Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

18
Jan23

Maravilha de públicuzinho


Pacotinhos de Noção

yhdfhdd.JPEG

Hoje pisei trampa de cão. Fiquei contente por levar o meu calçado fatela e não os Louboutin, de 490 €, que dão à luz "as nossas Senhoras". Estes custaram uns 40 €, e o máximo que de dentro já lhes saiu foram bocados de cotão. Certa vez um pedaço pareceu-me ser Moisés, ou S.José, com uma farta barba, mas não, afinal continuava a ser cotão.

Hoje não quero cortar na casaca da Cristina Ferreira, até porque tendo em consideração o tamanho do Plus Size que usou, no Cristina Talks, tinha casaca para cortar até 2025, e parecendo que não, tenho outras coisas para fazer.

No Benfica - Sporting do fim de semana que passou, fotografaram um adepto benfiquista com um pacote de 5 litros de vinho debaixo do braço. A foto viralizou, porque era um bimbo, bêbedo, barrigudo, porque era um bronco, porque era um palhaço, e uma caricatura. Tudo bem, tudo certo, não estamos propriamente à espera que o grande grosso dos adeptos do futebol sejam tipos licenciados, e com capacidade de discernimento. Afinal de contas pagam bilhete para ir ver algo para o qual foram formatados, o futebol.

Curiosamente neste mesmo fim de semana tivemos também o Cristina Talks.

Aqui, temos público tão diversificado como no futebol, mas teremos certamente muita gente licenciada, muita gente esclarecida e poucas que tenham ido com um pacote de 5 litros de Pias, tinto, debaixo do braço. No entanto, e sendo a imagem do adepto benfiquista bastante caricata, e até vergonhosa, pois reflete aquilo que realmente importa ao orgulhoso Tuga, consegui sentir muito mais vergonha alheia, observando o público do Cristina Talks, do que com a foto do tal senhor.

Isto porque tudo o que envolve todo aquele evento é mau demais, é farsola, é vígaro, cheira a esturro.

A cena tão falada, dos sapatos Louboutin, mostra que por mais dinheiro, influência, poder e estatuto que alguém possa ter, uma labrega será sempre uma labrega. Desde o ridículo do choro no carro, até à imagem da Nossa Senhora dentro dos sapatos, até ao esfregar na cara da populaça que nem todos poderão comprar uns sapatos daqueles, tudo foi a encenação mais grotesca e nauseabunda dos últimos tempos. E é isto que me indigna, é existir uma parola que vomita alarvidades, e que ainda assim tem uma legião de seguidores que lhe gritam "Amém". Seguidores esses, arrogantes, que seriam até capazes de criticar o adepto alcoólico do Benfica, pela cena que nos apresenta, ou os crentes dum qualquer culto religioso, não percebendo eles que se estão também a envolver em algo que, para já, não tem nada de religioso, mas que tem todas as características destes cultos.

Temos, portanto, uma alma iluminada, bafejada pela luz de uma Nossa Senhora que tanto lhe aparece na parte de trás de uma saia, como enfiada no chulé do seu salto agulha. Temos frases feitas, desprovidas de conteúdo sério, mas que dependendo da forma como são transmitidas passam a fazer todo o sentido para a grande generalidade dos receptores que estão naquela sala, e que estão predispostos a levar com uma banhada de aldrabice, afinal de contas até pagaram para ali estar.

Circula pela internet essa desconfiança de que Cristina Ferreira quer iniciar uma seita.

Se pararmos para pensar verificamos que a desconfiança até nem é descabida, pois se a mulher tem sede de poder, percebeu que por muitos anos que passem depois das aparições de Fátima, o português continua a acreditar em histórias da carochinha, e vai de lhe dar uma nova roupagem e uma nova messias. Ainda para mais, a apresentadora/coach/empresária/thechosenone, vê o exemplo do bispo Edir Macedo, que iniciou um culto numa pequena agência funerária desactivada, e que hoje é a enorme e poderosa Igreja Universal do Reino de Deus, e se um aldrabão vingou, porque não poderá vingar outro agora também, até tem a coisa facilitada, porque os crentes agora parecem ser ainda mais estúpidos do que eram dantes.

Mas pronto, não vou bater mais no ceguinho, até porque pelo andar da carruagem a próxima coisa que a Tininha poderá fazer, será curar um ceguinho em palco, e eu não lhe quero poupar trabalho a procurar um.

17
Nov21

Em Portugal faz-se mais "cock" se pensa


Pacotinhos de Noção

png_20211117_020605_0000.png

Trevor Noah, apresentador do "The Daily Show", ousou fazer uma piada com Portugal. Nem sabe bem com quem se veio meter.

