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Pacotinhos de Noção

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

A noção devia ser como o açúcar e vir em pacotinhos, para todos tomarmos um pouco...

Pacotinhos de Noção

24
Mai23

Tenham alguma empatia com este texto


Pacotinhos de Noção

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Parem de dizer que caminhamos para o abismo. Na verdade, já estamos em queda livre, e, ou temos um paraquedas que no salve, ou acabaremos esborrachados lá em baixo.

Faço esta analogia querendo referir-me ao pouco caso que fazemos do próximo.

Não interessa se o próximo é um vizinho, um amigo, um familiar, ou apenas alguém que passa por nós na rua.

Há o costume de dizerem que nos transformamos em pessoas mais fechadas, mais metidas connosco mesmos, mas não concordo. Acho apenas que estão todos muito mais egoístas e que não querem saber de nada nem de ninguém, a não ser deles próprios, e sim, “se eu não gostar de mim, quem gostará”, mas se só tu, gostares de ti, a partir de determinada altura a resposta será ninguém, e um dia mais tarde, nem tu mesmo gostarás de ti.

O "Pacotinhos de Noção" é uma página que critica, aponta erros e defeitos. Ocasionalmente também tem um ou outro artigo elogioso, mas a verdade é que não foi criado nesse sentido. 

Com o passar dos tempos fui observando e tomando consciência de como o ser humano consegue ser odioso. 

Trata mal as pessoas, é badalhoco, julga que é o melhor e ainda tem pretensões de ser o dono da razão. Infelizmente, e talvez porque ainda não me insira tanto na classe destes odiosos, não tenho nem coragem, nem vontade, de entrar no bate boca com alguém que, no meu local de trabalho, por exemplo, tem comportamentos que só lhe ficam mal, mas, como vou acumulando todas as situações que acontecem, escrevo-as e tenho conteúdo para a página. É uma forma de escape como outra qualquer. Uns fazem um desporto de combate, outros jogam ténis, os importantes jogam golfe, e eu escrevo o Pacotinhos.

A fonte de inspiração é inesgotável, e tem jorrado cada vez com mais força.

Durante uns tempos andámos todos "paz e amor", porque havia uma pandemia. Batíamos palmas às janelas, fazíamos serenatas na varanda, agradecíamos aos que no meio da pandemia iam trabalhar todos os dias para nos servir, e andávamos com uns arco-íris a dizer que "Vai ficar tudo bem". Individualidades que percebem muito de sociologia, afirmavam que depois do período de dois anos de confinamentos e de consecutivas vagas, iríamos ter um período em que as pessoas iriam ficar sedentas de contacto, de toque, de proximidade... E tinham razão, mas talvez não do modo como imaginavam. Tem sido comum vermos vídeos de pessoal à batatada, mulheres aos puxões de cabelo numa bomba de gasolina, há notícias de facadas a torto e a direito.

E não é um fenómeno apenas de uma faixa etária, consideremos como "adulta". Quem tiver contacto com malta mais nova, julgo que não me irá desmentir, quando afirmo que afinal não são a geração mais bem preparada de sempre, e sim a geração mais desligada de sempre. Conheço uma família em que perderam o avô/pai. Membro inserido no seio familiar, que podemos até considerar pilar estrutural, mas que, na altura da sua morte, os netos, e um dos filhos, reagiram como se fosse só mais um Domingo de manhã, mas em que neste havia a maçada de ter que ir à missa. Tipos que cheguei a ver chorar a morte de gatos que tinham, mas que não verteram uma lágrima por aquele ente, que se julgava querido.

Aquilo que nos faz falta é a velha e boa empatia. Embora ensinar na escola?!

Se calhar não dá, ou se calhar não chega.

Tenho a opinião de que a empatia é uma construção sociológica utópica, assim como o é a sororidade, por exemplo. Ainda ontem comentava que actualmente, se uma velhota cair na rua, vai haver gente a rir, gente a filmar, gente a criticar o buraco, ou o degrau mal colocado, mas enquanto tudo isto acontece, a velhota continua no chão. Pareço, eu mesmo, um velhote a falar, mas dantes não era assim. Alguém ia logo ajudar a velhota

Culpados?

Pais, escolas, redes sociais.

 

 Pais - porque se demitem da educação e do afecto que deveriam dar aos filhos, tornando-os em seres sem formação e sem capacidade, ou interesse, em lidar com sentimentos.

Podem vir dizer-me que é falta de tempo, devido ao trabalho, que a sociedade opressora os obriga hoje a trabalhar mais do que se trabalhava antes. Tretas. O desinteresse, que muita gente tem pelos filhos, vê-se claramente num qualquer restaurante, ou esplanada, em que, num momento que está a ser passado em família, não ligam nenhuma aos filhos. Não dão um carinho, não dão um afecto, nada. Como vai uma criança aprender a amar, se o mestre que lhe deveria ensinar, é o primeiro a quem se deveriam meter as orelhas de burro?

 

Escola - as escolas hoje são depósitos de crianças. Funcionários e professores não estão lá para ensinar, nem para dar o exemplo. Os professores, mesmo que queiram, têm um programa que, basicamente, diz-lhes: "Não se metam em problemas. Chegando ao fim, é passar a canalha toda de ano, para na Europa termos números que nos consigam pôr depois um António Costa, ou um Galamba, num lugar de destaque".

É assim criado um facilitismo que dá a sensação ao aluno que não se tem que esforçar para nada, nem sequer para respeitar quem lhe tenta ensinar algo.

Por fim, 

 

Redes Sociais - as redes sociais são covis de futilidade, de mentira, de exposição de um EU transformista, que em nada tem que ver com aquilo que a pessoa realmente é.

Importa ter gostos, importa ter parcerias, importa causar impacto, e o melhor amigo passa a ser o smartphone que serve de portal para todas umas vidas que não existem, mas que parecem sempre ser uma perfeição.

Estas plataformas sugam de tal forma a atenção de alguém, que quando há uma falha, numa delas, os suores frios começam a surgir, porque não se tem acesso ao mundo fictício que se criou, e porque se começa a gerar o medo de que de pode ter que interagir com um ser real, que poderá até, se ainda o souber fazer, conversar com ele.

Este é daqueles textos que acaba sem uma conclusão, porque a mesma não existe. Vamos continuar a apodrecer e, acredito que, dificilmente este seja um processo que seja possível interromper.

Até lá, olha, é tentarmos não nos corromper com essa falta de empatia, de simpatia e de capacidade de nos colocarmos, verdadeiramente, no lugar do outro.

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