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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

04
Jul22

Tanto talento, e nenhum na TV


Pacotinhos de Noção

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Acabaram hoje os Ídolos... Finalmente.

O "Uma Canção para ti ainda não acabou... Infelizmente.

Para começar, e justificar a imagem que emoldura o texto, gostaria de referir que a maneira como os apresentadores, e até dos júris, são vestidos, define bem estes programas. Uma parolada. Joana Marques, o Elvis manda dizer que quer a roupa de volta.

Não aprecio especialmente estes "talent show" mas também não penso que devem deixar de existir. Defini-los como "talent show", quando o talento é algo que por ali não passa, é que já me parece demasiado.

Portugal é um país pequenino, é natural que não consiga produzir um Paul Potts ou uma Susan Boyle, mas a verdade é que mesmo que aparecesse alguém do mesmo género destes dois, dificilmente iriam ganhar, porque não teriam "star quality", e porque não se encaixam no estilo "pop" que a parolice portuguesa tanto procura.

Os Ídolos já tiveram várias temporadas, Nuno Norte, Sérgio Lucas, Filipe Pinto, Sandra Pereira, Diogo Piçarra e João Couto foram os anteriores vencedores. Fora Diogo Piçarra, nenhum dos outros alcançou uma carreira de sucesso.

Existem alguns participantes que ficaram conhecidos, como a Luciana Abreu, Salvador Sobral ou a Carolina Torres. Tudo pessoas que, me parece, ficam a dever tanto para o mundo da música, como para a sanidade mental, ou educação, como recentemente Carolina Torres mostrou, ao abandonar, de forma prematura, o palco dos Ídolos, para o qual foi convidada. Quem vier com o argumento de que o Salvador Sobral ganhou a Eurovisão, chamo só a atenção de que este ano ganhou a Ucrânia, porque está em guerra, não tem nada que ver com música, já ganhou uma mulher barbuda, ou um barbudo vestido de mulher, e uma tipa vestida de galinha, só por ser israelita.

Voltando, e terminando o assunto "Ídolos", gostaria só de sublinhar que os jurados perdem toda e qualquer credibilidade, quando no lote de finalistas existem vozes paupérrimas, mas ainda assim todos os júris se desfazem em elogios. Posso apenas ser eu que sou duro de ouvido, mas há casos bastante evidentes de participantes que nem em karaokes se safariam.

O caso do "Uma Canção para ti" já é diferente.

A qualidade continua a ser nula, os jurados são 50% de elementos que não percebem nada de música, por muito que o Manuel Luís Goucha defenda a Rita Pereira, arranjando justificação para o facto de ela ali estar, e acho também uma certa piada que elementos do PAN façam burburinho pela exploração de animais para entretenimento popular, mas que não façam chegar nenhuma queixa junto das autoridades, pelo facto de às 00:30 haver miúdos nas cantorias da TVI. Apenas falo nisto devido à falta de coerência, e porque de facto a TVI ganha bom dinheiro com o uso destas crianças. Isto só acontece porque há imensas pessoas a assistir ao programa, pessoas que elevam a voz para reclamar o direito de tudo e mais um pouco, mas ver os meninos a cantar, até tão tarde, dá-lhes alegria.

Sinceramente falando, faz-me confusão a mim? Sim, faz alguma. Nem tanto pelos miúdos ou pelo programa, porque os miúdos até se deverão estar a divertir, e o programa cumpre a sua função que é a de tentar entreter as pessoas em casa, mas não tiro da cabeça que por detrás de cada uma daquelas crianças poderão estar uns pais, para quem faz sentido que os filhos fiquem a cantar até de madrugada, apenas porque assim podem vir a ter uma carreira... Não sei porquê, mas só me consigo lembrar dos pais do Saúl Ricardo.

Só mais uma pequena curiosidade, que reparei agora, enquanto acabo este texto.

A SIC está a transmitir o concerto da Anitta, no Rock in Rio, o que confirma que saber cantar não é o critério por eles escolhido, para hoje aparecer na televisão.

