Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

25
Ago22

Seis meses de carne para canhão


Pacotinhos de Noção

png_20220825_005939_0000.png

Temos visto nas notícias que passaram seis meses desde o início da guerra na Ucrânia.

Uma guerra, que não é guerra, nem sequer invasão. É apenas a desnazificação de um país, ordenada por alguém que parece seguir à letra todos os compêndios que ensinam como desnazificar, sendo nazi.

Mas no meio desta tragédia não vou falar de motivos, de Putin, das estratégias, do marketing e da propaganda... Vou antes falar do quão confortável se transformou uma frase, que é cada vez mais usual, e que faz com que se me enricem os pêlos da nuca.

Tem muitas variantes, mas o núcleo da questão é o mesmo:

- "Se a Ucrânia perder esta guerra, todo o ocidente sai derrotado."

ou

- "A Ucrânia não se defende só a ela, defende todo o Ocidente."

A génese é:  - quem é invadida, bombardeada, saqueada, com militares, cidadãos e crianças mortas, é a Ucrânia, para que depois, no final, caso ganhem, todo um ocidente festeje, e caso não ganhe, todo um ocidente se sinta derrotado, porque, no final das contas, a Ucrânia não conseguiu fazer mais.

A pergunta que fica no ar, e que sei que não é fácil de fazer, porque a resposta não é agradável em nenhuma das suas formas, é: - SE O OCIDENTE SE SENTE TÃO AMEAÇADO, PORQUE RAIOS E QUE NÃO FAZ UMA INTERVENÇÃO MUSCULADA?-

Dir-me-ão que tal não pode acontecer porque legitimavam a que Putin pudesse atacar outros países, mas se o receio é precisamente o de que o anão russo domine a Ucrânia, e que siga depois  com os seus intentos mais para ocidente, então não se deveria tentar travar este lunático o quanto antes?

Poderão argumentar que o ocidente ajuda a Ucrânia com equipamentos militares, e até treino especializado, mas a verdade é o povo ser quem realmente sofre.

Enquanto se vão fazendo jogadas políticas, com Guterres, Von der Leyen, e outras figuras importantes, fazendo as suas viagens turísticas a Odessa, ou Zelensky e a esposa a serem capa da Vogue, num marketing quase pornográfico, a população sofre e vai servindo como escudo humano, para fazer as tropas russas perderem tempo e força, dando assim alguma hipótese aos militares ucranianos.

Bem sei que definir que o ocidente deveria entrar no conflito, seria quase que abrir portões a uma Terceira Guerra Mundial, coisa que quase ninguém quer. Digo quase porque há malucos para tudo, e também porque a guerra dá muito dinheiro a ganhar, mas nós, o típico cidadão comum, não quer certamente um conflito mundial, e não é com esse intuito que escrevo estas palavras. Aquilo que penso, e acho que se devia parar de fazer, era esta demagogia barata, esta tentativa de frases motivacionais e de citações de Facebook.

A Ucrânia não defende o ocidente. Estão a defender-se a si, e aos seus, e não precisa que lhes sejam colocados nos ombros responsabilidades que em nada ajudam na luta que travam.

O povo ucraniano borrifa-se se a Finlândia, a Suécia ou a Polónia estão em risco. Não por egoísmo ou por qualquer tipo de maldade, mas sim porque não querem, nem podem querer, saber dessas minudências, já que lutam para conseguir viver, para não verem morrer os seus habitantes.

Enquanto isso o ocidente afirma que esta luta, já tão desigual, precisa de ser mais desigual ainda, porque às costas da Ucrânia encavalita-se toda uma Europa, todo um E.U.A. e toda uma N.A.T.O.

A única imagem que  agora me surge do ocidente, é o de um tipo javardo, todo sujo, com a sua camisola de cava, sentado, todo suado, na sua poltrona surrada, em frente à sua televisão, vendo um conflito em directo, e afirmando que com a sua força, os ucranianos hão-de conseguir vencer, mas quando de repente tocam à porta, o bezerro sudorífero, nem levanta os glúteos da poltrona, porque lhe dará muito trabalho. Prefere gritar por alguém, para ir à porta por ele.

Deixem-se de "nós isto, nós aquilo". São eles que combatem, são eles que morrem, serão eles que, na pior das hipóteses perderão, são eles que na menos má das hipóteses ganharão. O ocidente que se preocupe em perceber que existe mais para além do seu próprio umbigo, e que mesmo esse, que está ali tão perto, merece uma limpeza profunda, para tirar camadas e camadas de cotão.

