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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

10
Abr22

Por mim não passa


Pacotinhos de Noção

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Estreou hoje a nova temporada dos Ídolos.

Admito que não sou apreciador deste tipo de programas, os chamados "talent show", principalmente porque, e peço desculpa aos mais susceptíveis, mas penso que Portugal tem muito pouco talento.

O talento é como a nossa dentição. Não nascemos com ela, vai aparecendo, mas se não a cuidarmos, rapidamente se estraga, e o que acontece é que temos a convicção de que o talento é algo com que se nasce e que não desaparece... Errado, acho eu.

Reparem no Cristiano Ronaldo. Tinha o talento, mas quando estava no Sporting não se adivinhava chegaria ao patamar onde chegou, e tal aconteceu porque trabalhou, e ainda trabalha, para conseguir manter o seu talento acima da média.

De qualquer das formas, e não apreciando o conceito, tive sempre o hábito de ver os episódios iniciais para poder testemunhar aquilo que tantos espectadores prende no Mundo todo, e que acabou por dar fama ao programa, os Cromos.

Acontece que, nesta nova temporada, parece que a aposta não vai tanto no sentido de mostrar os Cromos. Não sei se é a moda do politicamente correcto, se porque a sociedade agora é uma florzinha de estufa, que desata a fazer queixas à Entidade Reguladora da Comunicação (ERC) quando há uma piada que não se gosta, se alguém canta uma nota acima, se alguém é vesgo, se aparenta não ter tomado banho... enfim, não interessa o porquê, interessa é que se façam queixas e que se comportem todos como super-heróis, de vítimas que não pedem para ser salvas, e que por vezes até criam um boneco de forma a conseguir os seus 5 minutos de fama. Aconteceu com o rapaz que tinha "Star quality", com o do "Tá forte, tá, eles não gostam de mim..." e com tantos outros que eram o que dava grande parte da graça ao programa.

Algo que também perdeu a graça foram os comentários dos júris e a apresentação.

Sinto falta do enfado de Pedro Boucherie Mendes. Joana Marques parece-me um tanto ou quanto pouco à vontade. Também acontece comigo, que nem os parabéns consigo cantar de forma aceitável, ficar confrangido quando estou num ambiente onde outros cantam. Percebo que a ideia seria a de que fosse extremamente desagradável, mas uma coisa é sê-lo para aqueles que estão mesmo a pedi-las, outra coisa é sê-lo para pessoas que, por mais inconscientes e sem noção que sejam, têm um sonho, que poderá ali ser destruído.

A apresentação só teve a perder com o não retorno de João Manzarra, que nos seus diálogos com os participantes dava bastante ritmo ao programa, coisa que agora não acontece, sendo mesmo até aborrecido. A culpa não é de Sara Matos, que provavelmente será uma figura mais acolhedora para os participantes, mas são estilos muito diferentes e este, a mim, não me agrada.

Mas posso até afirmar que a escolha de Sara Matos terá feito todo o sentido se tivermos em consideração que a génese do programa mudou radicalmente.

Dantes era um "talent show" que tinha uns Cromos engraçados que nos divertiam, agora parece mais um "reality show", com todas as historietas de superações, de avós que morreram, de problemas psicológicos como depressões e bipolaridades. Parece mais que a fila é para uma sala de terapia e não para uma audição. Não faz sentido o ecrã com a aparição de amigos e familiares com mensagens de apoio. Parece tudo demasiado forçado para ficar mais sentimental, mas apenas fica mais aborrecido e insosso.

Em relação às vozes que apareceram hoje, como já afirmei, para mim, é um pouco secundário, mas também posso dizer que não ouvi nenhuma claramente agradável e ouvi uma que nada valia, mas que até levou um cartão dourado. O pragmatismo leva-me a entender que apenas tal aconteceu porque na próxima fase também há alguns que têm que ficar pelo caminho.

