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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

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Pacotinhos de Noção

31
Ago22

Top Gun - Maverick


Pacotinhos de Noção

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Diz-se que não se deve voltar onde já se foi feliz. Tom Cruise decidiu ignorar essa máxima, e voltou ao "Top Gun".

Antes da minha análise a esta espécie de sequela, devo referir que, sendo um enorme saudosista, com o "Top Gun" de 1986, este sentimento não se me aflorava. Só consegui ver o filme completo depois de algumas tentativas. Achava-o desinteressante, com diálogos fracos, o romance entre Tom Cruise e Kelly McGillis vulgar, insonso e sem interesse.

Na narrativa não existia um verdadeiro objectivo, Maverick era um puto arrogante, que queria ser o melhor, e pouco mais que isso. Nada retirei de especial do filme, e de entre os meus filmes preferidos provavelmente não estaria nem nos primeiros vinte. Pensei que este poderia ser o pensamento de um miúdo, depois de um adolescente e mais tarde de um jovem adulto. Agora, homem feito, cheio de sabedoria e inteligência, decidi dar nova oportunidade à película que nos dá a conhecer Maverick e Goose e fiquei boquiaberto de tão surpreendido. Então não é que não mudaria uma vírgula acerca de tudo aquilo que pensava de "Top Gun".

Mas antes de ser apedrejado, por todos aqueles que adoraram SEMPRE o filme, relembro que vou falar sobre o "Top Gun - Maverick" e não sobre o antigo. Apenas fiz esta introdução para perceberem o espírito com que fui assistir.

Tom Cruise arriscou, ao voltar onde já foi feliz, mas arriscou muito bem. Este novo filme consegue até dar algum sentido à xaropada que foi o primeiro.

Temos agora um Tom Cruise muito mais ator do que em 86. Os anos e o trabalho deram-lhe a experiência que lhe permitiram actuar, e realizar (Cruise também participa na realização), de uma forma que fez deste filme algo de empolgante.

Temos à mesma alguns pontos negativos. O romance com a Jennifer Connelly é o que menos destaca no filme. Parece demasiado forçado e o casal não gera cumplicidade e não desperta à aura romântica que deveria existir.

Os diálogos melhoraram e temos agora um "Maverick" menos arrogante, mas com bastante ironia.

Não quiseram fazer do herói o tipo duro em que nada o fere. Várias vezes vemos a personagem lacrimejar. Não de forma lamecha, foi sempre justificado.

Temos a participação de um Val Kilmer que tem neste filme, quase de certeza, a sua última aparição em filmes. Acaba por ser uma bonita homenagem em vida.

Neste "Top Gun" temos um objectivo, uma missão, algo que é o núcleo principal e que tem outras histórias à volta, acabando por se entre cruzarem.

Maverick é destacado, alguns anos depois, para voltar a integrar o "Top Gun", composto por uma elite de pilotos. Desta vez não para pilotar, mas para ensinar tudo aquilo que sabe, pois tem que seleccionar os melhores para uma missão quase suicida. Para os ensinar, a personagem de Tom Cruise utilizará os métodos menos ortodoxos, mas que permitirão que os alunos o passem a admirar e verem nele alguém em quem confiar.

As cenas de combate aéreo nesta sequela deixam as do primeiro filme a quilómetros de distância. São bem filmadas, interessantes e, mais uma vez, empolgantes.

No geral o filme correu muitíssimo bem, é daqueles casos muito raros de sequelas que são bem melhores que o primeiro.

Tom Cruise esteve mais uma vez bem, e fico contente que se tenha permitido a voltar onde já foi feliz. O primeiro impulso, quando foi falado que poderia existir um novo "Top Gun", foi o de rejeitar perentoriamente, mas após ter-lhe sido apresentado o guião, o actor nem hesitou em telefonar para os estúdios da Paramount, a informar que o iriam fazer, e os estúdios em boa hora aceitaram, pois "Top Gun - Maverick" já bateu recordes, como sendo o filme que mais rendeu nos últimos tempos, chegando aos 1,4 mil milhões de dólares... é muita massa.