 

08
Jul22

A cair no esquecimento


Pacotinhos de Noção

O dia hoje foi carregadinho de notícias importantes. O Boris Johnson que se demitiu, o NOS ALIVE que está em alta, as temperaturas que sobem no Verão, os incêndios que advém das temperaturas, etc. Como disse, são tudo notícias com a sua importância, mas parece que a guerra na Ucrânia acabou.

Os vários blocos noticiosos, honra lhes seja feita, não abandonaram o assunto. A SIC, principalmente, continua a falar no assunto e a fazer as suas análises, mas o cidadão comum já deitou para trás das costas, já não é um assunto tão "trendy".

Para mim o lado mais negro da guerra são as mortes das crianças. Um adulto que viva na Ucrânia sabe que está num país em conflito e poderá ser uma questão de tempo até lhe rebentar um projectil em cima. Tem essa consciência, não será uma surpresa. Mas e uma criança? Uma criança inocente que sonha, chora, ri, pula, canta e brinca, e quando brinca, num jardim infantil, como ainda hoje os meus filhos fizeram, e muito provavelmente os vossos também, não espera nunca que aquela volta no cavalinho ou aquela subida no balancé, poderá ser a última. É isso mesmo que mostra o pequeno vídeo que aqui coloquei. A senhora que fala não é família, não é amiga, não tem nenhuma ligação com os miúdos, mas dá para notar na sua respiração ofegante e no seu discurso meio atabalhoado, que viu algo que nunca irá esquecer, uma criança de bruços, em cima do baloiço, onde morreu enquanto brincava.

Algo ainda mais assustador é que ao que parece o ataque foi feito por tropas ucranianas, porque a região onde isto aconteceu está já tomada pelos russos e este ataque foi uma contraofensiva conduzida por parte de tropas ucranianas. A Ucrânia não desmentiu o sucedido, apenas afirmou que "apenas ataca alvos militares".

Muito sinceramente é completamente irrelevante quem foram os indivíduos que dispararam aquele "rocket", mas se foram as tropas russas para culpabilizar a Ucrânia, isso é hediondo, mas se foram os ucranianos, numa vã tentativa de recuperar terreno, então isso além de hediondo é de uma falta de honestidade e vergonha inqualificáveis. Quantas vidas, principalmente de crianças, é admissível perder por causa de terra?

Para mim, é fácil falar, pois não sou minimamente nacionalista, de facto irrita-me bastante o slogan "O que é nacional é bom" porque há muita trampa nacional que não chega sequer a mau, quanto mais a bom. Como não beijo a bandeira, não fico doido com a selecção e nem sequer gosto de bacalhau, se me visse numa situação como a dos ucranianos, já teria pedido ao Zelensky que entregasse a chave do país ao doente do Putin. Ia perder o meu orgulho? Provavelmente, mas iria poupar em vidas.

Eu com isto não digo que concordo com a invasão, atenção, aquilo que digo é que a guerra mexe com demasiados interesses para ter um fim à vista. Recordem-se, por exemplo, que Boris Johnson só não saiu antes do cargo que ocupava, porque entretanto passou a ser uma parte bastante activa neste conflito.

Costa coloca a culpa do aumento dos preços na guerra, Macron, embora tremido, ainda conseguiu ganhar mais um vez as eleições, e o mundo do fabrico de armas voltou a sentir os cofres a encher como já há muito não sentia. É uma guerra que interessa a muitos que não acabe tão depressa, e enquanto isso vão morrendo cidadãos comuns, entre eles crianças.

23
Jun22

Espectáculo de aberrações


Pacotinhos de Noção

png_20220623_022106_0000.png

Quem for leitor habitual do que escrevo saberá serem algumas as vezes em que abordo assuntos tratados no programa Extremamente Desagradável. Tendo eu um blog, e página de Instagram, com o nome "Pacotinhos de Noção", e sendo os visados daquela rubrica de rádio, personalidades que necessitam de doses cavalares de noção, julgo que esta parceria abusiva, da minha parte, acaba por ser natural.

Nos programas de 2.ª e 3.ª feira, ouvi algo que pensei estar banido já há muitos anos. Os espectáculos de aberrações. Aqui não há o homem elástico nem a mulher barbuda, apenas um homem parvo e uma mulher estúpida. Pelos epítetos aplicados até poderiam chegar lá, mas como um dos intervenientes não é assim tão famoso, o melhor é dizer-vos quem são. Falo de Maria Vieira, a "Parrachita", a Marilyn Monroi do André Ventura, a meia leca que é louca e meia.

E falo também de Sérgio Tavares... Quem?! Perguntarão vocês, ao que vos respondo que não sei, mas estive a pesquisar um pouco, e entre o NADA e o MUITO POUCO lá está este grandioso comunicador do mundo actual, que ninguém conhece, mas que, ao que parece, tem muito sucesso nas redes sociais, principalmente a ser bloqueado pelas mesmas, por dizer tanta estupidez e barbaridade.

