Precious... My precious!
Pacotinhos de Noção
Quem vai às compras sabe que tudo está pela hora da morte. Os únicos que não se escandalizam com os preços são os inconscientes, os desastrados e os que compram nos supermercados do El Corte Inglês. É a inflação, a guerra e uma falta total de vergonha na cara. Não se justifica que leite de origem portuguesa tenha aumentado o seu valor em quase 50%. Haverá sempre quem diga que a produção também encareceu, mas a esses respondo para irem dar uma grande volta ao bilhar grande, porque posso ser estúpido, mas não sou parvo. Os ordenados não aumentaram 50%, a energia não aumentou 50%, a inflação não é de 50% e os combustíveis também não aumentaram esse valor, e nos últimos tempos até têm baixado (se bem que o larápio do António Costa já decidiu aumentar o ISP, para conseguir amealhar mais algum. Falta de vergonha na cara). Houve aumentos, sim, senhor, mas aumentando leite, natas, queijos, e todos os derivados, os produtores lucram mais do que antes, assim como o Estado, que tendo um preço mais alto vai buscar mais IVA, o que nos leva a crer que afinal esta crise não é má para todos, só para o Zé-Povinho.
Mas indo numa visita ao hipermercado vemos que mesquinho não é só quem vende, mas também quem compra. Vimo-lo com a pandemia, na corrida louca aos rolos de papel higiénico, máscaras e álcool, e agora, nesta nova crise pela qual passamos, vemos noutros produtos ainda mais essenciais do que o papel higiénico, porque quem não limpa, lava... espero eu.
Ao passear pelos corredores de qualquer super ou hipermercado, vemos prateleiras nuas, desprovidas do produto que procuramos, e procuramos porquê? Porque vamos ao mais barato, porém o mais barato já voou. Comecei por falar do leite porque é o exemplo que testemunhei.
Um litro de leite meio-gordo, de uma qualquer marca branca de supermercado, está pelos 0,83 €, 0,84 €. Ontem, o Jumbo de Sintra, colocou o litro de leite Milhafre a 0,75 €... Meus amigos, as pessoas pareciam hienas, a tentar aproveitar um resquício de carne putrefacta que não serviu aos leões. Corriam a levar paletes e paletes do leite, com medo que viesse alguém e que pudesse levar também. Levaram leite que nunca na vida imaginaram que iriam beber, havia até um ou outro beberrão cujo único líquido que lhes passa pelo estreito é tinto, branco ou a martelo, mas ainda assim são mais espertos do que os outros, e levam aos 30 litros de leite.
Isto mostra que aquele pessoal que costuma dizer que consegue tirar a camisa para dar ao outro, hoje em dia, quando a dá ao outro, diz, "cuidado a passar que não a quero vincada".
O egoísmo é enorme, o desrespeito pelo próximo também. São o tipo de pessoa que dão um pacote de massa ao banco alimentar para depois ficar o resto do ano a dizer que ajudaram. Não é solidariedade, é soberba.
Cada um olha por si e pelos seus, e eu até compreendo, aquilo que não compreendo é o que cada um faz, que é olhar para o outro, tentando fazer com que o outro nunca tenha tanto como ele, para que assim se sinta estúpido. E aqui falamos de alimentação, não são sinais exteriores de riqueza, são antes sinais interiores de pobreza... e que pobreza.