível, e até podemos dizê-lo, permitido, a alguém como Bruno Nogueira, que não se coíbe de fazer as suas piadas, mas não sem antes ter passado quatro dias com os visados, criando assim uma cumplicidade e uma simpatia que depois permite que todos se riam com o que o Bruno diz, e dos problemas dos quais padecem.

Tendo gostado bastante dos episódios da primeira temporada, devo dizer que tenho no meu preferido este primeiro episódio da segunda. Tivemos um Bruno Nogueira solto e divertido, que colocou os participantes à vontade e que, dá ideia, conseguiu com eles criar um ambiente de cumplicidade.

Desta feita o tema foi a velhice, mas a idade não se fez sentir, pois o programa correu sobre rodas.

Como nos bons perfumes, o frasco deste programa é também de tamanho reduzido. Teremos mais uma vez uma temporada de 5 programas que, estou em crer, nos saberão a pouco, mas se há coisa com a qual Bruno Nogueira sempre soube jogar, foi com as suas aparições fugazes, para conseguir fazer com que o público não se canse de si.

Não se pode dizer que tenha sido uma aposta ganha por parte da SIC, porque aposta implica sempre algum risco, e TABU já havia sido testado, com resultados bem positivos.

Bruno Nogueira, durante o programa, sugeriu que um dos convidados morresse antes da estreia do mesmo, para conseguir assim bons níveis de audiências. Não sei como ficaram os níveis de audiência, mas acredito que tenham sido bastante bons, e no final das contas, ninguém teve que morrer.

22
Out22

"Bullying" encadernado


Pacotinhos de Noção

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Nas escolas, e jardins de infância, do concelho de Cascais, têm sido distribuídos uns livrinhos com o intuito de fazer perceber às crianças que o consumo de açúcares traz malefícios para o corpo.

Até aqui tudo muito bem… Quer dizer, mais ou menos bem. O açúcar EM EXCESSO traz malefícios para o corpo, assim como tudo. Sei de um tipo que se envenenou a comer cenouras. De tanto as comer ficou com carotenemia, o que prova que tudo em excesso faz mal. Se proibirmos totalmente o açúcar, acaba por acontecer como com o sal, em que ao ser cortado em quase todos os alimentos, no pão inclusivamente, cria com que se desenvolvam carências que tem depois  que ser combatidas. Algo preocupante é a carência de iodo, por parte das grávidas. O sal que consumimos é iodado, mas havendo um corte no consumo do mesmo, o iodo que devia ser ingerido não o é, e a falta de iodo em grávidas pode originar uma má formação do feto, a nível cerebral e motor, e mesmo que o bebé nasça, poderá ter o seu futuro condicionado, pois a falta de iodo no bebé, é dificilmente revertida, criando dificuldades de aprendizagem na criança, por exemplo. Mas nem é sobre este assunto que vos quero falar. Voltemos então aos tais livrinhos que diabolizam o açúcar.

Ao folhearmos o compêndio, temos receitas sem açúcar, a quantidade de açúcar em determinados alimentos, mas temos também algumas personagens criadas por quem idealizou o livro.

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Temos um rapaz maravilha, que não come açúcar, temos um tipo de bigodes, que é "O Inspector do açúcar, um "bufo" da doçaria, temos uma "Rainha do Lanche", e temos ainda mais uma personagem que difere de todas as outras.

Os três primeiros que referi são perfeitos e maravilhosos, são elementos que queremos na nossa sociedade e que gostaríamos até de ser. Não há nada a apontar-lhes.

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Todas as histórias têm os seus vilões e nesta poderíamos julgar ser só o açúcar, mas não. A última personagem é alguém pérfido, hediondo, miserável. É alguém que seriamos capaz de utilizar como forma de ameaça aos nossos filhos, caso não comam a sopa ou queiram um chocolate. Se eles insistissem nas suas vontades, não hesitaríamos em dizer: "Se comes esse chocolate vais-te transformar no "Bolachudo Preguiçoso"! Exactamente, é esta a última personagem. Um tipo gordo que, por ter massa adiposa a mais, é apelidado de "bolachudo", de "preguiçoso" e como tal pode ser estigmatizado.