Como um maluco a falar sozinho é apenas um maluco a falar sozinho, Sérgio convidou a Parrachita para serem comentados assuntos da actualidade e passou assim a existir uma conversa de malucos.

Deram uma lambidela por todas aquelas que são algumas das mais populares teorias da conspiração. Desde as vacinas do Covid, o próprio Covid, a Nova Ordem Mundial, a criação da guerra na Ucrânia por parte da NATO, a de que é o marido da Maria Vieira que lhe escreve os posts, o Grupo Bilderberg, enfim, tudo e mais alguma coisa.

Mais uma vez dá para perceber que estes conspiracionistas estão de mal com o mundo, e querem à viva força fazer o sangue correr-lhes nas veias, mas tenho más notícias. É que as alforrecas não têm sangue, são apenas uma massa gelatinosa, muito incómoda, e que têm uma curiosidade comum ao Sérgio, à Maria Vieira e a todos os outros como eles, e que é a de que o mesmo orifício que serve de boca também serve de ânus, o que confirma aquilo que tantos dizem, e que é o célebre "quando abrem a boca, ou entra mosca, ou sai..." E vamos então a algumas dessas saídas, para perceberem o calibre de retardados com que lidamos.

Não vou parafrasear "ipsis verbis", mas o contexto é exactamente o que descreverei. Foram ditas coisas como:

 "— Adoro o meu Bolsonaro"

"— Castração química não, deviam era cortar logo tudo"

"— Agora até já é possível casar homens com homens"

"— Os epidemiologistas da Covid mereciam morrer"

"— A varíola dos macacos é transmitida pelo rabo"

"— Já só falta legalizar a pedofilia e não estamos longe disso quando permitirem casamentos entre adultos e crianças como nos países muçulmanos"

"— O Milhazes mandou todos para o c@r@1h0 e é um aldrabão porque o Putin é apenas um conservador, nacionalista, contra a eutanásia, e contra a ideologia de género..."

"— Portugal manda dinheiro para a Ucrânia e os nossos pensionistas vivem debaixo da ponte"

"— A verdade acerca da varíola dos macacos é que só existe devido aos homossexuais"

"— Uma vez apanhei uma parada gay na rua e até fiquei doente "

Admitam lá que estão maravilhados com estas pérolas que vos dou.

Isto não é um qualquer bloco humorístico, são mesmo duas pessoas desprezíveis à conversa e que, infelizmente, são uma amostra da população que se vai alargando mais, o que é bastante assustador. É assustador imaginar que temos um partido com assento parlamentar e com reais perspectivas de crescimento para as próximas eleições. Houve uma altura em que todos riram e acharam divertido ver no André Ventura o palhacinho que não era para considerar, mas a percepção que tenho é que existe muita gente inconsequente que votou, e pondera votar nesse palhacinho.

Aquilo que posso desejar é apenas que a outrora acarinhada Maria Vieira, agarre nesta Maria Vieira podre e azeda, e faça mais espectáculos degradantes como aquele em que cantou o "Happy Birthday ao André Ventura. É que não foi só a Marilyn Monroe que andou as voltas na tumba, os estômagos de todos os portugueses também, e pode ser que cause um asco tal, que na hora de votar até se afastem do quadradinho do CHEGA.

05
Abr22

Recreio do demónio


Pacotinhos de Noção

IMG_20220405_031042_120.jpg

Tenho tentado não falar acerca da guerra.

Não por casmurrice ou pudor, não porque a queira esquecer nem fingir que não existe. Evito fazê-lo porque me custa genuinamente escrever sobre algo em que tenho a noção que não consigo fazer passar, por palavras, toda a ansiedade, toda a mágoa toda a impotência que sinto nesta situação. Não sou ninguém, na verdade, e peço desculpa por dizer-vos de forma tão crua, mas também vocês não são.

Podemos reunir bens, medicamentos, tudo e mais alguma coisa para enviar para a Ucrânia, mas o nosso peso na continuação ou não deste conflito, é nula. As decisões que realmente importam estão nas mãos duma pequena franja de gente, e mesmo esses estão dependentes da anuência de um doente, de um ser que julgávamos mais não existir, dum criminoso, dum ser nojento, dum autêntico filho da p*t@. Não é o tipo de linguagem que prefiro utilizar quando escrevo, mas neste caso é mesmo o que mais se adequa.