Visto que a parte que me interessa no programa deixou de existir, por mim está feito, não vejo mais, e se quiserem fazer a final já para a semana, por mim tudo bem.

25
Out21

Mordaças Sociais


Pacotinhos de Noção

liberdade-de-imprensa.jpgHoje vi o Big Brother.

Fui alertado para uma nova polémica que estava a mexer com as redes sociais e pensei logo que ia ver outro tipo a fazer a saudação nazi, ou então mais um pontapé de um tipo noutro concorrente. Mas a realidade é que não estava preparado para aquilo que vi e ouvi. Foi o horror. O meu estômago embrulhou-se e a minha espinha gelou. Por muito tempo que viva não mais esquecerei o gesto, nem o que aquele concorrente disse.

Reparem que um dos concorrentes, referindo-se a um dos seus colegas, que ao que parece acorda já cheio de energia, fez um gesto insinuando que o colega "snifa" estupefacientes e ainda legendou com a frase "Parece que acorda e dá logo nos ácidos".

As redes sociais movimentaram-se e pediram que role a cabeça deste energúmeno, para que não torne a repetir a gracinha.

A cabeça não rolou mas o concorrente não se livrou de um puxão de orelhas dos apresentadores Manuel Luís Goucha e Cláudio Ramos, que o relembraram que as brincadeiras que faz em casa são uma coisa, mas que está num programa de televisão e tem que pensar naquilo que diz.

Agora recordem-me por favor, esta coisa do Big Brother não tinha como uma das suas divisas ser "a novela da vida real"?

Pergunto isto porque na vida real não há guiões. Dizemos aquilo que queremos, por mais estúpido que possa ser ou parecer. As consequências depois poderão fazer-se sentir, mas ninguém nos colocou qualquer tipo de mordaça, e é isso que cada vez mais querem fazer aos concorrentes deste reality show.

Para produzir um programa destes há que ser corajoso. Não se pode ceder à pressão dos media e muito menos à pressão das redes sociais, que estão cheias daqueles aldeões ignorantes, que têm sempre as tochas e as forquilhas preparadas para perseguir o monstro que alguém diz que viu e que, na falha de encontrar o monstro, que na realidade nunca existiu, acabam por atacar um qualquer coxo ou marreco, porque tem uma diferença que para eles será grande o suficiente para que possa ser um monstro, ou que pelo menos permita validar o facto de o terem usado para saciar a sede que têm por sangue.

Já não é a primeira vez que se sabe que as produções fazem chamadas de atenção por coisas que este ou aquele concorrente disse. Ao que parece entrar na casa do Big Brother é como entrar num vórtex que nos faz viajar no tempo e transporta os concorrentes para anos anteriores a 1974, quando existia uma ditadura e em que pessoas sofriam por falarem sobre assuntos que não deveriam ou até por falarem de forma como alguns não quereriam.

O grande culpado destas situações é o famigerado politicamente correcto, que mais não é do que a censura disfarçada com unhas de gel, cabelos pintados, fatos de treino da ABIBAS e currículos académicos que de nada serviram, porque a janela para o Mundo pouco mudou desde a adolescência. Continua a ser um ecrã de um computador, ou agora também poderá ser o de um smartphone, que por muita informação que despeje dificilmente será aproveitada por quem está mais interessado em pegar neste ou naquele preciosismo de quem disse algo que não deveria e que por isso terá que ser pendurado na cruz.

Se quem produz o programa quer tanto ter fantoches dentro da casa, com tudo tão predefinido, porque é que não distribuem guiões a quem entra? Perderia em espontaneidade mas ganharia talvez em conteúdo.

No meio desta parvoíce toda a única situação que considero grave é o facto de terem várias pessoas fechadas e que não podem ser elas mesmo a 100%, porque existem condicionalismos de várias ordens, que são impostos pela produção que, infelizmente só existem porque dão importância ao que é dito nas redes sociais.

 

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