Uma questão de educação
Pacotinhos de Noção
O ser humano é estúpido. E pronto é só isto.
Resumidamente é isto mas de verdades de La Palisse está o Mundo cheio, por isso convém contextualizar.
Já desde miúdo que desenvolvi um demasiado forte sentido crítico. Não encaro esta característica como uma virtude e sim como um defeito. É mais forte do que eu e julgo que mais cedo ou mais tarde desenvolverei uma úlcera nervosa, tal mexem comigo situações do dia-a-dia.
A falta de educação está cada vez mais generalizada e com esta história da pandemia parece que se tornou ainda mais forte. No meu entender "o novo normal" de que tantos falam é só um normalizar da anormalidade que já antes existia mas que muitos tentavam esconder. Agora nem vale a pena porque "amanhã posso ter que ficar em casa", ou "a vida são dois dias e o isolamento são 14", por isso é preciso ser-se uma trampa nos dois dias em que se anda à solta.
Tenho visto de tudo e nem tudo se justifica com o vírus do COVID. Desde uma javarda que no supermercado tira a máscara para falar ao telefone e ao mesmo tempo espirra para cima dos artigos nas prateleiras, desde clientes que insultam quem está num balcão porque, por exemplo não admite ter que fazer pré-pagamento, e até a empregados de balcão que atendem mal clientes porque onde se estava bem era no "lay-off".
A tantas vezes proclamada República das Bananas ainda não foi proclamada, mas aquilo que mais vejo são macacos tontinhos e egoístas que querem muito ser vacinados porque as férias deles são mais importantes que tudo. Mais uma vez repito, esta não é uma questão que se prenda com a pandemia. O vírus foi o que deu o mote para que a vergonha, que já pouco existia, fosse completamente eliminada.
Reparem por exemplo nas questões dos testes rápidos nos restaurantes. Testes que eram cobrados a 5€, agora passaram a valer três, quatro ou cinco vezes mais, e muitas das vezes são as próprias farmácias a cobrarem estes valores. Já tínhamos visto situações semelhantes aquando da escassez de máscaras e álcool gel, e a coisa torna a repetir-se. Faz-me um pouco de confusão que existam autoridades de regulamentação para tanta e tanta coisa, e nestes casos não. Mas por um lado percebo bem porquê, o IVA de 20€ é muito mais apetecível do que o IVA de 5.
Posso ir contra a corrente e falar também nos médicos e enfermeiros do SNS, por exemplo. Estão a ser catalogados como heróis e era assim que deviam ser vistos, caso aquilo que fazem fosse altruísta. Mas a verdade é que hoje existem mais pessoas a morrer por causa de outras enfermidades do que de COVID, e é mais fácil ganhar um prémio bom no Euromilhões do que conseguir consulta num centro de saúde, porque todos os esforços são canalizados para a vacinação. Não porque se queira acabar rápido com o bicho, mas porque horas a vacinar são horas extraordinárias.
Todo o quadro de beleza, entreajuda, compreensão, apoio ao próximo e altruísmo, aos poucos e poucos vai-se transformando num feio quadro de naturezas mortas mas em que o que é retratado não são frutas ou flores. É uma humanidade podre e decadente que poderia ser colocada bem no centro da Idade Média e que não ficaria a dever em nada, aos "grunhos" que por lá viveram.
Será toda a gente assim?
Não, não será. Mas aqueles que não o são sentem-se sozinhos, desesperados e desamparados, porque a sociedade onde vivem, e da qual fazem parte, está apoiada em alicerces tortos e instáveis e sentem que nada podem fazer porque são uma minoria que se vê abafada pelos urros e gritos de uma imensa maioria cuja principal preocupação é a de se agora no Verão podem ou não beber umas "jolas" na esplanada, ou ir passar o fim-de-semana ao Algarve.
Se não fosse o egoísmo e falta de educação, não só cá mas no Mundo inteiro, não estaríamos dois, de não se sabe quantos anos mais, a sofrer. Basta colocar os olhos na Islândia.
Quem argumentar que a Islândia tem pouca população... Também os Açores e a Madeira.