Diariamente temos acesso a notícias horríveis dos hediondos actos que têm sido perpetrados na Ucrânia. Desde casos de crianças atingidas por bombas, que lhes rebentaram ao lado, mas que ainda assim tiveram a sorte de sobreviver, a outros casos de crianças que não tiveram essa mesma sorte. Famílias inteiras chacinadas e outras que foram violentamente amputadas de um pai, uma mãe ou de um filho.

Vemos imagens do ataque deste fim de semana, em Bucha, onde foram mortos centenas de civis que já não viviam, apenas sobreviviam, mas nem isso os deixaram fazer. Fizeram da cidade um autêntico recreio do demónio, sendo que o pior deles todos mantém-se sentado, na sua cadeira de veludo, no Kremlin.

Qual é a justificação de nojentos como o Putin e o Lavrov, quando vemos imagens de civis mortos na estrada. São civis sem qualquer sombra para dúvidas, pois não envergavam nenhum tipo de camuflado, deslocavam-se em bicicletas, por exemplo, tentavam fazer o seu dia-a-dia comum, por muito pouco normal que isso possa parecer, dado que estavam em cenário de guerra, mas não tiveram outra hipótese. Não quiseram, não conseguiram ou não puderam fugir, apostaram as suas vidas e a aposta foi perdida, sem ninguém ter saído a ganhar.

O Kremlin, pela voz de Lavrov, já veio dizer que o ataque de Bucha, e outros alegados crimes de guerra, são mentira. São encenações. Este tipo deveria ter as entranhas puxadas para fora pela própria boca. Violência gera violência, e o mínimo que desejo agora para Putin, Lavrov, e todos aqueles que rodeiam e apoiam o iniciador desta guerra é que mais tarde ou mais cedo seja feita justiça e que seja, de preferência, popular, para eles poderem temer a ira daqueles a quem mais fizeram sofrer, porque se calha a serem julgados num tribunal de guerra é muito provável que nada de mais lhe aconteça, e sim, para mim se estes tipos apanharem perpétua e morrerem de velhos na prisão, isso será "nada de mais", pois não sofreram o suficiente.

Por incrível que vos possa parecer a verdade é que ainda assim existem pessoas que apoiam o Putin. Vi há uns dias um vídeo com 4 ou 5 velhas russas que, orgulhosamente, se vangloriavam de ser pró-Putin, considerando-se até tropas dele e que o defenderiam até à morte... Pois, que o defendam, e defendam bem, e que a morte chegue-lhes cedo, pois ao defender alguém que comete as atrocidades que ele comete, não são melhores que ele.

Tal como imaginava no princípio este texto não esclarece, este texto não informa, este texto não apazigua. Transparece a revolta que vou sentindo, que vai crescendo e que de nada vale. Não tenho crenças e fé em divindades, se existissem já teriam mandado um raio que rachasse ao meio o trampas do Putin. Durante anos eu afirmava que era no Homem que acreditava.

Um Homem evolutivo, pensador, bondoso, benevolente, um Homem que preza a paz... Mas esse Homem não existe. Poderão existir alguns homens e mulheres assim, e embora sendo eles grandes, GIGANTES até, o que é um facto é que são poucos e todos juntos não conseguem colocar um H maiúsculo na palavra Homem, porque a Humanidade está conspurcada, está violada, oprimida e amordaçada por líderes políticos que de líderes não têm nada e que são fruto duma sociedade cada vez mais mesquinha, violenta, oportunista e sem empatia.

Não desejo uma Guerra Mundial, mas desejo a morte. Desejo a morte daquele que tantas tem causado. Bastava que houvesse a alma caridosa que lhe desse um tiro na testa, e o Mundo ficaria melhor.

Lamento por estas linhas tão lúgubres e funestas, e que nada trazem de positivo, mas servem-me de desabafo.

Tenho mulher, tenho filhos, tenho amor, sou feliz... Tantos que podiam afirmar isto, até há bem pouco tempo, e que agora nada têm. Não quero ser essa pessoa, e o facto de estarmos aqui metidos num dos cantos da Europa pode ser benéfico para nós, mas estando o Mundo a arder, mesmo ficando Portugal salvaguardado, como iríamos viver? Espero não vir a saber.

16
Mar22

Ser cobarde salvaria mais vidas


Pacotinhos de Noção

png_20220316_190825_0000.png

O conceito de herói é muito subjectivo e tem cada vez mais sido banalizado. 

A partir de determinada altura todos são heróis. Desde o tipo que salva uma família de um incêndio, até ao outro que conseguiu solucionar o caso de uma torneira que não parava de pingar.

Para mim a palavra herói não tem um sentido tão lato, e muito provavelmente nem vai ao encontro daquilo que a maior parte das pessoas usa como definição. Mas isto é porque sou um pouco cobarde, até caguinchas, e para pessoas como eu, o herói é aquele que consegue evitar o conflito.