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Numa altura em que utilizar palavras como preto ou maricas, em contextos que não tenham nada a ver com raciais ou sexuais, é visto com maus olhos pela sociedade, levando até a cancelamentos, não consigo perceber  como é admissível que a simples característica física de determinada pessoa possa defini-la como sendo "preguiçoso"?

E se para as mulheres "o meu corpo, as minhas escolhas", por que motivo é que "o meu corpo, as minhas escolhas", não pode ser para qualquer um que queira comer o que lhe convir.

Todos os dias tenho que levar com vários tipos que fumam erva, charros, seja o que for. O cheiro daquela trampa incomoda-me, mas, pelos vistos, é só a mim, pois não vejo muitas pessoas com ar de incomodados, porque ao que parece cada vez vai sendo mais bem aceite o consumo de drogas leves em qualquer lado. É mais bem aceite ver um puto de 16 anos a fumar um charro, do que um, que seja gordinho, a comer um Big Mac.

Senhor Presidente da Câmara Municipal de Cascais, Carlos Carreiras, pergunto-lhe aqui quantas crianças, que terão tido acesso a este livro, acharam piada ao apelido utilizado para catalogar o indivíduo gordo, e não o passaram a usar para ofender o menino gordo da sua classe, ou da sua turma, iniciando, ou continuando assim, um trajecto de "bullying" que marcará o carácter de quem o pratica e de quem o sofre, e isto com a chancela da CMC, que foi quem distribuiu, e talvez quem encomendou a obra. O objectivo final até poderia ser cheio de boas intenções, mas foi feito por alguém que não está habituado a pensar esta área. Porque não pesquisaram um pouco, ou porque não entraram antes em contacto com a APCOI (Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil), que tem já anos de trabalho nesta área e que faz este caminho sem fundamentalismos baratos e sem estigmatizar nenhum tipo de pessoas. Sei do que falo, conheço o trabalho deles há anos, e a maneira exemplar como o fazem. Por acaso também sei do trabalho que sempre tentaram fazer chegar às escolas, mas que lhes foi sempre dificultado, principalmente pelas Câmaras, que não se mostram receptivas à obra da Associação. Provavelmente porque com eles não conseguem nenhum tipo de "lobby", mas isto já sou só eu a especular.

Mas diga-me Sr. Presidente, acha correcto definir seja quem for pela aparência? É 100% crível que alguém com peso a mais seja preguiçoso, ou que seja gordo apenas porque come demais?

Ficaria satisfeito se fosse avaliado apenas pelo seu aspecto físico? Gostaria de ser catalogado como "O merceeiro vigarista" ou "O imigrante bebedolas"? Não digo que tenha alguma destas características, mas assim de repente posso tirar estas conclusões, mas seria abusivo da minha parte, não seria?

Mas debrucemo-nos também no facto de que na realidade o peso que se aparenta em nada tem a ver com se um corpo é saudável ou nutrido. Temos miúdos que, aparentemente, são saudáveis, principalmente porque são macérrimos, mas que vistos à lupa estão quase subnutridos e com carências vitaminicas porque se alimentam, quase exclusivamente, de bolachas, cereais, achocolatados e ovos Kinder, por exemplo.

Há que acabar com este movimento crescente de que todos, adultos e crianças, têm que responder a um padrão físico em que quanto mais magro melhor. Vejo crianças de 6 e 7 anos preocupadas com o peso, e se deveriam fazer dieta para perder umas gordurinhas, mas que não sabem aplicar adequadamente um "Bom dia", um "Boa tarde", um "Se faz favor" e um "Obrigado".

Não sei se me agrada muito a ideia de que caminhamos num sentido em que cada vez mais teremos pessoas a comer menos açúcar, saudáveis fisicamente, mas que moralmente serão calhaus insensíveis que avaliam apenas por aquilo que lhes parece, e não por aquilo que as pessoas lhes transmitem.