10
Abr22

Por mim não passa


Pacotinhos de Noção

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Estreou hoje a nova temporada dos Ídolos.

Admito que não sou apreciador deste tipo de programas, os chamados "talent show", principalmente porque, e peço desculpa aos mais susceptíveis, mas penso que Portugal tem muito pouco talento.

O talento é como a nossa dentição. Não nascemos com ela, vai aparecendo, mas se não a cuidarmos, rapidamente se estraga, e o que acontece é que temos a convicção de que o talento é algo com que se nasce e que não desaparece... Errado, acho eu.

Reparem no Cristiano Ronaldo. Tinha o talento, mas quando estava no Sporting não se adivinhava chegaria ao patamar onde chegou, e tal aconteceu porque trabalhou, e ainda trabalha, para conseguir manter o seu talento acima da média.

De qualquer das formas, e não apreciando o conceito, tive sempre o hábito de ver os episódios iniciais para poder testemunhar aquilo que tantos espectadores prende no Mundo todo, e que acabou por dar fama ao programa, os Cromos.

Acontece que, nesta nova temporada, parece que a aposta não vai tanto no sentido de mostrar os Cromos. Não sei se é a moda do politicamente correcto, se porque a sociedade agora é uma florzinha de estufa, que desata a fazer queixas à Entidade Reguladora da Comunicação (ERC) quando há uma piada que não se gosta, se alguém canta uma nota acima, se alguém é vesgo, se aparenta não ter tomado banho... enfim, não interessa o porquê, interessa é que se façam queixas e que se comportem todos como super-heróis, de vítimas que não pedem para ser salvas, e que por vezes até criam um boneco de forma a conseguir os seus 5 minutos de fama. Aconteceu com o rapaz que tinha "Star quality", com o do "Tá forte, tá, eles não gostam de mim..." e com tantos outros que eram o que dava grande parte da graça ao programa.

Algo que também perdeu a graça foram os comentários dos júris e a apresentação.

Sinto falta do enfado de Pedro Boucherie Mendes. Joana Marques parece-me um tanto ou quanto pouco à vontade. Também acontece comigo, que nem os parabéns consigo cantar de forma aceitável, ficar confrangido quando estou num ambiente onde outros cantam. Percebo que a ideia seria a de que fosse extremamente desagradável, mas uma coisa é sê-lo para aqueles que estão mesmo a pedi-las, outra coisa é sê-lo para pessoas que, por mais inconscientes e sem noção que sejam, têm um sonho, que poderá ali ser destruído.

A apresentação só teve a perder com o não retorno de João Manzarra, que nos seus diálogos com os participantes dava bastante ritmo ao programa, coisa que agora não acontece, sendo mesmo até aborrecido. A culpa não é de Sara Matos, que provavelmente será uma figura mais acolhedora para os participantes, mas são estilos muito diferentes e este, a mim, não me agrada.

Mas posso até afirmar que a escolha de Sara Matos terá feito todo o sentido se tivermos em consideração que a génese do programa mudou radicalmente.

Dantes era um "talent show" que tinha uns Cromos engraçados que nos divertiam, agora parece mais um "reality show", com todas as historietas de superações, de avós que morreram, de problemas psicológicos como depressões e bipolaridades. Parece mais que a fila é para uma sala de terapia e não para uma audição. Não faz sentido o ecrã com a aparição de amigos e familiares com mensagens de apoio. Parece tudo demasiado forçado para ficar mais sentimental, mas apenas fica mais aborrecido e insosso.

Em relação às vozes que apareceram hoje, como já afirmei, para mim, é um pouco secundário, mas também posso dizer que não ouvi nenhuma claramente agradável e ouvi uma que nada valia, mas que até levou um cartão dourado. O pragmatismo leva-me a entender que apenas tal aconteceu porque na próxima fase também há alguns que têm que ficar pelo caminho.

Visto que a parte que me interessa no programa deixou de existir, por mim está feito, não vejo mais, e se quiserem fazer a final já para a semana, por mim tudo bem.