Tomemos como exemplo o caso de Zelenskiy.

O presidente ucraniano está, neste momento, catalogado como herói. Concordo e nem tenho nada a apontar.

O homem surpreendeu tudo e todos, surpreendeu principalmente Putin, que pensava poder manietar o adversário com relativa facilidade, mas tal não aconteceu. Zelenskiy fez frente a alguém mais poderoso e até tem a sua vida colocada em risco para defender uma nação... Mas e o que é uma nação? É apenas um pedaço de terra, em determinado lugar, ou uma nação só o é graças às pessoas que a formam?

E a nação, que acaba por ser algo de abstracto, merece que se morra e se mate por ela?

Aquilo que aqui vou expor não é o certo ou o errado, é apenas aquilo que eu faria, tendo em consideração o meu pouco caso para qualquer categoria de conceito de nação, de orgulho nacional ou amor à pátria.

Gosto de Portugal? Gosto do território, do clima, e até de algumas comidas, mas cada vez gosto menos da praga que infesta o país, e que são as pessoas. Dado curioso é que pessoas há em todo o lado e não diferem muito de sítio para sítio. De qualquer maneira mesmo eu apreciando cada vez menos pessoas, não julgo que deveriam desaparecer. Talvez o certo seria eu transformar-me numa espécie de eremita, porque no final das contas quem está mal sou eu. Não posso ser o tipo que vai na autoestrada em sentido contrário, defendendo que sou o único que está correcto.

Como não penso que devam desaparecer, e caso estivesse no lugar de Zelenskiy, mal houvesse a pequena ameaça de uma invasão, que pudesse causar qualquer tipo de baixa, render-me-ia logo. Mas é que nem pensava duas vezes. Sei ser chocante isto que escrevo, mas recordo-vos que quem vos escreve é um tipo assumidamente sem valores patriotas, com pouca coragem pessoal, e que julga que uma vida, seja ela russa, ucraniana, portuguesa ou chinesa, não tem preço. Se for de uma criança então, a dívida que fica, de cada vez que uma é vítima desta guerra (ou de outra qualquer) é impossível de pagar.

As últimas notícias dão conta de pelo menos 100 crianças mortas. Não tenho palavras que consigam transmitir a tristeza que me percorre todos os poros, todas as veias, todos os milímetros do meu corpo, ao imaginar o medo que uma criança tem, neste cenário dantesco. O sofrimento dos pais que perderam quem mais amavam, e a constatação de que estas 100 crianças estão a horas e dias de se transformarem em 110, 120, 200.

É por isso que para mim o acto mais heroico que Zelenskiy, e o próprio povo ucraniano poderia fazer, era entrar em conversações, com o animal do Putin, e dizer-lhe que sim a tudo. Que não querem a NATO, que não querem a Europa, que não vão ter armas nucleares, que saltam ao pé-coxinho... Eu sei, eu sei que em teoria Putin ganharia esta guerra, mas não vejo as coisas por esse prisma. Quem verdadeiramente ganharia a guerra seria quem nela não morreu, nem iria morrer. Seria quem pudesse voltar para sua casa e para junto dos seus, seriam todas as crianças que poderiam voltar a sonhar em ir para a escola, crescerem e serem adultos.

O que realmente iria mudar no dia a dia do comum ucraniano? Julgam que muito? Não me parece. Esta, e todas as guerras de sempre, acabam por acontecer por motivos políticos, e é verdade que um político forte como o Zelenskiy dá outra moral, outro tipo de força, que nos faz ficar mais corajosos. Mas continua a valer mais um corajoso morto do que um cobarde vivo?

Posso garantir-vos que se fosse ucraniano a minha coragem estaria apenas apontada nos esforços para dali conseguir sair, com a minha mulher e os meus filhos. Seria um desertor? Seria, mas neste jogo que é a vida, já em pleno século XXI, devo dizer que não estava à espera de ter que decidir se deveria matar, ou não, inimigos, mas tendo que decidir, decido sempre que prefiro fugir.

Dos fracos não reza a história, aos fortes rezamos nós, no dia dos seus funerais.

01
Mar22

Separar o trigo do joio


Pacotinhos de Noção

4598642399_60bd392b22_b.jpg

É costume dizer-se que até do mau se consegue tirar algo de bom, mas eu gostaria de reformular esta afirmação dizendo que a maior parte das vezes do mau se consegue tirar algo que não presta e que não interessa a ninguém.

Já fomos testemunhas deste fenómeno com a problemática da pandemia. Surgiram várias teorias da conspiração, mas acima de tudo, o que surgiram foram personagens a fazer tristes figuras que andaram contra corrente apenas e só porque desta forma dariam mais nas vistas, chamariam mais à atenção.