Vou citar o jornal "O Público" que escreveu:

"O apresentador do The Daily Show brincou com uma lei laboral portuguesa e insinuou que uma quebra na produção nacional em nada influenciaria o resto do mundo. Mas os utilizadores do Twitter não se ficaram: pastéis de nata, cortiça, vinho e “caralhos” das Caldas foram apenas alguns exemplos."

Neste excerto vemos que o português produz algumas coisas mas aquela que mais produz está explícita mas não referenciada e que é a grande capacidade de produzirem ondas de indignação.

Gerou-se uma grande onda de indignação para com Trevor Noah por ter afirmado que Portugal não produzia nada que fosse de relevo, mas isto mostra a ignorância e falta de informação do apresentador e é por isso que o título tem lá um "cock", que em inglês não é, nada mais, nada menos, do que pila, pila essa que a alguém há-de chamar a atenção e que poderá gerar também uma onda de indignação... Vá, uma onda não vai gerar porque não tenho tanta expansão, mas pode gerar uns tremeliques neste mar de indignados. E é isto mesmo que o nosso país lusitano se habituou a produzir. Chatos, indignados, pessoas que para mais nada servem do que "chagar" a cabeça a coitados como o Trevor Noah, que ignorava esta nossa faceta, e temendo a indignação dos portugueses, para se redimir já veio a público dizer... Nada. Rigorosamente nada, porque por mais que o povo português viva na ilusão de que apita alguma coisa, e goste de fazer barulho, este é um barulho tão pequenininho que do outro lado do oceano ninguém vai ligar.

A força dos portugueses de cancelarem alguém resume-se a alguém que esteja dentro dos limites do nosso quintal e que não tenha as "balls" no sítio para mandar o pessoal mandar uma volta ao bilhar grande.

Acabo quase sempre por voltar ao mesmo, mas estamos transformados num país que é um pãozinho sem sal, ou uma água de salsicha, como dizem os brasileiros (que nestas definições são bem melhores que nós), e que define bem pois a água de salsicha não tempera, não serve de alimento e não é para aproveitar. Está lá apenas para manter a salsicha e para encher a lata.

Este fenómeno não é só nosso. Esta mariquice do pensar 50 vezes antes de falar, não com medo de dizer algo que não deva, mas antes com medo de dizer algo assertivo que possa raspar, mesmo que minimamente, a falsa dignidade de alguém, está a acontecer um pouco pelo Mundo todo, mas quando ao resto do Mundo pouco me ralo, porque é aqui que eu vivo.

Tenho que ser sincero, acho uma certa piada quando alguém lá de fora nos aponta a nossa pequenez. Não porque goste da nossa mediocridade, mas porque acho piada a tantas notícias, quer na televisão, quer nos jornais, com o melhor bolo de chocolate do Mundo, as melhores empresas Unicórnios e aposto até que todos vós já viram coisas como "Estas são as melhores praias do Mundo e Portugal tem duas na lista", mas depois, na prática somos aqueles pequeninos de sempre que nos queremos montar nas cavalitas do Cristiano Ronaldo para mostrar o quão magnífico são os descendentes do Afonso, que no meio de tantas conquistas só nos orgulhamos que tenha batido na mãe, quando aquela característica diferenciadora do CR7, que todos os treinadores lhe apontam, é uma que falta à grande generalidade dos portugueses. O empenho e o foco do jogador na parte chata que é o treino, sendo o primeiro a chegar e o último a sair porque quer treinar sempre mais e mais, não porque goste, mas porque é o seu trabalho e quer continuar a tentar ser o melhor... Ora se aqui na velha Portugália, uma Maria Mijona que tire fotocópias não despeja um caixote de lixo porque não faz parte das suas funções, como é que podemos dizer que Portugal produz Cristianos Ronaldos?

Produz mas é o caraças.

Produzimos a indignação que mostramos quando nos criticam, produzimos barulho quando nos queixamos e produzimos calo no rabo, como os babuínos, por estarmos sempre alapados à espera que as coisas se produzam sozinhas e com qualidade.

30
Abr21

Snobismo Intelectual


Pacotinhos de Noção

Polish_20210430_223752619.jpg

Atentando ao título deste post quem lê poderá rapidamente pensar que vou falar deste e doutro indivíduo que sendo capacitado de intelecto superior menosprezará os infelizes que não são intelectualmente tão desenvolvidos. Mas não. Este mesmo título sofre também de algum snobismo e soberba porque poderia facilmente, posso até afirmar, ser traduzido para "Os Chicos-Espertos que acham que sabem mais que os outros mas são uns verbos de encher que até faz arrepiar os pêlos da nuca". Escolhi o outro apenas por uma questão de métrica.

