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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

25
Mai22

Promessa é dívida


Pacotinhos de Noção

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Por coincidência, hoje, por volta das 22:00, altura em que o meu filho de 4 anos foi dormir, naquele lusco-fusco sonolento e delirante das crianças, ele virou-se para mim e perguntou o que eu fazia se aparecesse um homem com uma pistola para lhe fazer mal.

Esta pergunta veio a propósito de, segundos antes, ele ter tido medo e eu, confortando-o, garanti-lhe que não precisa temer nada, pois protege-lo-ei sempre.

Respondi que se tal acontecer meto-me à frente e nada se passará. A mim também não, que tenho ossos de ferro.

Apertou-me para confirmar que tenho estrutura óssea forte o suficiente, e agora dorme, relaxado e sentindo que está protegido. Dorme ele e a irmã de ano e meio, um sono inocente e despreocupado, sem saberem que, agora, em todos os cantos do Mundo, há crianças que choram, que sofrem, que morrem. Não sabem e nem pretendo que saibam. Este Mundo nojento em que vivemos há de parecer-lhes um paraíso, enquanto for possível que a ingenuidade não lhes seja conspurcado pela dura realidade.

A garantia de protecção que fiz ao meu filho, pretendo cumpri-la, mas certamente que os pais das 18 crianças, com idades entre os 5 e os 11 anos, que foram hoje assassinadas no Texas, também quereriam ter protegido os filhos deles. Não conseguiram, e esta é daquelas vezes em que a genuinidade do "não queria estar no lugar deles", é da mais pura que pode haver, e também da mais cruel.

Salvador Ramos, 18 anos, ele próprio um tipo que ainda devia cheirar a leite, tinha acesso a armas que lhe permitiram cometer esta loucura. Foi abatido pela polícia e eu só espero que tenha sofrido, porque quem mata crianças não faz, para mim, sentido que continue a viver.

Haverá sempre quem defenda que ele poderia ter problemas psicológicos, mas o problema psicológico de que ele sofria tinha um nome… maldade.

Sigam o meu raciocínio. Se este tipo era maluco porque é que não foi antes invadir um bairro problemático, onde até guerras de gangues há? Ou uma esquadra, ou um quartel, por exemplo? Não foi porque sabia que a hipótese de resposta era grande. Crianças são um alvo fácil e que não responde.

Hoje, também por um acaso, assisti à cena de um rapaz, dos seus 16 anos, a acabar o namoro com uma miúda da mesma idade.

Ela chorava copiosamente. Não implorou, mas tentou muitas vezes o contacto visual com aquele que, até há segundos atrás era o seu namorado. Conseguiu-o várias vezes e há de ter constatado o mesmo que eu, e que era a falta de empatia, de sentimento, de compreensão e até de companheirismo daquele que com ela já havia partilhado sentimentos.

Nem uma festa, nem uma mão no ombro para servir de apoio. Nada.

Vomitou as palavras que tinha a vomitar e no fim do seu discurso de rescisão sentimental, afasta-se com um desdém e uma frieza que nos levam a pensar que ele não deveria nem namorar uma pedra, quanto mais uma rapariguinha.

Dei mais este exemplo porque em ambos os casos se vê um traço característico e comum a ambos.

Nenhum mostrou nenhum tipo de ligação afectiva, remorso, consciência, e, infelizmente, a ideia que me dá é a de que cada vez mais isso acontece. Tenho visto muitos jovens que demonstram dar mais importância a um penteado ou a um smartphone do que a outra pessoa.

E quem devemos nós culpar por causa destas situações? Não vos sei dizer, nem tão pouco sei dar um palpite que se pareça com uma solução. Tenho a opinião de houve muita falta de amor, muita falta de ouvir dos pais um amo-te cheio de intenção de continuar a amar.

Eu tento fazer a minha parte, e diariamente digo aos meus filhos que os amo e eles também me o dizem a mim. Não é uma troca de galhardetes e sim uma partilha de sentimentos que espero que construa alicerces de valor nos meus filhos.

Sim, eu sei que este é mais um post a falar de criancinhas e no quão importantes elas são, mas de facto são e se não andarmos por cá para os proteger, então nada nesta vida vale a pena.