Foram chamados de negacionistas, chalupas, maluquinhos, eles até se intitulavam de informados e esclarecidos, já eu acho apenas que eram iluminados. Iluminados por essa sabedoria superior que só contempla aqueles seres quase celestiais que veem mais adiante, que não se deixam enganar e que colocam a nu todas as fragilidades das cabalas que eles tão bem souberam deslindar.

A técnica é simples e agora, com a guerra na Ucrânia, já começa também a acontecer.

De repente surgiram todos aqueles, que não sendo Pró-Putin, acrescentam um "MAS", afirmando que isto tudo não passa de um plano maravilhosamente orquestrado por esses demónios na terra que são os americanos.

Nem eles próprios acreditam no que dizem, mas dizem-no, e isto é feito porque um carro em contra mão chama muito mais à atenção do que um que segue no sentido correcto.

Não é fácil o lugar em que se colocam. Defender o indefensável é trabalho dos mais complicados. São adeptos do "MAS".

— "A vacina ajuda, MAS aumenta a hipótese de miocardites".

— "Após vacinação, morreram menos pessoas, MAS o que irá acontecer a longo prazo?"

— "O que fazem à Ucrânia é mau, MAS de facto a Ucrânia já fez parte da União Soviética, e Putin até avisou antes de atacar".

Com tanto, mas, mas, mas, também eu agora pergunto: "MAS quando é que começaram a comer cocó, para terem a triste ideia de que serão mais interessantes se forem contra tudo e contra todos, apenas porque querem destoar?

25
Fev22

Quem tem medo do Lobo Mau?


Pacotinhos de Noção

png_20220225_180706_0000.png

Ninguém tem, ou melhor, ninguém tinha.

Como ninguém tinha, a mãe, senhora de aparente força de carácter, de aspecto europeu, foi inconsciente e deixou que a Capuchinho Vermelho fosse sozinha, levar a cesta à avó. É certo que lhe deu conselhos, como o de não falar com ninguém e não sair do trilho recomendado. Para não atravessar a floresta porque andava por lá o Lobo. Mas o Lobo sabia que não podia sair da floresta e que não podia frequentar o trilho? E porque precisaria ele de falar com a Capuchinho para lhe fazer mal? Seria para pedir autorização?

A Capuchinho foi irresponsável e saiu do trilho. Mandou-se para o meio da floresta ignorando o que lhe foi dito ou pensando que a mãe não seria inconsciente a ponto de a deixar exposta ao perigo. Tudo bem que lhe deu indicações, mas ela é apenas uma menina mais pequena do que o Lobo, com o seu aspecto de leste, com pele branquinha e cabelos loiros, e ela tinha a certeza que os pais protegem sempre os filhos e foi nisso que confiou.

Entretanto, a avó, senhora cheia de história, letrada, pois andou na escola alemã, também deixa a desejar, no que a responsabilidade diz respeito, e permite que qualquer um entre na sua casa, deixando-se enganar, a ponto de confundir um Lobo grande e mau, com a sua simpática e pequenina neta. Nem parece que tem nessa história que já viveu uma aliada, e que sabe que os lobos são seres matreiros e nos quais não se pode confiar, mesmo que sejam ensinados a dar a pata, não rara é a vez em que mordem a mão que lhes foi estendida.

O Lobo, que durante tanto tempo esteve controlado, mas que apenas vestia uma pele de cordeiro, "passou-se" e decidiu que haveria de comer tudo e todos, e foi o que fez.

Na história que hoje se escreve a Capuchinho seria a Ucrânia, que levada pela avó alemã e a mãe europeia, que mais parece madrasta, seguiu os conselhos de ambas e deixou de ter armas nucleares. A mãe e a avó disseram-lhe para não se preocupar, pois elas a defenderiam, mas o que na realidade aconteceu é que o Lobo deu-lhes uma grande volta.

Ao longo dos últimos tempos, deixaram de se focar no essencial e tiverem em linha de conta o acessório.

Enquanto o Lobo acumulava armamento, e enredava todos numa teia de necessidade energética, a mãe e a avó quiseram fazer bonito. Querem carbono zero, querem acabar com o uso de carvão para a produção de energia, não aceitam o nuclear e aquilo que importa é discutir quais os géneros que existem, se há mais riscas brancas do que pretas nas passadeiras, se as palhinhas são de papel ou de plástico e se a Greta está satisfeita o suficiente para não ter que perguntar de novo "How dare you?"

Agora pergunto eu... Como se atreveram, a mãe e a avó, a serem apanhadas com as calças na mão? 

