Morreu Constança Braddell
Pacotinhos de Noção
"Porquê, meu Deus, porquê?"
Este foi o comentário que me levou a querer escrever estas linhas, porque a resposta é óbvia e porque o intuito da pergunta é o mesmo, sempre que morre alguém que foi assunto nas redes sociais.
O porquê é porque a rapariga estava doente. Na verdade estava até muito doente, e foi precisamente por isso que acabou por ficar conhecida. Ela quando fez o seu pedido de ajuda não estava à procura de mais seguidores, de fãs, de patrocínios. Estava à procura de uma solução para a sua morte anunciada. Infelizmente não conseguiu.
Não desenvolvi qualquer tipo de empatia ou antipatia por esta rapariga. Não a considero guerreira, considero apenas uma desafortunada que teve uma doença que lhe tirou a vida. Tentou viver, e tantos que tendo a vida por garantida não o tentam. Mas não lhe foi permitido. Não o foi por ninguém em especial, mas sim pelas circunstâncias e por obra do acaso. Será justo? Não é certamente. Principalmente para a família e verdadeiros amigos que a acompanharam e que lhe sentirão a falta. Para ela será indiferente. Já partiu e não sente a dor que sentia, nem a dor que cá deixou. Para mim, que não lhe era nada, não a conhecia nem costumo entrar em dramas de redes sociais, o dia segue como todos os outros com a genuína esperança de que o que a afectou nunca afecte nenhum dos meus.
Às pessoas que neste momento inundam o Facebook, o Instagram e todos os similares com "RIP's", "descansa em paz" e "porquê, meu Deus, porquê?", tomem vergonha na cara e apaguem a porcaria que escreveram, com o intuito de ter gostos ou serem "trends". Ela não vai ler, e os verdadeiros amigos e principalmente a família, não querem nem saber aquilo que vocês pensam, porque a totalidade dos seus pensamentos está no facto de que perderam alguém.
O que escrevo não é novidade para ninguém. As redes sociais são um mundo cor-de-rosa onde as mães são super-mães, as férias são espectaculares, o pôr-do-sol é sempre bonito as relações são magníficas, e em que se sente sempre muito a morte de alguém. Isto desde que seja possível mostrar tudo isso, porque se não for, conforme não o é no mundo real, então não vale nem a pena dizer "Bom dia", "Por favor" ou "Muito obrigado".
Palavras para a Constança Braddell não tenho, para a família, que não conheço, também não, para vós que vivem destas aparências tenho uma:
HIPÓCRITAS.