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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

17
Set23

E foi assim que se contou


Pacotinhos de Noção

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Foi em 2007 que tudo começou.

Eu e a minha mulher, juntos há apenas dois anos, moradores num pequeno quarto onde toda a nossa via cabia, acompanhávamos as peripécias da família Lopes. Identificávamos na personagem do Miguel Guilherme, o António Lopes, traços do meu sogro, que sempre foi também um chefe de família sonhador, que sempre pensou em como fazer a família ter um futuro melhor. E existiam também traços na fisionomia, e expressões da personagem que, mesmo nesta última série, a faziam representar muito bem o meu sogro.

Nas personagens do Carlitos (Luis Ganito), da Margarida (Rita Blanco), da Isabel (Rita Brütt) e do Toni (Fernando Pires) não identificávamos ninguém em especial, mas habituámo-nos a viver a vida daquela família, quase como se fosse a nossa, e eram uma enorme companhia. A avó Hermínia (Catarina Avelar) guarda um lugar especial, porque não sendo nenhuma das avós que tivemos, representava perfeitamente os milhares de avós que este país teve, e tem, que são o exemplo perfeito de que uma avó é uma segunda mãe, quer para os netos, quer por vezes para o genro ou para a nora. Da voz a uma daquelas avós, que são um pilar fundamental numa família.

No meio de tantas épocas que a série teve houve muitas personagens marcantes e exemplarmente interpretadas. Não podemos esquecer o Engenheiro Ramires, do José Raposo, a Clara, da falecida Maria João Abreu, Filipe Vargas, que era o amigo Dino, do António, o dono do café, o Fanan interpretado por João Maria Pinto, e o Camões, do actor Luís Alberto.

Nesta última série a Luz, de Madalena Almeida, e a Susana, de Beatriz Frazão, foram fundamentais para fazer crescer ainda mais a empatia que já tínhamos ganho com a família Lopes, mas que precisava de ser renovada com a entrada nos anos 80.

Senti hoje, com este último episódio, a nostalgia, a tristeza e a saudade que sentia quando era miúdo e em que acabava uma série de desenhos animados, ou como quando morreu o Chanquete, no Verão Azul. Senti que terminava hoje a companhia que eu, e a minha mulher, fomos tendo ao longo destes 16 anos, em que também nós evoluímos. Em que deixamos de estar num quartinho, e temos a nossa casinha, em que deixámos de ser dois recém-casados e em que somos pais de uma família de 4, em que iniciámos também o nosso negócio, e em que no desenrolar da vida fomos tendo ganhos e perdas, nascimentos e, felizmente só um falecimento, mas que também aconteceu, e que de alguma forma nos fez crescer como pessoas.

A família Lopes, em princípio, não mais voltará, a não ser em repetições, porque estender a série para os anos 90 talvez seja algo que não se justifique, mas nós cá continuaremos, e sempre que olharmos para estes actores que nos acompanharam, mesmo noutros trabalhos que possam até ser alvo de sucesso maior, e até mais premiados, não deixarão nunca de ser aquela família com quem quisemos sempre estar.

O Miguel Guilherme é o António Lopes, mas também é o Quim Fintas, a Rita Blanco é a Margarida, mas também é a Ivete Carina, do Casino Royale, o Luis Ganito é que durante uns tempos será sempre o Carlitos, e nem estou a falar deste engatatão escritor, que tão bem emoldurou esta última série. Falo daquele puto traquinas, que tinha um aspecto tão querido e fofo e que foi o mais custou não ter em toda esta série dos anos 80. Vendo mais coisas do Ganito, a coisa vai-se alterando, mas para já o Carlitos será sempre o Carlitos.

Para terminar, fazer também uma menção honrosa a alguém que participou em todos os episódios, mas que nunca chegou a aparecer, e que foi parte fundamental.

Luís Lucas, que com a sua voz inconfundível narrou todos os inícios dos episódios, interpretando um Carlos, contador de histórias, mais maduro e vivido. A voz de Luís Lucas é uma marca tão profunda na série como os genéricos "Vinte Anos", do José Cid, ou mais recentemente o "Dunas", dos GNR.

Obrigado a todos que fizeram esta jóia, foi bom acompanhar-vos, e é triste deixar de saber dos Lopes. Mas todos seguiremos caminho.

14
Mai23

Um atraso de 11 anos


Pacotinhos de Noção

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Hoje senti-me envergonhado comigo mesmo.

Sou um apreciador do trabalho do Ricky Gervais. Tenho por convicção de que foi um dos melhores apresentadores dos Golden Globe de sempre, e amaldiçoo a Academia por não terem a coragem de o convidar para apresentar os Óscares. Ainda assim, só hoje tive conhecimento de uma série, já de 2012, criada e protagonizada por si.

Tem por título “Derek”, que é o nome do protagonista. Um tipo de meia-idade, com uma aparente deficiência cognitiva, que trabalha num lar de idosos.

Derek é alguém com um coração maravilhoso que retira de todos aquilo que de melhor têm para lhe dar. Tem nos seus utentes velhotes os seus grandes amigos, e trata-os como se da sua família fizessem parte.

É uma comédia dramática, muito ao estilo de Ricky Gervais. Foi a esta série que foi buscar alguma inspiração para o “After Life” e também muitos dos actores.

Neste trabalho Gervais mostra também como é enorme o seu talento para a actuação. Seguindo Derek nos seus afazeres, rapidamente nos esquecemos de que quem ali está é Ricky Gervais, na interpretação de um papel, e a personagem ganha a sua vida, a sua identidade própria.

Quem não viu, recomendo que veja. Está na Netflix e vale bastante a pena. Ricky, amigo, se estiveres a ler estas linhas:

“Maintenaiting the good trabalhaition. You are grandation”.

11
Fev23

Coço-me todo para não fazer spoiler


Pacotinhos de Noção

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Só hoje vi o terceiro episódio do "The Last of Us".

É incrível como, no meio de um ambiente de apocalipse, os criadores conseguiram, ainda assim, transmitir um ambiente acolhedor, romântico e simpático. Digo ainda mais, como foi possível num episódio de 75 minutos, conseguiram compilar, e fazer-nos sentir um leque tão variado de emoções?

Não sou dos fanáticos do jogo. Nunca joguei, não conhecia, nem sequer sabia do que tratava. Comecei a ver apenas porque era a série do momento, e julguei que, como me aconteceu no caso de tantas outras, não me iria cativar, mas enganei-me. Estou agarrado e, para já, não lhe encontro defeitos. Os cromos do jogo que me vierem dizer que o Joel e a Ellie não são parecidos com os do jogo, lamento, mas para mim a Ellie e o Joel são estes, os do jogo nunca os vi mais gordos.

Quero ver o quarto e o quinto episódio, mas com parcimónia, para não acabarem rápido, porque, para mim, "The Last of Us" está a ser como aquela caixa de bombons magnífica, que comemos devagar, para que o fim demore a chegar.