Seis meses de carne para canhão
Pacotinhos de Noção
Temos visto nas notícias que passaram seis meses desde o início da guerra na Ucrânia.
Uma guerra, que não é guerra, nem sequer invasão. É apenas a desnazificação de um país, ordenada por alguém que parece seguir à letra todos os compêndios que ensinam como desnazificar, sendo nazi.
Mas no meio desta tragédia não vou falar de motivos, de Putin, das estratégias, do marketing e da propaganda... Vou antes falar do quão confortável se transformou uma frase, que é cada vez mais usual, e que faz com que se me enricem os pêlos da nuca.
Tem muitas variantes, mas o núcleo da questão é o mesmo:
- "Se a Ucrânia perder esta guerra, todo o ocidente sai derrotado."
ou
- "A Ucrânia não se defende só a ela, defende todo o Ocidente."
A génese é: - quem é invadida, bombardeada, saqueada, com militares, cidadãos e crianças mortas, é a Ucrânia, para que depois, no final, caso ganhem, todo um ocidente festeje, e caso não ganhe, todo um ocidente se sinta derrotado, porque, no final das contas, a Ucrânia não conseguiu fazer mais.
A pergunta que fica no ar, e que sei que não é fácil de fazer, porque a resposta não é agradável em nenhuma das suas formas, é: - SE O OCIDENTE SE SENTE TÃO AMEAÇADO, PORQUE RAIOS E QUE NÃO FAZ UMA INTERVENÇÃO MUSCULADA?-
Dir-me-ão que tal não pode acontecer porque legitimavam a que Putin pudesse atacar outros países, mas se o receio é precisamente o de que o anão russo domine a Ucrânia, e que siga depois com os seus intentos mais para ocidente, então não se deveria tentar travar este lunático o quanto antes?
Poderão argumentar que o ocidente ajuda a Ucrânia com equipamentos militares, e até treino especializado, mas a verdade é o povo ser quem realmente sofre.
Enquanto se vão fazendo jogadas políticas, com Guterres, Von der Leyen, e outras figuras importantes, fazendo as suas viagens turísticas a Odessa, ou Zelensky e a esposa a serem capa da Vogue, num marketing quase pornográfico, a população sofre e vai servindo como escudo humano, para fazer as tropas russas perderem tempo e força, dando assim alguma hipótese aos militares ucranianos.
Bem sei que definir que o ocidente deveria entrar no conflito, seria quase que abrir portões a uma Terceira Guerra Mundial, coisa que quase ninguém quer. Digo quase porque há malucos para tudo, e também porque a guerra dá muito dinheiro a ganhar, mas nós, o típico cidadão comum, não quer certamente um conflito mundial, e não é com esse intuito que escrevo estas palavras. Aquilo que penso, e acho que se devia parar de fazer, era esta demagogia barata, esta tentativa de frases motivacionais e de citações de Facebook.
A Ucrânia não defende o ocidente. Estão a defender-se a si, e aos seus, e não precisa que lhes sejam colocados nos ombros responsabilidades que em nada ajudam na luta que travam.
O povo ucraniano borrifa-se se a Finlândia, a Suécia ou a Polónia estão em risco. Não por egoísmo ou por qualquer tipo de maldade, mas sim porque não querem, nem podem querer, saber dessas minudências, já que lutam para conseguir viver, para não verem morrer os seus habitantes.
Enquanto isso o ocidente afirma que esta luta, já tão desigual, precisa de ser mais desigual ainda, porque às costas da Ucrânia encavalita-se toda uma Europa, todo um E.U.A. e toda uma N.A.T.O.
A única imagem que agora me surge do ocidente, é o de um tipo javardo, todo sujo, com a sua camisola de cava, sentado, todo suado, na sua poltrona surrada, em frente à sua televisão, vendo um conflito em directo, e afirmando que com a sua força, os ucranianos hão-de conseguir vencer, mas quando de repente tocam à porta, o bezerro sudorífero, nem levanta os glúteos da poltrona, porque lhe dará muito trabalho. Prefere gritar por alguém, para ir à porta por ele.
Deixem-se de "nós isto, nós aquilo". São eles que combatem, são eles que morrem, serão eles que, na pior das hipóteses perderão, são eles que na menos má das hipóteses ganharão. O ocidente que se preocupe em perceber que existe mais para além do seu próprio umbigo, e que mesmo esse, que está ali tão perto, merece uma limpeza profunda, para tirar camadas e camadas de cotão.