Maravilha de públicuzinho
Pacotinhos de Noção
Hoje pisei trampa de cão. Fiquei contente por levar o meu calçado fatela e não os Louboutin, de 490 €, que dão à luz "as nossas Senhoras". Estes custaram uns 40 €, e o máximo que de dentro já lhes saiu foram bocados de cotão. Certa vez um pedaço pareceu-me ser Moisés, ou S.José, com uma farta barba, mas não, afinal continuava a ser cotão.
Hoje não quero cortar na casaca da Cristina Ferreira, até porque tendo em consideração o tamanho do Plus Size que usou, no Cristina Talks, tinha casaca para cortar até 2025, e parecendo que não, tenho outras coisas para fazer.
No Benfica - Sporting do fim de semana que passou, fotografaram um adepto benfiquista com um pacote de 5 litros de vinho debaixo do braço. A foto viralizou, porque era um bimbo, bêbedo, barrigudo, porque era um bronco, porque era um palhaço, e uma caricatura. Tudo bem, tudo certo, não estamos propriamente à espera que o grande grosso dos adeptos do futebol sejam tipos licenciados, e com capacidade de discernimento. Afinal de contas pagam bilhete para ir ver algo para o qual foram formatados, o futebol.
Curiosamente neste mesmo fim de semana tivemos também o Cristina Talks.
Aqui, temos público tão diversificado como no futebol, mas teremos certamente muita gente licenciada, muita gente esclarecida e poucas que tenham ido com um pacote de 5 litros de Pias, tinto, debaixo do braço. No entanto, e sendo a imagem do adepto benfiquista bastante caricata, e até vergonhosa, pois reflete aquilo que realmente importa ao orgulhoso Tuga, consegui sentir muito mais vergonha alheia, observando o público do Cristina Talks, do que com a foto do tal senhor.
Isto porque tudo o que envolve todo aquele evento é mau demais, é farsola, é vígaro, cheira a esturro.
A cena tão falada, dos sapatos Louboutin, mostra que por mais dinheiro, influência, poder e estatuto que alguém possa ter, uma labrega será sempre uma labrega. Desde o ridículo do choro no carro, até à imagem da Nossa Senhora dentro dos sapatos, até ao esfregar na cara da populaça que nem todos poderão comprar uns sapatos daqueles, tudo foi a encenação mais grotesca e nauseabunda dos últimos tempos. E é isto que me indigna, é existir uma parola que vomita alarvidades, e que ainda assim tem uma legião de seguidores que lhe gritam "Amém". Seguidores esses, arrogantes, que seriam até capazes de criticar o adepto alcoólico do Benfica, pela cena que nos apresenta, ou os crentes dum qualquer culto religioso, não percebendo eles que se estão também a envolver em algo que, para já, não tem nada de religioso, mas que tem todas as características destes cultos.
Temos, portanto, uma alma iluminada, bafejada pela luz de uma Nossa Senhora que tanto lhe aparece na parte de trás de uma saia, como enfiada no chulé do seu salto agulha. Temos frases feitas, desprovidas de conteúdo sério, mas que dependendo da forma como são transmitidas passam a fazer todo o sentido para a grande generalidade dos receptores que estão naquela sala, e que estão predispostos a levar com uma banhada de aldrabice, afinal de contas até pagaram para ali estar.
Circula pela internet essa desconfiança de que Cristina Ferreira quer iniciar uma seita.
Se pararmos para pensar verificamos que a desconfiança até nem é descabida, pois se a mulher tem sede de poder, percebeu que por muitos anos que passem depois das aparições de Fátima, o português continua a acreditar em histórias da carochinha, e vai de lhe dar uma nova roupagem e uma nova messias. Ainda para mais, a apresentadora/coach/empresária/thechosenone, vê o exemplo do bispo Edir Macedo, que iniciou um culto numa pequena agência funerária desactivada, e que hoje é a enorme e poderosa Igreja Universal do Reino de Deus, e se um aldrabão vingou, porque não poderá vingar outro agora também, até tem a coisa facilitada, porque os crentes agora parecem ser ainda mais estúpidos do que eram dantes.
Mas pronto, não vou bater mais no ceguinho, até porque pelo andar da carruagem a próxima coisa que a Tininha poderá fazer, será curar um ceguinho em palco, e eu não lhe quero poupar trabalho a procurar um.