O Lobo controla a energia, o Lobo tem o nuclear, o Lobo devora a Capuchinho e elas só podem olhar.

Já se ouviu o ralhete: — "Oh Lobo, ou páras, ou eu nem sei o que te faço!" — e a verdade é que não sabem mesmo, porque se tentarem matar o Lobo ele explode com tudo e acabou o clima.

A chuva que tanta falta faz, rezaremos para que não caia porque poderá ser ácida, o plástico que diabolizamos será uma inevitabilidade e o carbono zero há de ter os seus zeros, mas acompanhados com outros números à esquerda.

Falta ainda falar no caçador, que na história original acaba por salvar o dia, mas que aqui poderá ser aquele caçador bêbedo que dispara contra tudo o que mexe. Não é por mal, mas a subtileza nunca foi o seu forte e lá de onde vem, as terras do tio Sam, o fogo combate-se com fogo, mas muita gente pode sair queimada.

Estamos metidos numa história que vai ao encontro das dos irmãos Grimm, que embora tenham sido adaptadas como contos infantis, na sua génese são de terror.

Não sei o que vai aparecer ao virar da página, mas se fosse eu a escrever o Lobo ia sofrer, e dele não ia querer nem a pele.

04
Fev22

Quão hipócrita és tu?


Pacotinhos de Noção

 

png_20220204_022856_0000.png

Sim, tu.

Este texto é para ti, Rodrigo, Joana, Pedro, Filipa, Alexandre e João, ou para qualquer outro nome de quem leia estas linhas.

O país é hipócrita, o Mundo também o é.

Dou exemplos.

Todos, repito, TODOS e não só o CHEGA, criticam os ciganos quando os veem, por volta de dia 20, nas suas romarias aos CTT para levantar o dinheiro do rendimento social de inserção.

Dizem serem miseráveis e que andam às migalhas, mas a verdade é que nestas eleições António Costa ganhou a maioria porque acenou aos mais velhos com um aumento de 10 € nas pensões, e aos funcionários públicos com uma promessa de pensar numa semana de trabalho de 4 dias, e num ordenado mínimo de 900 €. Não é também miserável dar um voto de confiança a um Governo sem propostas, apenas porque este acena com uma nota de 10 e promessas de menos trabalho e mais dinheiro?

O próprio Governo sofre desta hipocrisia, porque neste momento aguardam, e até salivam, por um dinheiro europeu lançado como se estivessem a atirar milho velho a pombos.

A comunidade internacional é também hipócrita.

Tanto alarido fizeram com a saída dos E.U.A do Afeganistão, mas apenas o fizeram porque era mediático. Entretanto, no Inverno rigoroso que por lá se faz sentir, diariamente têm morrido crianças com fome, frio e doenças que são por nós consideradas normais, ou até já quase extintas. Vi uma reportagem da SIC que mostrava uns pais desfeitos que embrulhavam o seu pequeno filho de dois anos, já morto, num cobertor, e que pela última vez pegaram-lhe ao colo para dali o levarem para o funeral. Mostraram também uma pequenina de 7 meses que dificilmente escapará à pneumonia, ao sarampo e à febre que lhe roubam os anos que poderia vir a ter, mas que não acontecerão. E onde estão os gritos da comunidade internacional? Saíram de lá os E.U.A, mas não existem mais países no mundo que devam ser chamados a intervir? E a ONU não serve para isto mesmo, ou só pode intervir quando o retardado do Putin ameaça a Europa com cortes de fornecimento de gás, e invasões à Ucrânia?

A maior hipocrisia é gritarmos aos quatro ventos que algo deve ser feito quando temos a consciência plena de que nada será feito, e sabendo que se tem essa consciência então pergunto, gritar para quê? Porquê?

Quem realmente decide não quer saber se a população grita, se chora, se morre. É feio, mas é verdade.

Agora, por exemplo, dado que as eleições já aconteceram, e foram ganhas, aposto que já se vão começar a regredir nas medidas relativas ao bicho peçonhento que teima em não nos largar, e não é porque tenha ficado mais fraco, mas sim porque o Governo está mais forte.

E para terminar falo em mais uma hipocrisia global que é a das medidas que visam acabar com o uso do carvão para fabricar electricidade. Esta é uma forma poluente, mas que acaba por ser a mais barata.

 Como se pode exigir a países como a Índia, o próprio Afeganistão, ou outros com o mesmo tipo de problemas sociais e económicos, que desistam da forma mais barata de produzir energia, apostando noutras mais caras, quando nem para comer, ou se aquecerem convenientemente eles têm capacidade? Vai-se condenar toda uma população para que outra se regozije ao afirmar nas suas reuniões COP, para onde foram nos seus aviões a jacto, que os objectivos foram cumpridos e estaremos então a viver num Mundo com menos carbono?