Quem é que conhece aquela pessoa que da noite para o dia começou a ser um profundo conhecedor de vinhos, que não distingue um Dão do carrascão mas que faz toda uma dança contemporânea com o copo... Perdão, com o balão (quem bebe vinho em copo são os bêbedos de taberna) e que avalia a qualidade do vinho consoante o preço da garrafa. Pode até estar a beber mijo de burra, mas se custa 30€ a garrafa, então é bom. Pratica o snobismo intelectual quando convive com alguém que não aprecia o néctar e o tenta converter porque "se não gostas é porque não provaste os adequados, que só te deram vinhos baratos, que beber um bom vinho não é beber vinho, é uma experiência."

A apetência para os vinhos assim como rapidamente aparece, também rapidamente desaparece. É substituída pelo sushi, pela carne maturada, pelos charutos, por pastelaria fina, por chás, cafés do sul da Cochinchina torrados nas costas dum hipopótamo albino...

Mas não se resume a bebericagem e gastronomia.

Temos aqueles para quem viajar é tão essencial como respirar. Aqueles que nos fizeram o favor de continuar a viajar quando já existia uma pandemia, ajudando a uma propagação mais rápida.

Defendem que quem não viaja não vive. Não interessa muito se ficaste a conhecer bem o sítio para onde foste, até porque és turista de pé descalço e convém não visitar muita coisa porque nalguns lugares é a pagar. O que conta é acumular horas de voo e meter as fotos no Instagram. Os outros vão ver e com certeza vão-se sentir burros porque não conseguiram fingir que entortaram a Torre de Pisa. A história e a cultura do país interessa pouco, mas a "Coca-Cola lá sabe ao mesmo" e "inglês não é com eles", "Mas se um dia lá conseguires ir, depois vês como é."

Livros... Se gosto de livros? Gosto. São filmes realizados por mim no cinema mais exclusivo que existe, a minha cabeça, e ajudam tanta e tanta gente a relaxar. Há-de ser por esse motivo que tantos lêem na casa de banho e este é um dos motivos porque raramente empresto ou peço livros emprestados. Gosto de livros agora MORRER SE NÃO LER UM LIVRO. Só se for o livro de instruções de um colete salva-vidas e estiver em pleno naufrágio.

Desconfio logo quando me dizem que "neste momento estou a ler dois livros".

Dois livros? Sempre ouvi dizer que quem muito burros toca, algum fica para trás, e regra geral é isso que acontece A não ser que tenham realmente uma grande capacidade de separar as histórias ou estão a ler enviesado, apenas para fazer número. Na escola li ao mesmo tempo "Os Maias" e o "Viagens na minha Terra". Um escrito pelo Almeida de Queiroz e o outro pelo Eça Garrett. Já não sei quem é que se envolve com a Joaninha, se é o Carlos, o Carlos da Maia ou a Eduarda e se o Ramalhete fica em Lisboa, Santarém ou no Alandroal... Estou confuso. Mas isto sou eu que sou burro. Há quem leia vários livros ao mesmo tempo e que saiba tudo sobre tudo.

A piada destes snobes intelectuais é que não enganam ninguém. Como são tão desenvolvidos intelectualmente depois não lhes sobra espaço para o senso comum e conseguem dizer alarvidades em catadupa.

Nas redes sociais, e em canais televisivos, temos alguns exemplos que personificam perfeitamente o tipo de pessoas de que falo.

Diogo Faro, Margarida Rebelo Pinto, Raquel Varela, Joana Latino são pessoas que até se enquadram bem naquilo que quero dizer. Sei que há quem concorde e quem discorde, aquilo que aqui deixo é apenas a minha opinião e só o faço porque merecem ser castigados por me fazer sentir tão mal comigo mesmo. Sinto-me intelectualmente inferior e quem ler isto com atenção vai percebê-lo facilmente. Afinal de contas faço pelo menos três vezes, referências a burros... Deve ser o meu subconsciente a mandar-me meter no meu lugar.

 

Mais sobre mim

foto do autor

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Arquivo

  1. 2023
  2. J
  3. F
  4. M
  5. A
  6. M
  7. J
  8. J
  9. A
  10. S
  11. O
  12. N
  13. D
  14. 2022
  15. J
  16. F
  17. M
  18. A
  19. M
  20. J
  21. J
  22. A
  23. S
  24. O
  25. N
  26. D
  27. 2021
  28. J
  29. F
  30. M
  31. A
  32. M
  33. J
  34. J
  35. A
  36. S
  37. O
  38. N
  39. D