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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

26
Dez22

O verdadeiro espírito natalício


Pacotinhos de Noção

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Ah, o Natal!

Época de paz, amor, família, compreensão. Que paraíso na terra.

Poderia até estar a ser irónico, e agora discorreria aqui um enorme texto onde dizia "que não senhora, enquanto para uns, o Natal é tudo de bom, para outros o Natal não é assim tão positivo", e não estaria a dizer nenhuma mentira, seria uma daquelas "verdades de La Palisse", mas das quais ninguém quer realmente saber, precisamente porque disso já todos sabemos. Já para não falar no facto de que agora existe a moda de se tentar ser sempre diferente, e do contra, dizendo que não se gosta do Natal, que é apenas uma época que apela ao capitalismo, mas, entretanto, já adormeci com essa conversa secante da treta.

Aquilo de que vos quero falar é do verdadeiro espírito natalício, aquele espírito que só os autênticos filhos da mãe conseguem ter, e que é o de pensarem que o Natal (e qualquer outra data específica, ou mesmo a vida) só lhes pode acontecer a eles.

Têm nas imagens dois exemplos de pessoas que se queixam de um mesmo mal, que é o de que para os outros, alguém que presta um serviço, só presta para prestar esse serviço. Não terá direito a folgas, a vida social, a ir a casa descansar, a poder aproveitar um feriado ou o Natal. Se estão atrás de um balcão, então é aí que tem que ficar SEMPRE, sem excepção, porque como sabemos, trabalhar atrás do balcão é quase como assinar um contracto com o Rumpelstiltskin, que é para a vida toda.

Aquilo que mais me tira do sério, é que provavelmente muitas destas pessoas, que exigem ser servidas sempre que querem e quando querem, são defensores das semanas de 4 dias de trabalho, por exemplo, ou são os primeiros a aderir a greves, ou a afirmar que a greve é um direito previsto na constituição, mas isto, se estas folgas trabalhistas se referirem ao trabalho deles, e não aos dos outros... Mas isto, muito basicamente, é uma vez mais, uma prova do muito egoísmo que o ser humano demonstra sem qualquer pudor.

Deixo-vos mais um exemplo que aconteceu comigo na noite de Natal.

Tenho os miúdos com uma tosse desgraçada, nem conseguem dormir em condições. Cerca das 20:00 desloquei-me à farmácia de serviço da minha área de residência, e como não podia deixar de ser estava cheia. Afinal de contas é a de serviço, é Natal, há imensa gente com gripe, e todas as outras farmácias estão fechadas, obviamente que quem tem uma urgência é lá que se irá dirigir, e foi isso mesmo que fizeram duas catatuas que, com todas as características que já mencionei atrás, decidiram que aquele era um dia bom para "alugar" o farmacêutico, fazendo com que a fila fosse engrossando cada vez mais, porque tinham que escolher um creme que fosse bom, pois elas "iam para a neve". Pergunto, caros leitores, sou eu que sou picuinhas, ou tendo em consideração os tantos casos de pessoas que ali estão, mesmo a precisar de aviar uma receita, o acto destas anormaloides não é do mais puro egoísmo, falta de noção e passível de umas valentes lambadas na cara? Será que exijo demasiado desta sociedade, que sendo composta por seres bípedes, não me consegue convencer de que a maioria são cavalgaduras? Não sei. Deixo ao vosso critério e avaliação, que já passam das duas da manhã e agora apeteceu-me muito ir procurar uma farmácia de serviço, para ir escolher um creme que disfarce rugas. Nem tenho rugas, mas nunca se sabe se de repente posso vir a precisar.