Sim, viveremos num Mundo com menos carbono mas também com menos valores éticos e morais e cada vez mais hipócrita.

25
Jan22

Esta doença tem que acabar


Pacotinhos de Noção

b4280f687a5e9186ca3a5fa1db710e122c410c9a.jpg

Na tarde de Domingo resolvi ver o filme "Boy Erased".

É um filme de 2018 e que acaba por ser uma biografia de Garrard Conley cujo livro, que conta a sua história pessoal, serviu de base para a adaptação ao cinema.

Jared Eamons é um rapaz de 17/18 anos, filho de um conservador pastor da Igreja Baptista que, aquando da sua ingressão na faculdade, acaba por ter um fugaz relacionamento com um colega.

Não descobriu nessa altura que era homossexual, pois no seu âmago já o sabia, mas sempre resistira aos seus impulsos, amedrontado por aquilo que a sociedade e os seus pais poderiam pensar.

Por motivos que acabam por ser agora secundários, esse rapaz com que Jared se envolveu, liga aos pais conservadores do protagonista desta história e conta-lhes acerca da homossexualidade do filho.

O pai (Russell Crowe) e a mãe (Nicole Kidman) decidem "institucionalizar" o próprio filho numa espécie de casa de correcção católica, para jovens que sofrem da nefasta doença que é a homossexualidade. 

A partir daqui o filme segue o seu caminho e não vos vou contar o final, até porque este texto não serve propriamente para falar acerca do mesmo e sim da doença presente em todo o filme, e que penso que deveria ser tratada rapidamente, sob pena de conspurcar e derrubar a nossa sociedade, até porque essa enfermidade está cada vez mais enraizada e somos constantemente atacados por ela e membros que nos serão próximos, alguns até familiares, começam a "dar ares" de que já a podem ter entranhada em todos os poros do seu corpo.

Nesta fase devo estar a induzir em erro quem me lê, porque a doença a que me refiro não é a da homossexualidade, que essa julgo que a Organização Mundial de Saúde não classificou como sendo uma doença ou condição, mas mesmo que fosse não viria daqui nenhum mal ao Mundo, pois não incomoda ninguém, ou pelo menos não deveria incomodar.

Se incomodar porventura, então significa que os incomodados sofrem da tal doença sobre a qual quero realmente falar, e que é uma que se apresenta com imensos sintomas, que passo a enumerar para que, caso os tenham, se sintam mal... Muito mal.

Sintomas como a intolerância, a idiotice, a imbecilidade, a alarvidade, a estupidez,  a arrogância e a prepotência são resultados de um mal maior e que é a IGNORÂNCIA.

Digo-vos já que não é vírus nem bactéria, mas têm um índice de transmissibilidade com valores muito acima da média de tudo aquilo que já se viu. Também não é nada de novo, mas ganha força ocasionalmente. Uma das suas características é por vezes se conseguir disfarçar de PREOCUPAÇÃO COM O BEM ESTAR DE ALGUÉM ou de SÓ QUEREMOS O MELHOR PARA TI.

Estamos em 2021, 21 anos a mais do que aqueles que deveríamos viver, dado que o Mundo iria acabar no ano 2000, se bem se recordam, mas não acabou e 21 anos após a virada do milénio constato que de facto a evolução é uma suposta verdade conveniente, muito difundida, mas que me parece que serve apenas para camuflar outra verdade, muito inconveniente que é a de que no essencial continuamos a ser uns acéfalos e atrasados que julgam que podem definir como, quando ou quem uma pessoa pode amar. 

No caso desta história, que vos recordo ser real, os pais tentaram mudar aquilo que o filho sentia. Na instituição onde o colocaram, houve até um rapaz que se a suicidou porque interiorizou que o facto de gostar de pessoas do mesmo sexo, e não o conseguir mudar, era grave o suficiente para não poder continuar a viver.

Existe quem defenda que não se morre por amor. Eu discordo, acho mesmo que se pode morrer por amor, mas só acho, não tenho a certeza completa. Já morrer por falta de amor sei que sim, é possível morrer e o mais certo é que aconteça. Seja o amor de um homem, de uma mulher, de familiares ou amigos, se não houver então o destino estará traçado.

Esta não é uma realidade ficcional, é uma realidade que deu em livro que se transformou num filme, mas gostava que tivessem presente que existem vários estados norte-americanos onde os homossexuais são pessoas consideradas secundárias e existe até um país enorme onde nele inteiro ser homossexual ainda não é um crime, mas é proibido e que é a Rússia de Putin.